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Malária: uma notícia boa — e outra ruim

Essa doença acomete mais de 140 mil brasileiros por ano. E, se está surgindo um teste importante para flagrá-lo no sangue, a vacina contra ele decepcionou

Por André Biernath
Atualizado em 14 fev 2020, 18h23 - Publicado em 15 set 2017, 18h29
malaria
A malária, transmitida pelo mosquito Anopheles, está na mira da ciência (Ilustração: Cassio Bittencourt/SAÚDE é Vital)
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Em palestra apresentada na tarde de ontem durante o Congresso Brasileiro de Infectologia, o médico Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, em Manaus, discutiu as perspectivas de erradicação da malária no Brasil. O foco das estratégias para acabar com a enfermidade por aqui está na doença causada pelo protozoário Plasmodium falciparum — apesar de 90% dos casos no país serem provocados por outro agente, o Plasmodium vivax, as pessoas acometidas pelo falciparum sofrem mais complicações e têm risco elevado de morte.

Desde 2015, o Ministério da Saúde colocou em prática um plano para eliminar essa condição infecciosa. Segundo dados do mesmo ano, o número de acometidos vem caindo bastante e atingiu as menores marcas das últimas três décadas, com uma redução de 89% nas mortes em relação ao começo deste século.

A boa notícia apresentada por Lacerda é um teste que será implementado em breve em todos os centros de doação de sangue do Brasil. Feito em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, no Rio de Janeiro, o exame será capaz de detectar a presença do protozoário da malária nas bolsas de líquido vermelho.

Essa triagem impedirá que a doença seja transmitida durante a transfusão de sangue. “Esse é um fato histórico e pioneiro, pois todo o desenvolvimento dessa tecnologia aconteceu aqui no Brasil”, comemora o especialista. Até agora, os únicos patógenos investigados de rotina nos locais de coleta eram os vírus HIV e das hepatites B e C.

A má notícia está na criação de uma vacina para a malária. A grande esperança era um produto da farmacêutica GSK, que atua contra o tal do Plasmodium falciparum. Mas nos primeiros estudos maiores, ela não está se saindo muito bem: trouxe uma proteção de apenas 30% para os casos regulares e de 50% para os quadros graves. O valor está abaixo de outros imunizantes, que oferecem mais de 90% de resguardo.

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“Pelo que sabemos até agora, ela pode até trazer algum benefício, mas a eliminação total vai depender de uma série de ações conjuntas, como um melhor monitoramento, exames rápidos, controle dos mosquitos e investimento em novas pesquisas”, diz Lacerda. Em todo caso, está programado para começar em 2018 um grande ensaio clínico da candidata à vacina. Ela será aplicada em voluntários de Gana, Quênia e Malauí, países africanos com alta circulação do protozoário. Os resultados da experiência são aguardados com bastante expectativa pela comunidade científica.

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