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Maior mortalidade materna tem relação com pré-natal inadequado

Especialista destaca importância de fortalecer a assistência às gestantes e puérperas no país

Por João Abreu, cofundador e diretor-executivo da ImpulsoGov*
17 jul 2024, 09h09
gravidez-pre-eclampsia
Mortalidade materna também é marcada por desigualdades raciais e socioeconômicas (DCStudio/Freepik/Reprodução)
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Um levantamento que realizamos na ImpulsoGov, ONG que faz uso inteligente de dados para aprimorar o SUS, mostra que foram registradas 2.617 mortes maternas (durante a gestação ou até 42 dias depois dela) nos últimos dois anos no Brasil. Isso representa uma taxa de 51,6 mortes a cada 100 mil nascidos vivos.

Entre os principais grupos de causas registradas para essas mortes, destacaram-se complicações relacionadas ao parto e puerpério (42,8%) e doenças hipertensivas (20,9%).

A mortalidade materna é um dos indicadores mais críticos da qualidade dos serviços de saúde pública. Não à toa, paralelamente, houveram mais de 25 mil pré-natais pré-natais inadequados para cada 100 mil nascimentos.

Nosso estudo sugere que as altas taxas de óbito de mães e gestantes estão correlacionadas com lacunas nos cuidados pré-natais.
Um pré-natal é considerado adequado pelo Ministério da Saúde quando inclui pelo menos seis consultas, com a primeira tendo ocorrido no primeiro trimestre da gestação.

É nesse acompanhamento que são diagnosticadas e tratadas diversas condições de risco durante a gravidez.

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+ Leia também: Pré-natal: quais são os exames que toda grávida deve fazer

Nosso estudo também concluiu que a maioria dos óbitos (54,1%) ocorreu entre mulheres pardas. Além disso, 75,3% das mães falecidas tinham baixa escolaridade e 49,5% estavam solteiras.

O estado de Roraima, na região Norte, apresentou o maior índice tanto de mortalidade materna quanto de pré-natais inadequados, com 138 mortes e 50.856 pré-natais inadequados a cada 100 mil nascidos vivos.

Esses dados destacam a importância de fortalecer o cuidado pré-natal na Atenção Primária à Saúde (APS), onde esse acompanhamento deve ser realizado. E o uso inteligente de dados disponíveis no SUS pode ser um importante aliado para garantir o acesso universal e de qualidade aos serviços.

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As gestantes precisam de monitoramento contínuo para prevenir complicações, diagnosticar precocemente condições de risco e receber tratamento adequado. Somente com uma atenção adequada durante a gestação poderemos reduzir estas estatísticas e assegurar um futuro mais saudável para mães e bebês em todo o Brasil.

A redução da mortalidade materna é um tema importantíssimo em nossa atuação na ImpulsoGov. Por este motivo, em um de nossos projetos – a plataforma Impulso Previne – mostramos para as equipes de saúde dos municípios parceiros quem são as gestantes que ainda precisam realizar consultas e exames de pré-natal, para que os profissionais possam focar no que mais importa: o cuidado.

*João Abreu é cofundador e diretor-executivo da ImpulsoGov, ONG que aprimora serviços de saúde pública

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