No Carnaval, o consumo de álcool tende a aumentar entre os foliões. E justamente por não querer que a festa de ninguém seja estragada, VEJA SAÚDE elencou algumas interações que realmente vale ficar de olho para evitar intoxicação, acidentes, quedas e lesões aos órgãos internos.
Antes disso, só um recado sobre uma prática tão tradicional quanto eficaz: intercalar os goles de álcool com água. “É uma estratégia que ajuda a diminuir a frequência da ingestão de álcool e também diminuir o teor alcoólico no sangue. Água e alimentos podem auxiliar na cadência digestiva e dar um ‘respiro’ ao processamento do álcool feito pelo fígado”, destaca Kae Leopoldo, doutor em neurociência e pesquisador do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).
Álcool e energéticos
Para começar, o energético mascara a percepção de embriaguez. “Por serem bebidas estimulantes, os energéticos conseguem retardar a percepção dos efeitos do álcool, que é um depressor do sistema nervoso”, detalha Leopoldo.
Aí o indivíduo tende a beber mais do que o usual, o que favorece perda de consciência, vômitos e ressaca. Resultado: ele vai perder a festança para se restabelecer ou até por parar no pronto-socorro.
A percepção distorcida do nível de embriaguez também pode fazer a pessoa se engajar em atividades de risco por pensar que está plena. “O crime de beber e dirigir é um dos mais nefastos exemplos disso”, pontua o especialista. Que fique claro: mesmo tomando energéticos, o álcool continua afetando a resposta motora e as funções cognitivas. Nunca beba e dirija.
Além disso, a combinação de álcool e energéticos sobrecarrega diversos órgãos do corpo, como o coração e o fígado. “Quando você soma esses dois estímulos, pode aumentar o risco de pressão alta, arritmias graves e descompensação de quadros psiquiátricos, como síndrome do pânico”, afirma o cardiologista Antônio Eduardo Pesaro, do Hospital Israelita Albert Einstein.
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Pode beber álcool enquanto está tomando remédios?
O uso de álcool não é recomendado para pessoas que estão fazendo uso de certos remédios. A lista de interações é extensa, então é crucial que o paciente cheque com o médico se o consumo é seguro no seu caso.
Por exemplo: as estatinas, fármacos indicados contra o colesterol alto, não são afetadas pelo álcool de maneira significatva. Já a maioria dos remédios psiquiátricos não se alinha com o consumo concomitante de álcool.
“O uso simultâneo pode gerar sonolência, pressão alta, problemas cardiovasculares em geral e sobrecarga de diversos órgãos do corpo”, enfatiza Pesaro. Além disso, o consumo de álcool, principalmente se exagerado, pode cortar ou intensificar o efeito dessas medicações, além de disparar crises e sentimentos negativos em uma fase já delicada.
“O consumo de álcool não é um bom aliado na promoção de saúde mental“, arremata Leopoldo.
O risco da mistura com substâncias ilícitas
Aqui, existem efeitos imediatos e de longo alcance dessa combinação. A curto prazo, a ingestão de bebidas alcoólicas junto com outros entorpecentes favorece intoxicações graves – o que, de novo, pode sabotar a farra do Carnaval.
“A mistura aumenta o risco de arritmias, infarto, oscilações graves de pressão, parada cardíaca, sedação e coma. A pessoa pode ficar sonolenta e vomitar, com risco de aspiração desse vômito. A ingestão combinada potencializa os efeitos das substâncias, o que é perigoso”, enfatiza Pesaro.
Um exemplo: o álcool aumenta a absorção do principal componente psicoativo da maconha (o THC), enquanto a droga eleva a intoxicação e os níveis de álcool no sangue.
O perigo também se estende para a cocaína. Além de provocar um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, a euforia e a diminuição da inibição geradas por essa mistura induzem a pessoa a se colocar em situações de risco.
Verdade que, muitas vezes, o álcool não precisa de companhia para estimular comportamentos como agressões, beber e dirigir e fazer sexo sem proteção. Ocorre que o uso de múltiplas substâncias alucinógenas incitaria tomadas de decisão temerárias.
Já a longo prazo, o uso combinado de álcool e outras drogas favorece problemas no fígado, nos rins, no coração e por aí vai. “Fora que pessoas com dependência de álcool têm maior risco de desenvolver o mesmo quadro com outras drogas”, alerta Leopoldo.
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Recados finais
A gente sabe que, com o Carnaval, essa frase pode soar batida, mas “beber com moderação” segue sendo uma regra de ouro. Evitar misturas e tomar bastante água, também.
Outro ponto importante é o cuidado com drinques e cervejas em ambientes aquáticos. A dificuldade para avaliar os riscos, principalmente de locais desconhecidos como praias e cachoeiras, aumenta o risco de afogamentos – até mesmo por pessoas acostumadas a nadar.
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“Os foliões podem se divertir controlando a quantidade de sal, álcool e tempo de sol sem proteção“, diz Pesaro. Buscar manter uma alimentação adequada e hidratação também é importante.
“Já para aqueles que estarão encarregados de dirigir ou que estão utilizando medicamentos que interagem com o álcool, realmente vale a máxxima do álcool zero”, frisa Leopoldo.