Os 9 segredos das “Blue Zones”, as regiões do planeta em que se vive mais
Nesses lugares do mundo, muita gente chega aos 100 anos de idade. Nossa colunista lista os principais ensinamentos dessas populações
Você já ouviu falar das chamadas Blue Zones – ou, traduzindo, Zonas Azuis (ZAs)? Esse é o nome que é dado a determinadas regiões do mundo nas quais os habitantes vivem mais do que em qualquer outro lugar do planeta, chegando inclusive aos 100 anos de idade.
Essa lista inclui Okinawa (Japão); região da Barbagia da Sardenha (Itália); Península de Nicoya (Costa Rica); Ikaria (Grécia) e Loma Linda (Califórnia, nos Estados Unidos).
Nessas cinco regiões, os moradores não apenas alcançam longevidade, mas o fazem de maneira ativa e com qualidade.
Em Ikaria, por exemplo, um em cada três ikarianos vive até pelo menos os 90 anos – lá também há a menor taxa de casos de demência do planeta.
Os habitantes dessa localidade, uma ilha grega no Mar Egeu, tendem a viver uma década a mais antes de desenvolver doenças cardíacas ou câncer.
Na Barbagia, encontra-se a maior concentração de homens centenários do mundo.
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Em Loma Linda, por sua vez, a população é composta por adventistas do sétimo dia, cuja expectativa de vida é de uma década a mais do que os demais norte-americanos.
Em Okinawa, vemos a maior concentração mundial de mulheres com mais de 70 anos de idade.
Mas, afinal, qual seria o segredo para alcançar uma longevidade saudável? O que será que os moradores desses locais fazem para somar 23 anos a mais de vida que nós, brasileiros, que temos como expectativa de vida a idade de 77 anos, conforme o levantamento de 2022 apresentado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)?
Os estudos realizados nessas regiões pelos pesquisadores concluíram que é preciso:
1) Manter-se em movimento
E isso não significa ir à academia, correr maratonas, etc.
Nas ZAs, é natural se locomover constantemente – seja para fazer compras, para passear, cultivar seus jardins e por aí vai.
2) Aplicar a “regra dos 80%” na hora de se alimentar
Nas Zonas Azuis, é comum reduzir o consumo de comida no final da tarde e/ou início da noite.
Em Okinawa, há mais de 2 500 anos, eles praticam o “Hara hachi bu”, uma espécie de “mantra” verbalizado antes das refeições para que se lembrem de parar de comer ao alcançarem 80% de sua saciedade.
Para eles, esses 20% fazem a diferença entre engordar ou não.
3) Respeitar a velhice*
Nessas regiões, quanto mais velho, mais respeitado se é. A intergeracionalidade – ou seja, a proximidade de gerações – promove o senso de respeito à velhice e de pertencimento ao idoso, o que gera o entendimento de que envelhecer é algo bom.
4) Ter atenção às escolhas alimentares*
Esses povos costumam seguir uma dieta mediterrânea à base de plantas, azeite de oliva, mel, grãos integrais, vegetais e frutas.
Outro item que consta na lista é um vinho de boa qualidade (como o chamado “vinho canonau”, da Sardenha, na Itália).
Nas Zonas Azuis é hábito consumir a bebida de forma moderada e regular, isto é, cerca de uma a duas taças ao dia – o comportamento só não é seguido pelos adventistas do sétimo dia.
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5) Manter vínculos com familiares e amigos
Priorizar a manutenção desses laços contribui com o alcance da longevidade.
6) Diminuir o ritmo e evitar o estresse
O estresse é um dos gatilhos que podem levar à inflamação crônica do organismo, gerando doenças que impactam na qualidade do envelhecimento.
Embora não estejam imunes a situações de estresse, os moradores desses locais procuram soluções para evitá-las, como fazer orações, meditar, tirar sonecas ao longo do dia e fazer happy hours, entre outros.
7) Espiritualidade
Dos 263 centenários ouvidos pelo grupo de pesquisadores, pelo menos cinco pertenciam a alguma comunidade que tinha a fé como base.
Acredita-se que a espiritualidade é responsável por ampliar de quatro a 14 anos a expectativa de vida.
8) Viver em comunidade
Estar na “tribo certa” pode contribuir com a adoção de comportamentos saudáveis e estimular a prática de cuidado mútuo com os demais membros da comunidade.
É o caso dos okinawanos, que criaram os “moais” – grupos de cinco amigos que se comprometeram uns com os outros a se cuidarem por toda a vida.
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9) Ter e cultivar seu senso de propósito (ou sentido de sua vida)
É o que os okinawanos chamam de “ikigai” – o termo significa “porque acordo de manhã”. Acredita-se que ter esse entendimento pode acrescentar sete anos de vida extras.
Esses são os chamados “Power 9”, termo cunhado por Dan Buettner, um dos membros da equipe de pesquisadores responsável por “descobrir” as ZAs pelo mundo.
Buettner é, inclusive, autor do livro best-seller “Zonas Azuis, a Solução para Comer e Viver como os Povos mais Saudáveis do Planeta” (clique aqui para comprar), leitura que recomendo a todos.
Há também um Ted Talks sobre o tema com ele, que pode ser acessado no YouTube.
Se você reparar bem, são medidas simples e possíveis que podemos incorporar em nossa rotina!
É preciso, entretanto, vencer nosso estilo de vida “moderno”, repleto de facilidades – tanto físicas quanto cognitivas – que nos tornaram sedentários.
Isso sem falar no nosso padrão alimentar, que passou a ser baseado em ultraprocessados, produtos ricos em açúcar, gorduras saturadas e tantos outros ingredientes que podem estar atrapalhando o nosso objetivo de viver mais (e com qualidade).
Verdade é que, muitas vezes, passamos a vida esperando “soluções mágicas” ao invés de entender que o poder de envelhecer bem está em nossas mãos!
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Agora, será que há outras Zonas Azuis pelo mundo? Acredito que sim. Inclusive, aqui no Brasil, duas cidades vêm sendo acompanhadas por apresentarem características que poderão creditá-las como ZAs: Veranópolis, no Rio Grande do Sul, e Maués, na Amazônia.
Que tal nos inspirarmos nestes nove fundamentos para chegarmos bem à velhice, transformando os 100 anos de idade nos novos 70, assim como os moradores das ZAs?
Curiosidade: Você sabe por que o termo “Zona Azul”? A razão para a escolha dessa nomenclatura se deve ao fato de os pesquisadores terem utilizado a cor zul como recurso para marcar esses locais no mapa. Simples assim!
*Os itens 3 e 4 foram adaptados.