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Os fatores que aumentam o risco de demência em quem tem diabetes

Histórico de doença cardiovascular e baixa escolaridade são alguns dos motivos que favorecem problemas cognitivos nesses pacientes, diz estudo

Por Fabiana Schiavon
6 dez 2022, 16h02
risco de alzheimer
Pesquisadores investigaram qual o perfil de paciente com diabetes que tem maior risco de apresentar declínio cognitivo. (Foto: Robina Weermeijer/Unsplash/Divulgação)
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A relação entre o diabetes tipo 2 e o aumento no risco de demência já é conhecida, mas os motivos para isso ainda não estão totalmente claros. Recentemente, pesquisadores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) avaliaram indivíduos com diabetes para tentar desvendar quais outras características contribuem para o surgimento de problemas cognitivos.

Para isso, os especialistas recrutaram 400 pacientes em um hospital local. Aqueles com queixas prévias de declínio cognitivo ou que haviam sofrido um AVC foram excluídos da pesquisa. Com isso, a análise ficou restrita a 251 homens e mulheres, com idade média de 61 anos, e que tratavam o diabetes há mais ou menos 12 anos. Todos fizeram exames e testes. O acompanhamento aconteceu de setembro de 2017 a dezembro de 2020.

Após 18 meses, os voluntários passaram por uma nova bateria de avaliações, e o declínio cognitivo foi identificado em 14% deles. A partir daí, os experts cruzaram vários dados.

Com isso, identificaram fatores capazes de atrapalhar as funções cognitivas dos indivíduos com diabetes. Entre eles, estão: ter idade superior a 65 anos, escolaridade menor que seis anos e presença de algumas outras doenças, como hipertensão arterial, problemas cardiovasculares associados ao diabetes, sintomas de depressão e retinopatia diabética (lesão na retina). Maus hábitos também se relacionaram a danos na cognição, como o tabagismo e o sedentarismo.

+ Leia também: Diabetes e Alzheimer: um motivo para evitar os altos e baixos da glicose

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“Já sabemos que ter diabetes dobra o risco de demência, mas a ideia era descobrir quem, dentro desse grupo de pacientes, teria mais probabilidade de enfrentar o declínio cognitivo”, explica a endocrinologista Ana Cristina Ravazzani de Almeida Faria, professora da PUCPR e uma das autoras do estudo, que foi publicado na revista científica internacional Diabetology & Metabolic Syndrome.

O trabalho ainda mostrou que, quanto mais tempo convivendo com o diabetes, maior é o risco de abalos cognitivos. “Pessoas com mais de dez anos de diabetes já apresentavam um desempenho diferente nos testes em comparação aos que tinham menos tempo de doença”, resume Ana Cristina.

O que deve mudar a partir desses dados?

A demência se instala de forma silenciosa, e os indivíduos com diabetes são pouco acompanhados nesse sentido, avalia a professora da PUCPR.

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“O paciente e os familiares demoram para perceber a perda da cognição. O médico precisa fazer testes antes que o quadro fique mais grave”, defende Ana Cristina. Só que esse acompanhamento é falho tanto na rede privada como na pública.

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Mas o ideal mesmo é, claro, agir muito antes: na prevenção do próprio diabetes. “Quem tem tendência genética à doença precisa cuidar da saúde e manter bons hábitos para ao menos atrasar o diagnóstico o quanto puder”, diz a professora.

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Cabe lembrar que boa parte dos casos de diabetes do tipo 2 está ligada à obesidade. Daí a importância de evitar o ganho excessivo de peso. Nesse sentido, hábitos como alimentação equilibrada e prática de exercícios são grandes aliados.

Para blindar o cérebro, vale investir em esportes e atividades que trabalhem a mente. “Jogar xadrez e aprender um novo idioma são bons exemplos de como exercitar o raciocínio”, aponta Ana Cristina.

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