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Exame que recria tumor em 3D para testar tratamentos já chegou ao Brasil

Organoides derivados do paciente podem ajudar a guiar decisões terapêuticas em casos complicados, mas uso clínico ainda é incerto

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 28 set 2023, 17h13 - Publicado em 28 set 2023, 17h12
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  • Já está disponível no Brasil um novo teste que promete melhorar as indicações de quimioterapia em situações específicas do tratamento do câncer.

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    O exame, chamado de Onco-PDO, cria uma versão em miniatura do tumor em laboratório, a partir de células extraídas do próprio indivíduo.

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    Com essa réplica, chamada de organoide, em mãos, os profissionais testam diferentes quimioterápicos para ver qual deles atuará melhor contra aquele câncer específico. A partir daí, definem o esquema terapêutico.

    Em estudos já publicados, o método e outros similares demonstraram uma capacidade preditiva superior a 80% para a resposta à quimioterapia em tumores gastrointestinais e colorretais metastáticos (aqueles que se disseminaram para outros tecidos).

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    “De maneira geral, os tratamentos de primeira linha [iniciais] são muito bem definidos, o oncologista sabe qual quimioterapia irá funcionar. Porém, se eles não têm o efeito esperado, nem sempre está estabelecida qual é a melhor abordagem”, explica o oncologista Alexandre Jácome, da Oncoclínicas, em Belo Horizonte (MG).

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    É nesse contexto que o teste entraria, para ajudar a solucionar casos mais complicados.

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    No país, ele é oferecido pela empresa Invitrocue, que adquiriu a tecnologia em Singapura. Tudo é feito em território nacional, com exceção do laudo, enviado para uma empresa na Alemanha.

    Hoje, o procedimento custa cerca de R$ 25 mil, não é coberto por planos de saúde, e o resultado sai em cerca de 21 dias.

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    O que são os organoides

    Os organoides são uma tecnologia recém-desenvolvida, que basicamente recria em laboratório estruturas do corpo para avaliar seu funcionamento.

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    Diferentemente de uma cultura de células, onde elas ficam agrupadas em uma placa de vidro, aqui elas se auto-organizam em seu formato “original”, digamos assim. Para isso, podem ser usadas diversas técnicas, como a bioimpressão e a preparação de um ambiente especial.

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    No caso do câncer, o modelo 3D é construído a partir de células retiradas de biópsias ou cirurgias. E é preciso que a célula esteja “fresca”, ou seja, não tenha sido congelada, como costuma ocorrer com as amostras para estudos moleculares e genéticos.

    + Leia também: “Estamos criando cientistas astronautas”, diz brasileiro que vai estudar minicérebros no espaço

    Ainda apenas começando a mostrar resultados, os organoides são considerados uma revolução no âmbito científico. “É o mais próximo que temos até agora do in vivo [o tecido, órgão ou célula funcionando no próprio ser humano]”, explica Felipe Almeida, CEO da Invitrocue.

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    Eles estão sendo usados, por exemplo, para criar minicérebros que estudam autismo, Alzheimer e outras condições neurológicas. Na oncologia, são testados há alguns anos, sendo que as principais pesquisas com pacientes saíram entre 2021 e 2022.

    Uso dos organoides na prática

    Hoje não há uma indicação formal para o teste, mas ele pode ser solicitado para avaliar tumores sólidos (mama, próstata, cólon, etc.) que não responderam ao tratamento inicialmente proposto, e sempre quando o plano é usar quimioterapia.

    “É uma ferramenta muito promissora, mas ainda não há estudos dizendo quais pacientes que recebem o tratamento pré-testado no organoide se saem melhor do que os outros”, comenta Dirce Carraro, pesquisadora principal do grupo de Genômica e Biologia Molecular do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

    A especialista comenta ainda outras limitações. “Essas abordagens ainda são muito caras e a certeza da resposta não é 100%, porque outros fatores influenciam a sensibilidade do tumor no organismo”.

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    Para Dirce, o teste pode ser usado como apoio em casos específicos. “Para dar mais segurança ao médico na hora da decisão sobre a terapia”, emenda.

    + Leia também: Novas fronteiras no cerco ao câncer

    O que as pesquisas atuais mostram é uma alta capacidade de predizer a que tratamentos aquele tumor reagirá, mas sem avaliar o desfecho em longo prazo.

    “Temos trabalhos publicados em periódicos muito respeitados com relatos de caso e estudos demonstrando que o comportamento do organoide é muito semelhante à resposta in vivo”, comenta Jácome.

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    É provável que eles logo se tornem mais utilizados na prática. O A.C. Camargo fomenta uma startup de organoides em sua incubadora. E mais empresas estão para chegar ao Brasil.

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