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Corra da asma

Quem disse que pessoas com o problema não podem suar a camisa? Uma pesquisa mostra que, pelo contrário, os exercícios ajudam a contornar as crises

Por Débora Fiorini (colaboradora)
2 dez 2015, 11h39
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  • Não se espante se você tem asma e seu médico começar a prescrever caminhadas, corridas ou pedaladas toda semana. É que a rotina de quem é refém dessa inflamação crônica nas vias aéreas está recebendo uma sacudida. Antes a orientação geral era ficar quietinho para não perder o fôlego. Agora a regra é se mexer. Praticar atividade física, especialmente exercícios aeróbicos, auxilia inclusive a controlar a condição, como revela um estudo conduzido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

    O trabalho contou com a participação de 58 pessoas, com a forma moderada ou grave da doença, na faixa dos 30 aos 50 anos. Elas foram convidadas a caminhar em ritmo acelerado na esteira por 30 minutos, duas vezes por semana. Ao final de três meses, os pesquisadores observaram uma redução nos sintomas e na gravidade do quadro – ou seja, os asmáticos ficaram mais dias livres de episódios de falta de ar. Além disso, os voluntários se tornaram mais tolerantes a fatores que irritam o sistema respiratório, como ácaro e fumaça. Uma notícia e tanto se pensarmos que às vezes um mínimo contato já dispara o maior sufoco.

    O educador físico e fisioterapeuta Celso Carvalho, coordenador da pesquisa, explica que, antes da rotina de exercícios, todos os participantes estavam em tratamento com os remédios mais eficientes e, ainda assim, penavam com as manifestações do problema. “Como eles receberam a medicação durante o estudo, a melhora não pode ser atribuída aos fármacos”, analisa. Sim, a atividade física fez toda a diferença. Carvalho, que é professor da FMUSP, ressalta que os bons resultados na esteira não autorizam largar o tratamento farmatológico. É a sinergia entre as abordagens que parece estar por trás de um controle mais efetivo.

    De acordo com o médico Roberto Ranzini, da Sociedade Brasileira de Medicina do Exército e do Esporte, botar o corpo para se movimentar aumenta a captação de oxigênio e tende a diminuir, com o tempo, os desconfortos provocados pelas crises. Mas adverte que alguns asmáticos podem sofrer broncoespasmos, um estreitamento das vias aéreas induzido pelo esforço físico. Essa é uma situação que pede acompanhamento especial a fim de evitar sustos. Ter a bombinha (o broncodilatador) sempre por perto e fazer um aquecimento antes de partir para atividades vigorosas são medidas que garantem mais segurança durante o treino. Pois é, os pulmões vão agradecer pelo suor da camisa.

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