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Doença parecida com leishmaniose, mas mais grave, é descoberta no Brasil

Parasita até então desconhecido já teria infectado aproximadamente 150 pessoas em Sergipe, incluindo pelo menos uma vítima fatal

Por Chloé Pinheiro
30 set 2019, 18h41
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    O novo parasita se parece com causador da leishmaniose visceral. (Foto: Agência Fapesp/Divulgação)

    Uma doença emergente, com sintomas parecidos aos da leishmaniose visceral, acaba de ser descrita pela primeira vez por pesquisadores brasileiros. Mais grave e resistente a tratamentos, ela é provocada por um parasita até então desconhecido, já infectou cerca de 150 pessoas e matou ao menos uma delas.

    O primeiro caso foi identificado em 2011, em Aracaju (Sergipe). Um homem de 60 anos, com sintomas de leishmaniose visceral — problema endêmico em algumas regiões do país — deu entrada no hospital já em estado grave, o que não é comum. Via de regra, a leishmaniose evolui mais lentamente.

    “Ele não respondeu aos tratamentos convencionais, com quatro recidivas que resultaram em novas internações”, explicou, em comunicado à imprensa, Roque Pacheco Almeida, imunologista da Universidade Federal do Sergipe (UFS), que atendeu o caso, descrito em artigo recém-publicado no periódico Emerging Infectious Disease. “Em mais de 30 anos trabalhando com leishmaniose, com mais de 11 mil indivíduos diagnosticados, nunca tinha visto nada parecido”, destaca o médico.

    O homem em questão apresentou ainda lesões de pele características de outro tipo de leishmaniose, a tegumentar, que geralmente é mais branda. Ele acabou morrendo em 2012.

    Esse caso dramático e intrigante motivou uma investigação feita por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos, da Universidade de São Paulo e da UFS. Os resultados, mostrados no estudo, são claros: trata-se mesmo de uma nova espécie, que infecta mamíferos e pode ameaçar a saúde.

    O novo inimigo da saúde

    Nem o agente infeccioso nem a doença têm nome. Sabe-se que o parasita se parece com o Crithidia fasciculata, uma espécie de protozoário que infecta insetos, mas é incapaz de fazer o mesmo com mamíferos. Já a leishmaniose é causada por espécies do gênero Leishmania.

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    O Crithidia e o Leishmania são da mesma família do Trypanosoma cruzi, que deflagra a Doença de Chagas. Análises genômicas ajudaram a confirmar que se tratava de uma espécie desconhecida, provavelmente pertencente a esse grupo maior de micro-organismos.

    Após essa identificação, a equipe cultivou em laboratório o mesmo protozoário que circulava no corpo daquela vítima fatal, e confirmou que ele era capaz de infectar, além de seres humanos, camundongos.

    Esse projeto foi financiado pelo Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (Crid) da Fapesp, com participação da Fiocruz e dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).

    Confusão com a leishmaniose?

    A leishmaniose visceral é causada por mais de uma dezena de protozoários do tipo Leishmania, transmitidos pelo mosquito palha. A doença afeta fígado e baço e, se não tratada, pode ser fatal.

    A Organização Mundial da Saúde calcula entre 50 e 90 mil casos ao ano no mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são 3 500 indivíduos afetados no mesmo período, com mortalidade crescente: de 3,1% em 2000 para 7,1% em 2012.

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    “A alta pode estar relacionada ao surgimento dessa nova doença, parecida com a leishmaniose visceral, mas mais grave e resistente aos tratamentos”, comentou Almeida no texto de divulgação. Ou seja, alguns óbitos dos últimos anos atribuídos à leishmaniose na realidade decorreriam dessa nova ameaça. Mas isso não foi confirmado.

    A transmissão dessa doença

    Uma das suspeitas do grupo de pesquisadores é a de que o novo parasita seria carregado por dois gêneros de mosquito: o Culex, famoso pernilongo que atormenta as noites quentes brasileiras, e os anofelinos, que estão por trás da malária.

    Mais estudos são necessários para confirmar a hipótese, bem como entender o ciclo de vida do micróbio, seus reais hospedeiros e efeitos da infecção pelo corpo. Já se sabe, contudo, que ele tem potencial para se tornar um problema de saúde pública, principalmente se não receber a devida atenção das autoridades.

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