A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia confirmou no último dia 22 de julho duas mortes em decorrência da febre oropouche, registradas mais cedo em 2024. Também há um óbito suspeito sendo investigado em Santa Catarina.
As duas vítimas baianas tinham menos de 30 anos. Além disso, o estado de Pernambuco investiga quatro mortes de fetos em gestantes que contraíram a doença.
O avanço do oropouche pelo Brasil tem causado alertas no Ministério da Saúde, que reforça a necessidade de prevenção. A doença, antes endêmica na região Norte, passou a ter casos registrados em outras partes do país, com uma explosão de contágios: neste ano, já foram 7,2 mil registros da doença em 16 unidades da federação, contra apenas 832 mil casos em 2023.
A febre oropouche é uma doença viral que tem diferentes espécies de mosquito como vetores: o principal é o Culicoides paraensis, mas até mesmo o pernilongo comum pode transmiti-la.
A doença preocupa ainda por ter uma possível associação com casos de microcefalia em bebês, embora essa suspeita ainda esteja sendo investigada.
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Quem eram as vítimas da Bahia
Segundo a investigação, as duas mortes confirmadas nesta semana ocorreram nos dias 27 de março e 10 de maio. A primeira foi uma mulher de 21 anos residente do município de Valença. A segunda tinha 24 anos, era moradora de Camamu, mas faleceu em Itabuna.
Nenhuma das vítimas tinha comorbidades conhecidas. Conforme as informações divulgadas, as duas começaram com febre, dores de cabeça e pelo corpo, mas o quadro evoluiu para manifestações mais graves, incluindo hematomas pelo corpo e sangramentos.
Em exames laboratoriais, também foi verificada a queda de hemoglobina e plaquetas.
Mortes de fetos em Pernambuco
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Pernambuco confirmou à imprensa local que quatro abortos estão sendo estudados por uma possível relação com a febre do oropouche.
As gestantes tiveram sintomas da infecção e duas delas receberam o diagnóstico confirmando a presença do vírus no organismo. Os outros dois casos seguem em investigação.
Ainda não está certo, contudo, se os óbitos têm relação com a doença.
Cuidados com o oropouche
O combate ao oropouche passa pelo controle da proliferação de mosquitos e o cuidado com a exposição a eles. Deve-se garantir a limpeza de ambientes e terrenos onde eles podem se reproduzir.
Já para os insetos no ar, pessoas devem evitar frequentar áreas com mosquitos em excesso, usar roupas compridas protegendo a pele quando possível e fazer uso de repelentes e mosquiteiros.
Não existe um tratamento específico e todas as abordagens buscam aliviar os sintomas enquanto o corpo combate a infecção. Na maioria dos casos, há recuperação completa e sem sequelas.
Existe risco de uma epidemia nacional?
O avanço da febre oropouche vem sendo um desafio para as autoridades sanitárias e, embora os números ainda estejam muito distantes daqueles vistos neste ano com a dengue, há um temor de que a doença antes limitada à região Norte se torne uma constante em todo o país.
Especialistas apontam que há risco de estabelecimento da doença em outros estados, como já ocorreu antes com outros quadros transmitidos por mosquitos, tornando-a uma preocupação perene além dos surtos pontuais.
O fato de diferentes espécies transmitirem o vírus causador do oropouche aumenta as chances de epidemias futuras.