O cirurgião Glauco Baiocchi Neto, do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo, foi o primeiro do mundo a realizar a transposição do útero em uma paciente de 33 anos com tumor na região genital. “Após realizarmos uma operação, a biópsia nos indicou a necessidade de realizar sessões de radioterapia, tratamento com grande eficácia mas que tem o efeito colateral de esterilizar os ovários”, conta o médico.
Ele resolveu, então, fazer antes um segundo procedimento, em que os órgãos reprodutores são colocados temporariamente acima do umbigo para, assim, livrá-los da radiação. A estratégia, que ganhou repercussão global, deu certo e a mulher está livre para tentar engravidar.
Agora a ideia é testar a técnica em mais voluntárias em um futuro próximo. Veja como ela funciona:
Preservar para multiplicar
A preocupação com a fertilidade após o diagnóstico de um tumor uterino está mesmo em alta: outra iniciativa, capitaneada pelo MD Anderson Cancer Center, nos Estados Unidos, quer avaliar um tipo de cirurgia mais conservador contra a doença.
“A proposta é retirar apenas a massa cancerosa e manter intactas outras estruturas próximas, como um tecido fibroso chamado paramétrio”, diz o cirurgião André Lopes, do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), uma das 14 instituições que estão participando da pesquisa. Dessa maneira, as chances de ser mãe no futuro aumentam consideravelmente.
Claro que essa saída não serve para todo mundo. “Por mais que não existam restrições de idade, ela se limita aos tumores iniciais, com tamanho de até 2 centímetros, e sem evidência de terem se espalhado”, esclarece Lopes. Os resultados da experiência internacional devem ser publicados durante o segundo semestre de 2019.