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Testes com cloroquina para coronavírus são suspensos pela OMS. Por quê?

Após estudo ligar a cloroquina e a hidroxicloroquina a um maior risco de morte em pessoas com Covid-19, OMS pede mais dados sobre segurança do tratamento

Por Da Redação
Atualizado em 18 ago 2020, 10h46 - Publicado em 25 Maio 2020, 15h40
oms cloroquina coronavirus
Apesar da falta de evidências, a cloroquina vem sendo usada contra o coronavírus. (Foto: Bruno Marçal/SAÚDE é Vital)
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu os testes que coordena com o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). A entidade tomou a decisão após uma investigação associar esses tratamentos a um maior risco de morte nas pessoas infectadas.

Essa parada estratégica vai servir para a OMS analisar os dados de segurança que colheu até o momento nos estudos sobre essas medicações. A partir daí, ela pode retomar os experimentos — ou encerrá-los pra valer.

Os testes suspensos fazem parte do levantamento global Solidarity. Por meio de parcerias no mundo inteiro, inclusive no Brasil, a OMS vem medindo de maneira rigorosa a eficácia e a segurança de remédios que, no passado, foram tidos como promissores contra o coronavírus.

Além da cloroquina, os cientistas estão avaliando antivirais contra a aids, o interferon e o remdesivir, recentemente autorizado para uso contra o Sars-Cov-2 nos Estados Unidos. Os testes com essas outras medicações não foram suspensos.

O estudo que motivou a decisão de parar os estudos com a cloroquina

Publicada no dia 22 de maio no renomado periódico científico The Lancet, a pesquisa reuniu dados de 96 032 pacientes hospitalizados por causa da Covid-19. Os cientistas separaram essa turma toda em cinco turmas:

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  • A que recebeu só cloroquina
  • A que recebeu cloroquina e um macrolídeo (um grupo de antibióticos que inclui a azitromicina)
  • A que recebeu só hidroxicloroquina
  • A que recebeu hidroxicloroquina e um macrolídeo
  • A que não recebeu esses tratamentos (ela serviu de controle)

A partir daí, eles observaram quantas pessoas em cada grupo morreram e quantas sobreviveram. Resultados:

  • Quem não tomou nenhum daqueles fármacos: 9,3% de taxa de mortalidade
  • Quem recebeu só hidroxicloroquina: 18% — quase o dobro
  • Quem recebeu hidroxicloroquina e um macrolídeo: 23,8%
  • Quem recebeu só cloroquina: 16,4%
  • Quem recebeu cloroquina e um macrolídeo: 22,2%
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Além disso, os protocolos avaliados com essas terapias apresentaram maiores índices de arritmia cardíaca.

O levantamento, por ser do tipo observacional, não permite concluir que a cloroquina e a hidroxicloroquina causam essa maior mortalidade. Ele apenas firma uma ligação entre os dois fatores — e mostra que não há uma associação entre esses tratamentos e quaisquer benefícios em pessoas infectadas pelo coronavírus.

No momento, estudos clínicos randomizados que comparam o uso da hidroxicloroquina ou da cloroquina contra um placebo em diferentes estágios da Covid-19 vêm sendo conduzidos pelo mundo, inclusive no Brasil. A despeito da ausência de evidências, o Ministério da Saúde publicou uma orientação para o uso precoce desses tratamentos.

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