A tuberculose não é mais tão famosa como antigamente, mas ainda preocupa. O Brasil registrou 72,8 mil novos casos da doença no ano passado e 4 534 óbitos em 2017. No mundo, são 10 milhões de acometidos e mais de um milhão de vítimas fatais ao ano – ou 4 500 por dia.
Até por isso, o Ministério da Saúde aproveitou o 24 de março, Dia Mundial de Combate à Tuberculose, para lançar uma nova campanha de conscientização.
Apoiadas no slogan “Com o apoio de todos, vamos vencer a tuberculose”, as peças veiculadas em rede nacional destacam a importância da identificação dos sintomas, do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento. Homens de 25 a 40 anos são os mais afetados e, por isso, ganharão protagonismo na campanha.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também se manifestou, reforçando a urgência de ampliar o acesso ao atendimento em serviços de saúde, de garantir financiamento para pesquisas e de promover o fim do preconceito.
A entidade ressaltou que “ninguém pode ser deixado para trás”.
Melhorou, mas…
A tuberculose é uma infecção que se instala geralmente os pulmões, mas pode também atingir ossos, rins e até a meninge, membrana que envolve o cérebro. Sua fama caiu nas últimas décadas, quando os esforços globais para reduzir a prevalência do problema começaram a dar resultado.
De acordo com a OMS, mais de 54 milhões de vidas foram salvas desde o ano 2000 e a mortalidade diminuiu 42%. No Brasil, a incidência anual da infecção causada pelo bacilo de Koch, ou Mycobacterium tuberculosis, caiu pela metade.
Só que derrotá-la de vez é outra história. Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), mais de 50 mil pessoas vivem com tuberculose nas Américas sem tratamento, ou sequer sabem que têm a doença.
“O teste de diagnóstico rápido, que poderia ajudar a reduzir esse número, foi usado em apenas 13% dos casos confirmados”, apontou o enfermeiro Milton Monteiro, do HSANP, centro hospitalar na Zona Norte de São Paulo, em artigo divulgado para a imprensa.
O tratamento
Apesar de perigosa, a tuberculose pode ser tratada com antibióticos – eles quase sempre funcionam. A taxa de cura atual nas Américas, segundo a OPAS, é de 75%.
Até 2030, esse índice deve subir para 90%, enquanto os novos casos devem cair 80%. Acabar com a epidemia global é uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Um dos principais desafios para chegar lá envolve a adesão ao tratamento, que é demorado – são no mínimo seis meses de remédios diários, oferecidos gratuitamente no SUS. Como logo nas primeiras semanas a pessoa já se sente melhor, a chance de abandonar os comprimidos aumenta.
Entretanto, não tomar os comprimidos direitinho pode até tornar a doença mais agressiva. Isso porque aumenta o risco da instalação de uma tuberculose resistente a medicamentos, bem mais difícil de eliminar.
Outro fator que atrapalha a luta contra esse transtorno é social. A transmissão da tuberculose está ligada principalmente a condições precárias de vida ou a déficits no sistema imunológico – que são mais comuns entre pacientes com aids, por exemplo.
Entram na lista dos grupos mais atingidos os indígenas, as pessoas privadas de liberdade e os moradores de rua – nesse último caso, o risco de transmissão é 56 vezes maior.
Por causa disso, há uma boa dose de preconceito atrelada às vítimas dessa infecção. E, consequentemente, ela e seus tratamentos são menosprezados.
Como evitar
A melhor maneira de se prevenir é tomar a vacina BCG, disponível nos postos de saúde para crianças dos 0 a 5 anos. A dose, geralmente dada logo depois do nascimento, protege contra as formas mais graves de tuberculose e não precisa ser reaplicada.
Manter ambientes bem ventilados e com entrada de claridade natural também diminui a circulação da bactéria, que é sensível a luz solar. Aliás, ela é transmitida por meio de gotículas que são expelidas em espirros, tosses e afins.
Já quem teve contato direto com indivíduos com tuberculose deve ser avaliado para verificar a eventual presença de alguma infecção latente – quando o micro-organismo já invadiu o organismo, mas ainda não provocou estragos.
A tosse que persiste por mais de três semanas é o sintoma clássico da forma ativa da infecção. Fadiga, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento também podem aparecer. Se houver suspeita, procure orientação médica.