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Sputnik Light: o que saber sobre a “nova” vacina russa contra a Covid-19

Já aprovada na Rússia, essa vacina vem em dose única e teria eficácia contra o coronavírus semelhante à Sputnik V. O que a ciência diz sobre ela?

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 21 Maio 2021, 12h33 - Publicado em 14 Maio 2021, 12h23
Seringa de vacina sendo espetada em modelo de coronavírus
A Sputnik Light usa apenas uma dose para proteger contra o coronavírus. (Foto: Ivan Diaz/Unsplash/Divulgação)
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A vacina Sputnik Light, desenvolvida pelo Centro Gamaleya, foi aprovada na Rússia no início de maio contra a Covid-19. O imunizante é uma versão da Sputnik V, mas que usa apenas uma dose — e, segundo o fabricante, possui uma eficácia de 79,4%, um número muito próximo dos 80% alcançados com o esquema original.

O comunicado oficial informa que essa vacina é feita a partir dos componentes da primeira dose da Sputnik V, que usam o adenovírus humano 26 para transportar um pedacinho do coronavírus. É isso que geraria a resposta imune do organismo.

Na versão tradicional do imunizante russo, a segunda injeção conta com o adenovírus 5. “A Light é exatamente a primeira dose, desprezando-se a segunda”, resume Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A decisão de lançar a vacina de aplicação única partiu da observação de russos que se imunizaram desde 5 de dezembro de 2020. Por algum motivo, parte deles não voltou para receber o reforço. Analisando os dados, os cientistas teriam concluído que esse esquema simplificado reduziu o risco de infecção em quase 80%.

Segundo o Fundo de Investimento Direto Russo, estudos de fase 1 e 2 demonstraram a produção de anticorpos IgG em 96,9% dos voluntários no 28º dia após a picada. Já a resposta imune celular contra o Sars-CoV-2 (outro mecanismo de defesa do corpo) foi desenvolvida em todos, após o décimo dia.

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O site Clinical Trials, que reúne informações sobre diferentes pesquisas clínicas no mundo, informa que a fase 3 com a Sputnik Light, em geral necessária para liberar o uso em larga escala, deve ser conduzida com aproximadamente 6 mil voluntários. Estima-se que essa etapa seja finalizada em janeiro de 2022.

A Sputnik V, assim como a Light, foi liberada na Rússia antes dos resultados de fase 3, uma medida questionada pela comunidade científica na ocasião. As autoridades locais justificam a nova autorização com os dados da vacinação em massa no país.

“É um estudo de vida real, em foi comparada a taxa de infecção de indivíduos já vacinados com uma dose com a de quem não a recebeu. A eficácia é próxima da Sputnik V, que tem duas doses”, afirma Kfouri.

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Mas finalizar a fase 3 das pesquisas clínicas é importante antes de fazer um lançamento global, na visão de Carlos Magno Fortaleza, infectologista da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Só mais tempo de observação da vida real e ensaios clínicos adequados dirão se o número de anticorpos terá de fato efeito nos vacinados. Sem essa terceira etapa concluída, não dá para falar de uso em larga escala”, opina.

Ainda não há estudos em seres humanos publicados com o esquema da Sputnik Light. Isso cobra bastante cautela ao interpretar os dados oferecidos pelo Fundo de Investimento Direto Russo.

Como a Sputnik V, a Light pode custar menos de 10 dólares e não exige meios complexos de armazenagem. O governo russo, no entanto, mantém a versão em dose dupla como principal opção do seu programa de vacinação em massa. A ideia é exportar a versão Light. Angola foi o primeiro país estrangeiro a aprová-la.

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Versão Light no Brasil

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não recebeu pedido de aprovação da Sputnik Light. A bem da verdade, a própria formulação original vem sofrendo resistência.

A entidade regulatória brasileira cobra mais dados sobre a Sputnik V. Entre as preocupações, a Anvisa destacou a presença de adenovírus capazes de se replicar, o que poderia “acarretar infecções em seres humanos”, segundo comunicado oficial.

Especialistas acreditam que a Sputnik Light teria sua aprovação facilitada no futuro se ficar comprovado que o adenovírus utilizado na primeira dose não é replicante. E, claro, se os fabricantes disponibilizarem estudos que mostrem sua eficácia e segurança, além de atestarem uma capacidade produtiva livre de problemas.

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