Uma pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) traz dados alarmantes sobre o desconhecimento da população em relação aos fatores de risco para o coração.
Apenas 8% mencionaram que o diabetes sem controle pode fazer mal ao “amigo do peito”; 11% citaram o colesterol elevado; outros 11% a obesidade e também a hipertensão; 12% apontaram a falta de atividade física e 13% a alimentação não saudável como condições que podem levar a um infarto ou um acidente vascular cerebral, por exemplo.
Nenhum fator de risco chegou nem nos 15%, o que preocupou demais os cardiologistas e professionais de saúde, como nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas, enfermeiros, farmacologistas, psicólogos, dentistas e assistentes sociais, que trabalham conosco para ampliar a conscientização sobre as doenças cardiovasculares.
O levantamento foi feito com 2.764 entrevistados na capital paulista e em cidades do interior de São Paulo.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsAppCerca de 30% das mortes no país são causadas por essas condições, levando a cerca de 400 mil óbitos todos os anos e boa parte delas, uma vez instaladas, não têm cura, apenas podem ser controladas com tratamentos, que incluem medicamentos e mudança no estilo de vida.
No recente 44º Congresso da Socesp, que terminou em 1º de junho, debatemos intensamente estratégias para ampliar o conhecimento e permitir que as pessoas possam atuar mais e melhor na prevenção dos fatores de risco modificáveis.
O que podemos (e o que não podemos) mudar para proteger o coração
Os fatore de risco modificáveis são amplamente conhecidos pela ciência, como estresse excessivo, sedentarismo, tabagismo, obesidade, colesterol elevado, diabetes e hipertensão sem controle e, mais recentemente, a qualidade do sono, que foi incluída nas diretrizes de cardiologia.
Ao contrário das doenças cardíacas, algumas destas condições são reversíveis para a maioria das pessoas.
+ Leia também: Dormir bem entra na lista das oito medidas para um coração saudável
Outros fatores não podem ser modificados, mas também agem contra a saúde cardiovascular. São eles:
- Envelhecimento;
- Gênero: homens têm mais predisposição e mulheres maior possibilidade de doenças do coração depois da menopausa;
- Histórico familiar;
- Etnia: pessoas negras têm risco aumentado de doenças cardíaca;
- Genética: por condições como a hipercolesterolemia familiar, que pode provocar infartos muito precoces;
- Condições específicas de saúde pré-existentes, como doenças cardiovasculares anteriores e doenças autoimunes.
A medicina tem avançado a passos rápidos e muito pode ser feito para atuar nos fatores modificáveis e atenuar os não modificáveis. O caminho para reverter fatalidades de origem cardiovascular é justamente eliminar ou controlar esses fatores, que, por si só, já comprometem a qualidade de vida.
No Dia Estadual do Coração, 29 de junho, que foi instituído pela Assembleia Legislativa de São Paulo por ser a data de fundação da Socesp, lembramos que a fórmula para evitar ou postergar as doenças do coração e viver mais é simples e conhecida:
- Controlar o diabetes, a hipertensão e o colesterol elevado;
- Para evitar essa tríade, praticar atividade física com muita regularidade, no mínimo cinco vezes por semana e 30 minutos/dia;
- Ter uma alimentação saudável com base em frutas, verduras e legumes, evitando comida industrializada e fast food, desembalando menos e descascando mais;
- Cuidar do peso, evitando o sobrepeso e a obesidade;
- Deixar o tabaco, para aqueles que fumam;
- Cuidar do sono, procurando ajuda se estiver tendo problemas ao dormir;
- Manejar o estresse, talvez com atividades relacionadas a espiritualidade, que vai além da religiosidade.
- Como no título do livro do poeta Carlos Drummond de Andrade, “Amar se Aprende Amando”, ame o seu coração.
Seguindo por esses caminhos você irá tratar bem dele, com amor.
* Maria Cristina Izar é cardiologista, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – Socesp (biênio 2024/2025) e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).