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Tudo sobre as vacinas contra a Covid-19 sendo aplicadas no Brasil

Do funcionamento às possíveis reações, conheça as vacinas Covishield (AstraZeneca), Coronavac (Butantan) e Comirnaty (Pfizer). E as que estão para chegar

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 27 Maio 2021, 18h53 - Publicado em 27 Maio 2021, 18h53
Foto de vacinas contra a covid-19
Veja as diferenças entre as vacinas contra Covid-19 usadas no Brasil. (Foto: Mufid Majnun/Unsplash/Divulgação)
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Há três diferentes vacinas contra a Covid-19 sendo aplicadas na população brasileira: a Comirnaty (Pfizer/BioNTech), a Coronavac (Butantan/Sinovac) e a Covishield (AstraZeneca/Oxford). Como elas funcionam? Quais as vantagens e as reações adversas de cada uma? Quantas doses exigem para evitar os sintomas do coronavírus? Preparamos um guia para você ficar por dentro dos imunizantes sendo distribuídos no nosso país.

Um adendo: os produtos da Pfizer e da AstraZeneca ganharam o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), enquanto a Coronavac está liberada para uso emergencial (veja a diferença entre as duas coisas). A vacina da Janssen também recebeu essa autorização, mas só deve chegar por aqui em agosto.

Já sabemos que a eficácia desses imunizante não é comparável e que todos os aprovados são seguros e efetivos, mas cada um possui suas particularidades. Entenda:

Coronavac (Sinovac/Butantan): a primeira liberada e aplicada no país

Fabricante: Foi desenvolvida pela chinesa Sinovac. No meio do ano passado, o Instituto Butantan se tornou parceiro dessa empresa para testar e fabricar a fórmula no Brasil.

Como funciona: É uma vacina de vírus vivo inativado. Os cientistas cultivam o Sars-CoV-2 em laboratório e depois o tratam com uma substância que torna o agente incapaz de fazer suas cópias. A tecnologia é tradicional e utilizada há décadas. O exemplo mais famoso é o da vacina contra a gripe, feita da mesma maneira e inoculada em cerca de 70 milhões de brasileiros anualmente.

Eficácia: O estudo que justificou a liberação do imunizante no nosso país demonstrou eficácia de 50,7% em prevenir infecções sintomáticas. Na vida real, tem se mostrado altamente protetora contra casos graves e mortes.

Uma pesquisa feita pela governo da Indonésia, ainda não revisada por pares, mostra uma taxa de prevenção contra óbitos de 98% em profissionais de saúde.

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Recentemente, contudo, dados preliminares apontam para uma queda da eficácia em indivíduos de idade avançada, acima de 80 anos. O achado precisa ser confirmado, mas reforça a necessidade de tomar as duas doses e aponta que a vacina não resolve sozinha a pandemia. Na prática,  mesmo algumas pessoas vacinadas estão contraindo Covid-19. Quanto mais o vírus circula, maiores as chances de qualquer uma delas falhar.

Reações adversas: Os mais comuns são dor de cabeça e dor no local da aplicação. Febre, cansaço, diarreia e náusea também podem acontecer. Mais raramente, hematomas no local, diminuição de apetite e vômito foram descritos nos participantes de estudos. Não apareceram possíveis efeitos colaterais mais graves até agora.

Como deve ser tomada: Duas injeções com intervalo de duas a quatro semanas. No Brasil, atrasos estão acontecendo por falta de doses. Nesse caso, complete o esquema assim que possível.

Comirnaty: a vacina high-tech da Pfizer

Fabricante: Pfizer e BioNTech. Essa segunda empresa, oriunda da Alemanha e até então pouco conhecida, é a que desenvolveu a tecnologia por trás da fórmula.

Como funciona: É uma vacina de RNA mensageiro. Ela usa o próprio corpo para fabricar o antígeno (a parte do vírus que é apresentada ao sistema imune pelas vacinas).

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O produto contém apenas um trecho do código genético do Sars-CoV-2, o responsável por ordenar a fabricação da espícula, ou spike, uma proteína que recobre o vírus. Quando entra nas células, o tal trecho é lido como uma receita de bolo por estruturas chamadas ribossomos, que então montam a tal espícula.

A partir daí, o processo é o mesmo das outras vacinas: o sistema imune vai de encontro a essa espícula e cria uma resposta personalizada para ela, que será acionada em uma eventual invasão do vírus verdadeiro.

A abordagem promete revolucionar a medicina e estava sendo estudada há décadas, mas enfrentava desafios técnicos e logísticos, agora praticamente superados.

Eficácia: Demonstrou 95% de eficácia em prevenir casos confirmados de Covid-19.

Reações adversas: As mais relatadas são dor e inchaço no local da injeção, cansaço, dor de cabeça e nas articulações, febre, calafrios e diarreia. Menos de 1% dos voluntários das pesquisas tiveram sinais de hipersensibilidade, como erupções e coceiras na pele e inchaço dos gânglios linfáticos.

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Alguns casos de reação anafilática, um evento alérgico grave que exige atendimento imediato, foram relatados pós-vacinação nos Estados Unidos. Mas as vacinas de RNA costumam ser seguras para a maioria dos alérgicos e essas reações mais graves são contornáveis.

Como deve ser tomada: Duas doses com intervalo maior ou igual a 21 dias.

Covishield (AstraZeneca/Oxford): da Inglaterra para o Rio de Janeiro

Fabricante: Tudo começou na Universidade de Oxford, que se aliou à farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca para escalonar a produção do imunizante. Ano passado, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou acordo para envasar as doses no Brasil. A transferência de tecnologia, que permitiria a produção do zero aqui, deve ser formalizada em breve.

Como funciona: Por meio de um vetor viral. No laboratório, cientistas modificam geneticamente um adenovírus que infecta chimpanzés, para que ele contenha em sua estrutura uma partezinha do coronavírus. Sim, é a tal spike de novo. Durante a engenharia genética, o vetor também é alterado para não se multiplicar. Ou seja, não é capaz de provocar doenças.

Essa tecnologia, assim como as vacinas de RNA mensageiro, faz sua estreia global na pandemia. Até havia uma fórmula nesses moldes, contra o ebola, mas ela não foi usada nessa escala.

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Eficácia: Cerca de 70% nos estudos que levaram à aprovação, variando entre 62 e 90%. Dados de vida real recém-divulgados pelo governo britânico apontam para 90% de proteção após as duas doses.

Reações adversas: As mais comuns são dor, calor, coceira e hematomas no local da picada. Febre, dor no corpo, mal-estar e cansaço surgem em até 20% dos imunizados com a fórmula. É uma indisposição leve e transitória, que traz desconforto, mas se resolve espontaneamente em cerca de 48 horas.

No exterior e no Brasil, foram observados coágulos sanguíneos graves, associados à queda de plaquetas no sangue. É um quadro conhecido como trombocitopenia. Os eventos estão sendo investigados, mas foram classificados como “provavelmente associados à vacina”, com uma frequência inferior a um caso em cada cem mil vacinados.

Como deve ser tomada: Duas doses, com intervalo entre quatro e 12 semanas. Por causa da questão dos coágulos, gestantes que tomaram a primeira dose devem aguardar o fim da gravidez para completar o esquema.

Para chegar: Sputnik V, Cansino e Janssen

Mais vacinas devem aportar em solo nacional nos próximos meses. A mais certa é a da Janssen, já aprovada pela Anvisa e com lotes comprados pelo governo, que devem chegar em agosto. Ela é parecida com a Covishield, mas usa um adenovírus modificado que originalmente infecta humanos e é aplicada em dose única.

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A mesma tecnologia está por trás da russa Sputnik V, que vive atualmente um impasse com a Anvisa, mas ainda pode ser aprovada.

Por fim, recentemente, a Belcher Farmacêutica, do Paraná, pediu o registro da Convidecia, fabricada pela chinesa Cansino. Trata-se também de uma fórmula de vetor viral a ser aplicada em dose única.

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