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HPV: o que é, sintomas, transmissão e tratamentos

A infecção sexualmente transmissível mais comum do mundo causa desde verrugas até câncer. Conheça os sintomas, o tratamento, a prevenção e a vacina do HPV

Por Maria Tereza Santos
8 dez 2020, 13h50
O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum do mundo. (Foto: Fabio Mangabeira/SAÚDE é Vital)
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O que é o HPV

HPV é a abreviação em inglês para papilomavírus humano. Essa infecção sexualmente transmissível muitas vezes não causa sintomas, mas pode provocar verrugas genitais em homens e mulheres.

A verdade é que existem mais de 100 tipos de HPV. Cerca de 40 afetam a região genital e, entre esses, pelo menos 13 eventualmente desencadeiam câncer de colo do útero, vagina, ânus, vulva e pênis. Em caso de sexo oral, eles aumentam também o risco de tumores na orofaringe e na boca.

Transmissão do HPV

Via de regra, o HPV é transmitido durante o sexo, seja ele vaginal, anal ou oral. Até mesmo a masturbação pode levar ao contágio.

Esse vírus fica alojado em qualquer parte da região genital, não só na vagina e no pênis. Vulva, períneo, bolsa escrotal e região pubiana também podem alojar o HPV. Daí porque o preservativo masculino ajuda a evitar a doença, mas não anula o risco de contágio. Falaremos da prevenção adequada mais pra frente.

Outra forma de transmissão mais rara é a vertical (da mãe para o bebê durante o parto).

Sintomas de HPV

Na imensa maioria das pessoas, o HPV passa despercebido — o próprio sistema imunológico dá conta de se livrar dele antes de causar qualquer sintoma. Mas, em algumas situações, ele consegue perdurar no corpo e, tempos depois da sua instalação, provocar estragos. Isso é mais comum em indivíduos que estão com as defesas do organismo fragilizadas (gestantes, pacientes com aids sem tratamento adequado etc).

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Quando o HPV se manifesta, em geral, deflagra verrugas genitais, como dissemos no início. “Elas podem ser únicas ou múltiplas. Algumas são doloridas e coçam”, relata Mônica Levi, presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). Esses sintomas demoram de seis meses a dois anos para aparecer.

Nos recém-nascidos infectados por transmissão vertical (o que, mais uma vez, é um fenômeno raro), a manifestação mais comum é a papilomatose laríngea. São, em resumo, verrugas que nascem nas mucosas das vias aéreas do bebê

Essa chateação eventualmente dá as caras nas outras faixas etárias também. “Nesse caso, o paciente sente incômodo na região, rouquidão, alteração da voz e até dificuldade para respirar”, conta a pediatra.

A incidência

Essa é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo. Estima-se que 25% a 50% das mulheres e 50% dos homens no mundo já tenham contraído algum tipo de HPV. Mas não custa reforçar: a maioria dessas pessoas não manifesta sintomas — sejam verrugas, seja o câncer.

Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Hospital Moinhos de Vento, na capital do Rio Grande do Sul, em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou dados similares no Brasil. Entre os 8 626 homens e mulheres de 16 a 25 anos de idade analisados, verificou-se a presença de HPV em 53,6%.

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A prevalência na população feminina foi de 54,6% e na masculina, 51,8%. Os subtipos de alto risco para o câncer foram encontrados em 35,2% dos participantes. Não é pouca gente.

“O momento de infecção costuma ocorrer entre os 15 e 19 anos de idade, porque ela acontece rapidamente após o início da atividade sexual. Mas estudos mostram que é possível adquirir o vírus em todas as faixas etárias”, informa Mônica.

Diagnóstico de HPV

Há diferentes métodos. Lesões nas partes externas dos órgãos genitais ou na região bucal podem ser detectadas no próprio consultório. O padrão das verrugas dá ótimas pistas para o especialista.

Mas há também lesões na vagina e no colo de útero impossíveis de encontrar a olhar nu. “Essas são são detectadas apenas por Papanicolau e colposcopia”, complementa Mônica.

A ótima notícia: a partir desses exames, que devem ser repetidos de tempos em tempos de acordo com o ginecologista, dá para identificar alterações pré-cancerosas e, a partir daí, removê-las antes que virem um câncer. Em outras palavras, esses exames previnem tumores (não só os diagnosticam em estágio inicial).

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Além de tudo isso, hoje há testes que detectam a presença do HPV em si, em vez de focar apenas nas lesões. Assim como no Papanicolau, o médico coleta amostras do colo de útero para verificar a presença do material genético de diferentes tipos desse vírus. Consulte um profissional para verificar a necessidade de realizar o tal teste do HPV.

HPV tem cura? Como funciona o tratamento

Como dissemos, o próprio organismo tende a se livrar do HPV após um tempo. Caso ele persista, não existe um antiviral específico. O que se faz é tratar as eventuais lesões deixadas por ele e acompanhar o paciente para evitar o câncer (ou para detectá-lo precocemente, quando há maior chance de cura).

“Há vários tratamentos para as verrugas e lesões. Temos pomadas imunossupressoras, cauterização e cirurgia”, lista a expert. A escolha vai depender da quantidade de machucados e da localização.

Aliás, os dois últimos métodos estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). E algumas pomadas também.

Possíveis complicações… e o câncer

Primeiramente, há um risco de as lesões genitais se tornarem frequentes. “As células vizinhas da área afetada podem ser contaminadas, dando origem a lesões futuras”, alerta a médica. Por isso, além de lidar com o incômodo, o paciente talvez precise refazer o tratamento várias vezes ao longo da vida.

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No entanto, a principal e mais temida complicação é o câncer, principalmente o de colo do útero (ou cervical). De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tipos 16 e 18 do HPV estão por trás de 70% dos casos desse tumor.

Segundo a entidade, o câncer de colo de útero só é menos incidente nas brasileiras do que o de mama, o colorretal e o de pele. Estima-se que teremos 15,38 novos casos para cada 100 mil mulheres no nosso país em 2020.

O número é absurdo, principalmente se considerarmos que esse tumor pode ser praticamente extinto da face de terra.

Prevenção

Essa é uma das poucas ISTs cuja prevenção não gira em torno apenas do preservativo (ao contrário da sífilis, por exemplo). Como dissemos no começo, o vírus se instala em outras áreas da região genital que não são cobertas pela camisinha.

“Ainda assim, ela é muito importante. Seu uso barra de 70% a 80% das infecções por HPV”, esclarece Mônica.

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Mas, sem dúvida, a principal medida preventiva é a vacinação. No SUS, está disponível a vacina quadrivalente contra o HPV, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18.

“Além de defender contra os grandes responsáveis pelo câncer de colo de útero, ela cobre os tipos que geram 90% das verrugas genitais”, avisa a pediatra. A quadrivalente é aplicada até os 14 anos nos postos de saúde de todo o país — a partir dos 11 nos garotos e dos 9 nas garotas.

“Pessoas com imunodeficiência e transplantados, portadores do HIV e pacientes oncológicos têm direito a receber a vacina dos 9 aos 26 anos gratuitamente”, completa a expert.

Na rede privada, ela pode ser tomada dos 9 aos 45 anos. Entre as versões pagas, há também a bivalente, que protege apenas contra os tipos 16 e 18, e a nonavalente. Essa evita mais versões do HPV ligadas ao câncer (16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58) e também algumas que causam verrugas genitais (6 e 11).

Independentemente da versão escolhida, o esquema vacinal consiste em duas doses com intervalo de seis a 12 meses — caso seja aplicada até os 15 anos de idade. Para os mais velhos, são três picadas: a segunda depois de dois meses e a última, seis meses após a primeira.

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