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Retrospectiva 2017: 17 fatos que marcaram a saúde no mundo

Tivemos ótimos avanços e tendências em prol do bem-estar. Mas também sofremos muito com a desinformação e a falta de adesão a hábitos mais saudáveis

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 9 jan 2018, 16h43 - Publicado em 21 dez 2017, 17h47
retrospectiva 2017
Onde mais avançamos... e onde mais regredimos no ano que está passando (Ilustração: Redação SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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Os últimos dias de um ano são uma ótima oportunidade para refletirmos sobre avanços e retrocessos. E por que não fazer  essa retrospectiva na área da saúde? Selecionamos os fatos mais marcantes de 2017 para que você continue caminhando no sentido do bem-estar e da qualidade de vida.

1. O ano do mindfulness

A técnica que treina a atenção plena foi citada em nada menos que 24 500 artigos científicos em 2017, segundo o site Google Scholar. Com um programa de treinamento que envolve exercícios diários de meditação e conceitos facilmente aplicáveis no dia a dia, o mindfulness ganhou popularidade justificada.

Estudos mostram que o simples fato de tirar a mente do piloto automático e focar no momento presente já ajuda no tratamento de uma série de condições, da redução do estresse ao melhor controle de doenças cardiovasculares.

Mas os especialistas alertam: ele não é uma solução mágica para tudo e exige dedicação aos exercícios e disciplina para surtir efeito.

Leia também: Mindfulness, sua mente tem poder

2. A vacina para HPV foi ampliada para os meninos, mas não emplacou

No começo do ano, meninos de 12 e 13 anos foram incluídos no esquema de vacinação da rede pública, que foi ampliado mais uma vez em junho para incluir garotos entre 11 e 15 anos. Portadores do HIV e outras condições que exigem o uso de drogas imunossupressoras, como câncer e transplante de órgãos, entre os 9 e 26 anos de idade, também entraram no programa.

Isso é ótimo não só porque a vacina é eficaz, mas porque metade dos jovens brasileiros pode estar infectado com o vírus por trás de verrugas genitais e diversos tumores nos homens e nas mulheres.

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Só que, depois de uma ótima estreia em 2014 nas meninas entre 9 e 13 anos, a vacina que protege contra quatro tipos do HPV sobrou nos postos esse ano. Um pena.

Veja mais: Quem deve tomar a vacina do HPV pela nova regra do Ministério 

3. As fake news dominaram a internet

E não foram só as notícias falsas sobre saúde, aliás. O problema foi tamanho em departamentos como a política que o dicionário Collis, um dos mais prestigiados do mundo, elegeu o termo como a expressão de 2017. Já o Facebook anunciou a contratação de mil pessoas pelo mundo para checar as notícias falsas que circulam por ali.

Embora fake news sejam histórias criadas para atender a interesses escusos, sejam eles econômicos ou políticos, boatos sem fundamento científico por si só já merecem atenção. É o caso das informações tortas sobre emagrecimento divulgadas nas redes sociais, assim como o medo de efeitos colaterais inexistentes de vacinas usadas há décadas, que merece um tópico à parte.

4. As vacinas perderam território

O movimento antivacina fez barulho pelo mundo em 2017. Uma mãe foi presa nos Estados Unidos por se recusar a vacinar seu filho em outubro e, na Europa, desde 2016 foram registrados 19 mil casos de sarampo e 44 mortes relacionadas à doença, que é completamente evitável com a imunização.

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Boatos antigos – e já desmentidos – sobre efeitos colaterais encabeçam a lista de argumentos deste movimento. É uma desinformação com repercussões nefastas.

Já no Brasil, país cujo programa de vacinação é referência no mundo, as coberturas vacinais no Brasil estão caindo. Mas, segundo o Ministério da Saúde, o problema está mais relacionado a uma desvalorização da importância das vacinas, já que muitas doenças, como o sarampo e a pólio, estão erradicadas no Brasil e não assustam mais os pais.

Só cabe o alerta: o sumiço dessas enfermidades se dá porque ainda hoje as crianças tomam vacinas contra elas. Se isso parar, essas encrencas podem voltar a circular no país.

5. Voltamos a falar sobre suicídio (mas agora é preciso avançar)

Ele é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. E, em 2017, os casos de pessoas que tiraram a própria vida assustaram pela proximidade ou pela surpresa: jovens, adolescentes, celebridades, empresários…

No início do ano, a série “13 Reasons Why”, da Netflix, fez o tema disparar, para o bem e para o mal, em popularidade. E o “jogo” Baleia Azul colocou mais combustível no fogo. Assim, um tópico que sempre foi tabu voltou às páginas da imprensa.

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Só falta agora discutir a saúde mental na prática. Afinal, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, 90% dos suicídios seriam prevenidos se o assunto fosse colocado mais em pauta e se as pessoas em sofrimento recebessem apoio de verdade.

Leia mais: Suicídio, a vida não pode parar

6. A gordura saturada não foi liberada para consumo

Um grande estudo divulgado no segundo semestre causou burburinho no mundo da nutrição. O trabalho, publicado no período The Lancet, sugeriu que os carboidratos podem ser mais danosos do que as gorduras para a saúde.

A pesquisa envolveu dezenas de países e mais de 130 mil participantes, e concluiu que a mortalidade dos indivíduos que exageram nos pães era maior do que a do grupo que privilegiava as fontes de gordura.

Só que o grupo das massas pesava muito a mão no consumo desse grupo de nutrientes, enquanto o outro ficava praticamente dentro dos limites diários recomendados. Por isso, nada de sair comendo todo o churrasco que quiser por aí.

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Entenda: Menos carboidrato e mais gordura?!

7. O número de cesáreas caiu pela primeira vez no Brasil

Em 2017, 55,5% dos partos no Brasil foram cesarianas. É uma queda de 1,5 ponto percentual em relação ao ano passado – e a primeira desde 2010.

Embora as cesáreas ainda representem a maioria dos nascimentos por aqui, os médicos veem motivos para celebração. É que esse tipo de parto, quando realizado sem necessidade, pode elevar os riscos para mãe e bebê e privá-los de vários benefícios do parto normal.

8. O jejum intermitente virou moda para emagrecer e ser saudável

Uma moda que, aliás, exige uma dose de cautela. Isso porque o jejum, cujo maior mérito parece estar em prolongar a duração da vida de animais de laboratório, não está totalmente consagrado como tática para emagrecer ou mesmo prevenir doenças.

Outro ponto: não é lá muito fácil manter-se de barriga vazia por anos (e a alimentação saudável preconiza bons hábitos para o resto de vida). Fora que o jejum aumenta o risco de supercompensações: o sujeito não aguenta ficar sem comer e ataca a geladeira com tudo.

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Saiba tudo sobre o assunto aqui: Jejuar ou não, eis a questão

9. A obesidade saltou 60% em dez anos no Brasil

O dado impressionante é do Vigitel 2017, pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde com mais de 50 mil pessoas. E tem mais: o excesso de peso atinge 53% do país – mais homens do que mulheres.

Não é à toa que as doenças crônicas relacionadas aos quilos a mais, como diabetes tipo 2 e hipertensão, também viram seus índices subirem a patamares nunca antes atingidos.

10. A revolução no tratamento contra o câncer chegou

Depois de oferecer alternativas para o combate de tumores contra os quais não se podia fazer muita coisa, a imunoterapia deu um salto ainda mais importante este ano, com a chegada das CAR-T Cells. O método, autorizado em 2017 nos Estados Unidos para o tratamento de um tipo de leucemia, reprograma as células de defesa da própria pessoa para atacar o câncer.

De maneira simplificada, os anticorpos são retirados, levados para o laboratório e, uma vez lá, “treinados” para reconhecer e atacar os tumores – que, aliás, só fazem tanto estrago porque enganam o nosso sistema imune. Ainda é preciso vencer alguns efeitos colaterais e estudar mais a eficácia de técnica em outros tumores, mas os médicos estão confiantes.

Saiba mais: Imunoterapia, seu corpo contra o câncer

11. Dietas sem glúten fazem até mal (em quem não precisa)

Não é só que o método é ineficaz para emagrecer no longo prazo. Se as dietas sem glúten são indispensáveis para os portadores de doença celíaca ou sensibilidade não celíaca ao glúten, por outro devem ser evitadas pelo resto da população.

E este ano diversos estudos pipocaram pelo mundo para provar esse argumento. Um dos mais robustos, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, avaliou 200 mil indivíduos por três décadas, e viu que a exclusão das fontes dessa proteína estava ligada a um maior risco de diabetes tipo 2. É que as fibras do trigo, da cevada e do centeio – alimentos com glúten – ajudam a constituir uma microbiota intestinal saudável, além de regular o colesterol.

Outros trabalhamos apontaram ainda que os produtos sem glúten podem ser mais calóricos do que os originais. Suspeita-se que os fabricantes carreguem na gordura para compensar a falta dessa substância.

Explicamos tudo nesta matéria: Os malefícios da dieta sem glúten

12. A cirurgia bariátrica é cada vez mais comum

Depois de uma ampliação de indicação em 2016, a operação de redução de estômago virou um procedimento ainda mais versátil. Historicamente vista como um tratamento para a obesidade, agora ela começa a ser aplicada contra o diabetes tipo 2 e até a hipertensão. E, até por isso, chegou a mudar de nome: agora atende por cirurgia metabólica.

O assunto rende muita discussão, mas uma coisa é certa: o cirurgião não resolve os problemas sozinho. Sem a indicação e o acompanhamento adequados, o peso volta e as mudanças metabólicas podem sumir.

13. Um comprimido para prevenir a aids chegou ao SUS

Ninguém discorda que a camisinha é o melhor método para impedir a transmissão do HIV. O problema é que nem todo mundo a utiliza, e isso faz com que o número de infectados pelo vírus cresça, especialmente entre os jovens. Nesse público, a prevalência da doença dobrou nos últimos dez anos.

Pensando nisso, o governo passou a oferecer em dezembro de 2017 a profilaxia pré-exposição (PrEP). São comprimidos com doses menores de antirretrovirais que impedem o vírus de se instalar no organismo. Difícil mesmo é vencer os preconceitos e tabus que ainda afetam as populações mais vulneráveis ao HIV.

Veja mais sobre estes e outros pontos importantes no combate à doença: Enquanto a cura da aids não vem

14. A febre amarela deu as caras, mas está tudo bem

Em outubro, um macaco foi encontrado morto em um parque da Zona Norte de São Paulo. O animal tinha o vírus da febre amarela, diagnóstico que depois foi confirmado em mais dois símios e levantou um alerta pela cidade. Por precaução, a prefeitura fechou parques e promoveu um mutirão de vacinação na região.

Não há, contudo, motivo para pânico. Nenhum caso foi registrado em humanos e a variedade que acometeu os macacos é a febre amarela silvestre, que não é transmitida pelo aedes aegypti. De qualquer maneira, como esse problema também assustou os brasileiros entre 2016 e 2017, a vacina contra o vírus será incluída a partir do ano que vem no Calendário Nacional de Imunização para os bebês.

15. Os limites para pressão arterial e colesterol estão mais rígidos

Em novembro, a American Heart Associação (AHA) revisou pela primeira vez em mais de uma década seu conceito de pressão alta. Ao invés de a hipertensão ser definida a partir de números superiores a 140 por 90 mm/Hg (ou 14 por 9), como antes, agora desceu para 130 por 80 (13 por 8). Lembre-se de que todo médico comemora quando seu paciente apresenta o famoso 12 por 8.

Segundo a entidade, indivíduos com pressão acima de 13 por 8 já têm o dobro de risco de desenvolver algum problema cardiovascular. Tudo indica que as entidades brasileiras também irão baixar seus limiares nos próximos meses.

A meta do colesterol também ficou mais rígida, especialmente para gente com maior risco cardíaco – ou seja, que já possuem diabetes, pressão alta e por aí vai. A nova diretriz foi publicada em agosto pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

16. As crianças trans foram reconhecidas pela Sociedade Brasileira de Pediatria

Em junho, a entidade lançou um manual para orientar os pediatras sobre a disforia de gênero, quando a pessoa não se identifica com o órgão genital do nascimento. O fenômeno pode se manifestar logo cedo na vida, não acontece por influências externas e não deve ser tratado como uma doença a ser curada.

A entidade tocou no assunto porque identificar, acompanhar e apoiar as pessoas trans já na infância ajuda a evitar problemas psicológicos e até mesmo uma vida marginalizada no futuro. O que não quer dizer, ao contrário do que o preconceito prega por aí, que crianças recebam hormônios nem nada do tipo.

Entenda melhor aqui: As crianças trans

17. A maconha medicinal avançou no Brasil

Em janeiro, o primeiro medicamento à base de cannabis sativa foi registrado no país, o Mevatyl, usado no tratamento da esclerose múltipla. E o canabidiol, um dos princípios ativos da planta, deixou de vez o rol de substâncias proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

As liberações recentes são promissoras, mas muitas pessoas ainda brigam na justiça pelo direito de importar remédios à base da erva. Que, usada com a indicação certa, têm se mostrado uma boa aliada no combate a uma série de condições, embora ainda faltem pesquisas em certas áreas.

A pressão popular e as evidências científicas do momento já fizeram a Anvisa afirmar, por meio de nota divulgada à imprensa no meio do ano, que está estudando maneiras de regulamentar o cultivo doméstico para fins medicinais.

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