No dia 14 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Diabetes. A data faz referência ao aniversário do codescobridor da insulina, Sir Frederick Banting.1 A doença afeta 537 milhões de adultos em todo o mundo e foi a causa de 6,7 milhões de mortes em 2021. No mesmo ano, foram registrados quase 16 000 brasileiros com diabetes. Para 2045, a previsão é que esse número ultrapasse os 23 000.2
De acordo com a dra. Paula Bruna Araújo, diretora médica do Sérgio Franco, no Rio de Janeiro, marca de medicina diagnóstica da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, a diabetes é caracterizada pelo déficit ou má absorção da insulina, hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue e transformá-la em energia para o organismo.
Diabetes: tipos e diagnóstico
Existem alguns tipos de diabetes: a pré-diabetes, quando os níveis de glicose no sangue estão altos, mas não o suficiente para um diagnóstico; a diabetes tipo 1, em que há déficit de produção de insulina pelo pâncreas; e a diabetes tipo 2, em que há resistência dos tecidos à ação da insulina e que acomete cerca de 90% dos pacientes, podendo se desenvolver ao longo da vida.3 Ambos os tipos têm a hereditariedade como fator de risco, sendo ainda mais importante no diabetes tipo 2.
Para a dra. Suemi Marui, endocrinologista do Delboni Medicina Diagnóstica, em São Paulo, marca que também faz parte da Dasa, o rastreamento da diabetes deve se iniciar a partir dos 45 anos, em geral. “Quando há fatores de risco, como o histórico familiar de diabetes, sobrepeso e obesidade, sedentarismo e doença cardiovascular, o rastreamento pode começar bem mais cedo, mesmo na puberdade. Todo paciente com sintomas de sede excessiva, diurese excessiva e perda de peso inexplicável também deve ser avaliado”, diz.
A médica relata que existe um extenso portfólio de exames de análises clínicas para o diagnóstico de diabetes, como hemoglobina glicada, glicemia de jejum, curva glicêmica de duas horas após sobrecarga com glicose oral. “É fundamental que a doença seja rastreada e controlada. O controle da diabetes pode ser feito por meio da hemoglobina glicada, mas o próprio paciente pode controlar sua glicemia, inclusive, usando aparelhos como glucosímetros ou sensores de glicemia”, complementa a dra. Suemi.
A dra. Paula ressalta que não há cura para a doença, mas para a diabetes tipo 2 pode haver remissão. Além de tratamento medicamentoso, outra opção é a cirurgia metabólica. “O descontrole da taxa glicêmica pode levar a complicações como glaucoma, doença cardiovascular, lesões neurológicas, problemas nos pés e disfunção sexual”, explica.
Doença renal e diabetes gestacional
A dra. Maria Alice Barcelos, coordenadora do Centro do Rim e Diabetes do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, marca da Dasa, conta que a diabetes é a doença que mais compromete a saúde dos rins, podendo levar à insuficiência renal. Mas a detecção precoce pode levar à estabilização e até reversão do quadro – para isso, é importante que o paciente conte com uma equipe multidisciplinar.
O Hospital Nove de Julho, por exemplo, possui um centro especializado no atendimento de pacientes com diabetes e problemas renais. “O centro envolve várias especialidades, inclusive o serviço de hemodiálise. A ideia é facilitar o encaminhamento, cuidando do paciente da melhor maneira possível.” A instituição faz o seguimento também de pacientes renais transplantados e de quem teve diabetes gestacional.
Essa condição, como conta o dr. Matheus Beleza, coordenador do setor de medicina materno-fetal da Maternidade Brasília, pertencente à Dasa no Distrito Federal, se trata da alteração das taxas de açúcar no sangue durante a gravidez. “A doença tem como fator de risco as alterações hormonais da gestação e se desenvolve quando há um desequilíbrio na absorção de glicose. Ela não impede uma gestação tranquila quando diagnosticada precocemente e acompanhada por profissional capacitado”, garante.
As consultas de pré-natal e o diagnóstico precoce são fundamentais para esse fim. A principal maneira de prevenir a condição é como na diabetes tipo 2: com o controle do ganho de peso e a prática de atividades físicas. “O tratamento varia desde a orientação de exercícios e dieta até o uso de insulina. Na maioria das vezes, depois da gravidez, os hormônios voltam ao normal. No entanto, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da diabetes tipo 2 no futuro.”
Referências:
- Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Acesso aos cuidados – se não agora, quando?: 14/11 – Dia Mundial e Nacional do Diabetes. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/acesso-aos-cuidados-se-nao-agora-quando-14-11-dia-mundial-e-nacional-do-diabetes/. Acesso em: 29 out 2022.
- International Diabetes Federation (IDF). IDF Diabetes Atlas. Disponível em: https://diabetesatlas.org/. Acesso em: 29 out 2022.
- Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: https://diabetes.org.br/. Acesso em: 29 out 2022.