Com o fim do ciclo reprodutivo da mulher, vêm as ondas de calor, as oscilações de humor e a irritabilidade. Esses sintomas são causados pela queda do principal hormônio feminino, o estrogênio, que se dá pela falência dos ovários, ou insuficiência ovariana, um processo natural do envelhecimento.
Em geral, a menopausa ocorre entre os 45 e 50 anos, mas para 1% das mulheres esse fenômeno acontece antes dos 40 anos. É a chamada insuficiência ovariana prematura, ou menopausa precoce.
Além dos fogachos, outro problema que as mulheres enfrentam após a última menstruação é a insônia, que se caracteriza pela dificuldade para iniciar ou manter o sono por 3 vezes por semana durante 3 meses.
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Este distúrbio provoca irritabilidade, déficit de memória e atenção, fadiga, diminuição de imunidade, ganho de peso e alterações na pele. Na menopausa precoce, a situação é semelhante.
Estudos revelam que o sono ruim é uma queixa comum mesmo quando as mulheres recorrem a tratamentos hormonais.
O que diz a ciência
No Brasil, há exatos 20 anos, pesquisadores do Instituto do Sono analisam como a menopausa interfere no sono feminino.
Com base nesta longa investigação, constatamos que a insônia em mulheres com insuficiência ovariana tem origens multifatoriais, e pode se manifestar em decorrência da interação entre questões ambientais e genéticas.
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A origem genética da insônia associada à menopausa precoce foi abordada em um estudo publicado recentemente na revista Climateric, órgão oficial da Sociedade Internacional de Menopausa, com sede no Reino Unido.
Para realizar este trabalho científico, usamos ferramentas computacionais para investigar alterações nos genes.
A partir de uma lista de genes que envolvem a insônia e a insuficiência ovariana, observamos que os associados a essas comorbidades se sobrepõem mais do que o esperado ao acaso, confirmando uma justaposição do perfil genético desses dois problemas.
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Em seguida, identificamos os processos biológicos que estão associados a esses genes sobrepostos, e descobrimos que eles integram mecanismos fisiológicos já reconhecidos como relevantes para as duas condições. Ficou demonstrada, assim, a influência genética nesse cenário.
Acreditamos que este estudo tem o potencial de levar à identificação de novas intervenções farmacológicas e terapêuticas para tratar ou aliviar os sintomas que as mulheres com menopausa precoce apresentam.
*Mariana Moyses de Oliveira é geneticista da Associação de Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP) e Helena Hachul é médica ginecologista, pesquisadora do Instituto do Sono, professora livre docente e chefe do Setor Sono na Mulher do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).