Nos últimos anos, uma técnica medicinal chinesa se popularizou nas redes sociais: o cone hindu. A prática oriental promete tratar problemas respiratórios e aliviar alergias, mas não possui embasamento científico para os seus benefícios.
Pelo contrário, ela é perigosa e desencorajada pelos otorrinolaringologistas.
A seguir, entenda mais sobre ele.
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Como funciona o cone hindu?
Também conhecido como “vela de ouvido”, esse instrumento nada mais é do que um cone oco feito de tecido, coberto com algum tipo de cera – geralmente de parafina, de abelha ou de soja – e embebido em óleos ou ervas medicinais.
Para realizar o procedimento, o profissional posiciona a parte pontiaguda do objeto no ouvido e queima a outra ponta. Na maioria dos casos, é colocada uma proteção ao redor para que a cera não respingue enquanto a vela permanece acesa por cerca de dez a quinze minutos.
E os benefícios?
Os adeptos da técnica defendem que o calor provocado nesse processo causa uma sucção, capaz de puxar impurezas para fora do canal auditivo.
Assim, a prática serviria para tratar dores e infecções de ouvido, zumbidos, resfriados, gripes, sinusite, dores de garganta e vertigem.
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No âmbito espiritual, o uso do cone hindu ainda é associado ao alinhamento dos chakras e à redução do estresse. Contudo, não há comprovação para nenhum desses benefícios.
O que alertam os especialistas
Ao final do tratamento, é comum que o profissional responsável pela aplicação corte a vela verticalmente para mostrar ao paciente os resíduos que foram removidos. Mas, será que isso é mesmo cera de ouvido?
A ciência diz que não. Faltam evidências de que o cone hindu auxilia na redução de cera do canal auditivo. Na verdade, estudos demonstram até mesmo um aumento nessa quantidade após o procedimento, devido à cera depositada pela própria vela.
Os riscos do cone hindu
Se, por um lado, não há bases científicas suficientes para atestar os benefícios da terapia oriental, por outro, existem muitas que comprovam os seus riscos. Mesmo quando aplicado com cautela, o tratamento está sujeito a complicações graves.
Queimaduras no ouvido e no rosto, perfurações no tímpano, perdas de audição, bloqueios passíveis de cirurgia no canal auditivo são algumas das possíveis consequências. Esses perigos são ainda maiores para crianças.
O que realmente fazer diante de problemas nos ouvidos, nariz e garganta?
Quando o problema for coceira ou obstrução no ouvido, cutucá-lo com uma haste flexível também não é a solução. Pelo contrário, isso pode deslocar a cera, piorando a audição.
Diante de um problema auditivo, portanto, a opção mais segura e eficaz é procurar um otorrinolaringologista. Além de avaliar o quadro, ele poderá indicar tratamentos cientificamente comprovados para doenças otológicas.
Quando se tratam de sintomas respiratórios, a ida ao médico é igualmente essencial para mapear a causa dos sinais. Desta forma, podem ser solicitados exames e, em seguida, prescritas medicações.