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Vacina do HPV reduz pra valer a incidência de câncer de colo de útero

Com a imunização de crianças e adolescentes, um dos tumores que mais matam mulheres pode virar coisa do passado

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 3 mar 2023, 10h44 - Publicado em 24 nov 2021, 19h35
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  • Vacinar crianças e adolescentes contra o HPV é uma estratégia de saúde pública. A recomendação, chancelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como missão reduzir a circulação desse vírus que é sexualmente transmissível e causador de diversos tipos de câncer, com destaque para o tumor de colo de útero – o terceiro mais frequente na população feminina, atrás dos de mama e colorretal.

    E um estudo publicado recentemente no jornal científico The Lancet mostra a magnitude do benefício. Com base em dados de um monte de mulheres, cientistas da Universidade King’s College, no Reino Unido – onde a campanha começou em 2008 –, investigaram o impacto do imunizante entre vacinadas e não vacinadas.

    Eles concluíram que quem recebeu a injeção com 12 ou 13 anos apresentou, na fase adulta, uma redução de 87% no risco de desenvolver o câncer de colo de útero em comparação com quem não havia se vacinado.

    “Há países, como a Austrália, que já sentem os efeitos dessa estratégia e esperam erradicar os casos de câncer de colo de útero até 2030”, relata a oncologista Marcela Bonalumi, do CPO Oncoclínicas e do Hospital Pérola Byington, em São Paulo.

    No Brasil, esse tumor é a quarta causa de morte por doenças oncológicas entre mulheres. O programa de vacinação começou por aqui em 2014 para meninas de 11 a 13 anos. No ano seguinte, a faixa etária baixou para 9 anos e, depois, os garotos também entraram na chamada.

    “Hoje, os meninos fazem parte do programa porque eles agem como transmissores e, com eles imunizados, é possível reduzir a taxa de contaminação na população em geral”, explica Marcela.

    A médica ainda informa que, uma vez vacinados, os garotos ainda ficam mais protegidos contra cânceres de pênis, orofaringe e anal.

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    + LEIA TAMBÉM: HPV: o que é, sintomas, transmissão e tratamentos

    O HPV e a ação das vacinas

    O papilomavírus humano (HPV) é um oncovírus, ou seja, ele é capaz de interferir no processo que leva à multiplicação de células anormais no organismo, favorecendo, assim, um câncer.

    Existem várias versões de HPV e as vacinas miram naquelas cepas que podem provocar doenças mais graves. “Há cerca de 15 tipos oncogênicos, sendo que dois deles, o 16 e o 18, estão por trás do câncer de colo de útero. Por isso, os primeiros imunizantes focavam nessa dupla. Com o decorrer dos anos, chegamos até à injeção nonavalente”, ensina Marcela. Entenda melhor as diferenças entre elas:

    Tipos de vacina:

    Quem o SUS vacina contra o HPV?

    Reforçando: no sistema público, é possível tomar a vacina quadrivalente (contra os tipos 6, 11, 16 e 18 de HPV). Ela é indicada aos seguintes grupos:

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    + LEIA TAMBÉM: Vacina contra o HPV agora será disponibilizada para mais mulheres

    E os adultos: devem tomar?

    Como a campanha brasileira começou em 2014, os adultos de hoje não tiveram a oportunidade de receber a vacina contra o HPV quando adolescentes. Isso aumenta as chances de eles já terem tido algum contato com o vírus e, consequentemente, compromete o efeito do imunizante.

    “Esse estudo da King’s College, como outros já feitos, aponta que a imunização se faz mais efetiva entre quem ainda não iniciou a vida sexual. Em resumo, a eficácia da vacina aumenta à medida em que a idade do vacinado cai”, esclarece a médica.

    No trabalho britânico, enquanto a redução no risco de câncer de colo de útero foi de 87% para quem foi vacinada aos 12-13 anos, esse valor ficou em 62% entre quem recebeu o imunizante aos 14-16 anos e em 34% quando a picada aconteceu aos 16-18 anos.

    Embora os mais novinhos tirem melhor proveito da imunização contra o HPV, vacinar-se mais adiante reduz as chances de desenvolver uma doença mais grave como o câncer. “O adulto pode já ter algum tipo de HPV no corpo, mas, ao tomar a vacina, ele se protege de outras cepas”, defende a médica.

    A má notícia é que é preciso investir para conseguir as doses, só disponibilizadas para adultos em clínicas particulares. E, nesses casos, vale a pena buscar pela nonavalente, que protege contra mais tipos de HPV.

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    + LEIA TAMBÉM: Não é só Covid-19: as outras vacinas que os adultos devem tomar

    A evolução do papanicolau: outro recurso importante

    Os homens, com raras exceções, são assintomáticos após o contágio por HPV, e não há exame de rotina para detectar o vírus no organismo. As mulheres, no entanto, usam o papanicolau como prevenção periódica. Um novo teste, já disponível na rede privada, vai além e avalia se existem traços do DNA do HPV nas células.

    “O vírus entra na célula e assume o comando dela, provocando lesões. Com o exame de DNA, é possível identificar o contágio antes de qualquer sintoma”, explica Marcela. Quando o resultado é positivo, o médico solicita mais exames e acompanha uma possível evolução da doença. Se não houver problemas, o teste pode ser repetido apenas cinco anos depois.

    A OMS já indica que essa nova tecnologia integre a rotina de rastreamento da saúde da mulher. “A Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) também faz essa recomendação. O exame está disponível no Brasil, mas ainda é pouco disseminado pelo seu custo”, avalia a médica.

    Pesquisas têm demonstrado que vale a pena utilizar esse novo método no lugar do papanicolau. A cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo, adotou essa mudança após servir de cenário para uma pesquisa que comparou os dois exames.

    Publicado na revista científica Lancet , o estudo constatou que é possível antecipar o diagnóstico do câncer de colo de útero em dez anos com o teste de DNA em relação ao exame tradicional, ou seja, o papanicolau.

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    Além disso, muitas mulheres que participaram da investigação deixaram de desenvolver o câncer. Isso porque se o teste dava positivo para os tipos 16 e 18 de HPV, a paciente era encaminhada para outros procedimentos, como a colposcopia, com o objetivo de avaliar a presença de lesões pré-cancerosas. Se houvesse alteração, já se partia para um tratamento curativo ou preventivo.

    Agora, quem se mostrava livre das tais lesões fazia um acompanhamento com intervalo mais curto para detectar o problema bem no início, caso aparecesse.

    O levantamento foi conduzido pelo Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Prefeitura Municipal de Indaiatuba, em parceria com a Roche Diagnóstica.

    Os pesquisadores compararam os resultados de 16 384 testes de DNA-HPV com outros 20 284 citológicos (papanicolau), feitos entre 2014 e 2020, por mulheres na faixa dos 25 a 64 anos de idade.

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