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As principais doenças que causam deficiência visual e como evitá-las

Exames de rotina evitariam a maioria dos casos de cegueira. Até 2050, metade da população mundial será míope

Por Úrsula Neves, da Agência Einstein*
14 dez 2023, 16h13
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Catarata, glaucoma, problemas de refração... motivos não faltam para o aumento dos casos de piora na visão (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a cada cinco segundos, um adulto perde a visão no mundo. A cada minuto, uma criança enfrenta o mesmo problema.

No Brasil, há pelo menos 1 milhão de pessoas cegas, e 4 milhões têm deficiências visuais, com até 30% da capacidade de visão, conforme dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. E os especialistas alertam: de 60% a 80% desses casos poderiam ser evitados com diagnóstico precoce.

Atualmente, as principais causas de cegueira no mundo, segundo a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, são:

  • Erros de refração não corrigidos (miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia)
  • Catarata
  • Degeneração macular relacionada à idade
  • Glaucoma

“Na população infantil, a principal causa de cegueira é o erro refrativo não corrigido. Estima-se que 2% a 10% das crianças apresentam erro refrativo significativo. Outras causas de cegueira infantil são infecções congênitas [rubéola, sarampo e toxoplasmose congênita], retinopatia da prematuridade, catarata congênita e distrofias retinianas”, informa a oftalmologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Érika Sayuri Yasaki, especialista em retina e vítreo pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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Uso excessivo de telas prejudica a visão

O uso cada vez maior e mais precoce de celulares e outras telas tende a agravar o cenário. A OMS calcula que, até o ano de 2050, metade da população mundial será míope e terá dificuldade de ver à distância.

“Há uma expectativa de aumento da miopia nas próximas décadas como resultado da urbanização e mudança no estilo de vida, tais como menor tempo exposto ao ar livre e ampliação das atividades de perto, como o uso das telas”, destaca a oftalmologista.

Diversos estudos sugerem que uma maior exposição à luz natural e mais tempo gasto olhando para objetos distantes podem ser fatores-chave para a prevenção de doenças oculares, como a miopia. “A luz natural está relacionada à liberação de dopamina, substância que, na retina, contribui para o controle da miopia. Sendo assim, são recomendadas atividades ao ar livre por pelo menos três horas por dia, sobretudo para as crianças, além do controle dos minutos de tela”, orienta Érika.

A OMS recomenda que crianças menores de 2 anos não tenham acesso a telas. Entre 2 e 5 anos, o tempo máximo diário recomendado é de uma hora. Dos 6 aos 10, pode ir de uma a duas horas por dia.
Para jovens de 11 a 17 anos, o limite é de duas a três horas por dia. A orientação da OMS ressalta a importância de os pais ou responsáveis supervisionarem sempre os conteúdos que os filhos acessam.

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+Leia também: O que é catarata: sintomas, tratamento, cirurgia e diagnóstico

Possíveis causas para o aumento dos casos de deficiência visual

A alta prevalência de doenças oculares no Brasil pode ser atribuída a diversos fatores, segundo especialistas ouvidos pela Agência Einstein.

Entre elas, a insuficiência dos serviços de cuidados oculares frente à crescente demanda de prevenção e tratamento, o acesso restrito de atendimento oftalmológico nos postos de saúde e a ausência do uso de proteção ocular para indivíduos com atividades específicas.

Além do acesso limitado a intervenções eficazes, os oftalmologistas explicam que há uma porcentagem baixa de pessoas recebendo tratamentos para condições como erro refrativo e catarata.

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Há, ainda, o próprio processo natural de envelhecimento da população brasileira, que também faz com que os casos de problema de visão aumentem.

“As variações geográficas e econômicas também influenciam nas causas de deficiência visual. Há desafios específicos relacionados ao tratamento de certas enfermidades, como a necessidade de cirurgiões especializados para catarata”, complementa o oftalmologista Paulo Phillipe Moreira, chefe do setor de córnea nos hospitais Hospital Federal de Bonsucesso e do Hospital de Olhos de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Diagnóstico precoce é essencial

A realização regular de exames oftalmológicos é essencial para a detecção precoce de doenças oculares. Eles devem incluir toda a avaliação clínica dos olhos, como acuidade visual, percepção de profundidade, alinhamento e movimento dos olhos, além de exame de pressão ocular e de fundo de olho.

Para os recém-nascidos, um exame importante é o teste do olhinho, que deve ser feito pelo pediatra logo após o nascimento. “Essa triagem detecta possíveis alterações que possam causar obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito, entre outros problemas”, pontua Érika.

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Caso considere necessário, o pediatra irá encaminhar o bebê ao oftalmologista, que orientará os pais em relação ao tratamento adequado. As maternidades públicas e particulares são obrigadas por lei a realizar o exame até a alta do recém-nascido.

A recomendação geral para consultas ao oftalmologista é anual, desde a infância até a velhice. No entanto, para pessoas com sintomas visuais ou histórico familiar de alguma condição ocular específica, é aconselhável um acompanhamento mais individualizado.

*Este conteúdo é da Agência Einstein

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