É natural sentir receio na hora de decidir castrar o gato ou o cachorro de estimação.
Com os cuidados certos e feita por profissionais habilitados, porém, a esterilização cirúrgica ocorre de forma tranquila. E ainda acaba sendo um fator de proteção a mais para a saúde do bichinho.
O procedimento evita que o tutor seja surpreendido por uma ninhada inesperada e o consequente aumento nos custos para manter os animais. Esse imprevisto, muitas vezes, leva ao abandono dos filhotes.
A superpopulação de cães e gatos soltos por aí sem cuidados, aliás, é responsável pela propagação de doenças como raiva, leptospirose e leishmaniose.
A preocupação com os reflexos disso na saúde pública é tamanha que desencadeou a criação de serviços como o Programa Permanente de Controle Reprodutivo de Cães e Gatos, da Prefeitura de São Paulo, que oferece a castração gratuitamente desde 2021.
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Por que animais domésticos devem ser castrados?
Além do controle populacional, há vantagens para o próprio pet. “Os bichos castrados têm maior expectativa de vida em relação aos não castrados”, diz a veterinária Maíra Franco de Andrade, diretora da divisão de controle da população de cães e gatos da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico da Prefeitura de São Paulo (Cosap).
“O procedimento reduz a incidência de doenças do trato reprodutivo, como tumor de mama e infecções no útero nas fêmeas e de próstata nos machos”, completa.
Todo animal pode ser castrado?
Maíra Andrade esclarece que, a princípio, todo cão e gato pode ser submetido à intervenção.
“Entretanto, a condição de saúde desses animais é determinante para a realização da cirurgia, por isso eles devem passar por avaliação pré-operatória”, avisa.
Para garantir mais segurança, o veterinário pode solicitar exames de sangue e mesmo uma avaliação cardiológica antes de atestar que o pet está apto a enfrentar o bisturi.
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De acordo com cartilha do Conselho Federal de Medicina Veterinária, por exemplo, quando castrada antes do primeiro cio, uma cadela passa a ter menos de 1% de risco de desenvolver tumores de mama.
A partir de que idade pode castrar o animal? E há um limite que não pode ser ultrapassado?
“No programa municipal de castração gratuita, está previsto atendimento para cães e gatos acima de 90 dias de vida e até 10 anos, sempre respeitando a avaliação veterinária”, explica Maíra.
A recomendação é que a cirurgia aconteça quando o animal atinge a maturidade sexual, em geral entre os 6 e 10 meses de idade.
Como é feita a castração de machos e fêmeas?
A cirurgia é minimamente invasiva e rápida. “Ela consiste na remoção dos órgãos reprodutores, testículos ou ovários e úteros, com liberação do animal poucas horas após o procedimento”, conta Maíra.
O bichinho passa por anestesia geral e todo o processo é realizado em cerca de 1 hora e meia.
“São aplicadas medicações analgésicas, anti-inflamatórias e antibióticas e, quando há indicação, o veterinário prescreve remédios para uso em casa”, descreve a veterinária da Cosap.
Como é o pós-operatório?
A anestesia geral requer um tempo de aproximadamente duas a três horas de recuperação pós-cirurgia.
“Já em casa, é importante manter o animal em local limpo, com acesso a água e comida e em área restrita para que não cometa excessos, como pular do sofá”, orienta Maíra.
Roupas cirúrgicas e colares são bons recursos para impedir o animal de lamber ou mordiscar o local da cirurgia.
O veterinário determina a data para uma consulta de retorno para retirar os pontos e avaliar a cicatrização da região.
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É verdade que eles mudam de comportamento após a cirurgia?
Na maioria dos casos, os pets passam a apresentam maior docilidade no comportamento.
Isso porque há uma diminuição no instinto de demarcação de território, aquela história do cachorrinho fazendo xixi em vários lugares. “O processo também minimiza o impulso de avançar nas pessoas para proteger seu espaço”, observa Maíra.
A castração evita ainda os miados altos e constantes das gatas no cio. São mudanças que costumam facilitar o manejo diário com o animal.
O procedimento causa obesidade? Há outras repercussões?
Como o animal fica mais calmo após a cirurgia, em geral diminui bastante a atividade física. “Se não tiver estímulos para gasto de energia, como passeios e brincadeiras, ele poderá, sim, aumentar o peso”, alerta Maíra.
Mais raramente, e só quando o procedimento é feito muito precocemente em fêmeas, ocorrem casos de incontinência urinária.
Há situações em que a castração é indispensável?
A intervenção só é obrigatória se for identificada alguma doença cujo tratamento é cirúrgico.
“É o caso da piometra, infecção bacteriana do útero, ou do testículo ectópico, quando um ou dois testículos ficam localizados na cavidade abdominal e não descem para a bolsa escrotal”, exemplifica Maíra Andrade.