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Artrose nos dedos: causas, exercícios e tratamentos

Quatro em cada dez pessoas terão esse problema. Saiba como proceder para não sofrer com dor e limitação de movimentos

Por Ana Luísa Moraes
Atualizado em 25 jun 2020, 12h48 - Publicado em 26 jul 2017, 09h25
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  • Começa com uma sensação de que falta óleo nas juntas. Elas parecem ficar meio travadas e até um pouco inchadas. Se nada for feito, com o tempo vem a dor. Nos quadros avançados, o incômodo é excruciante, de osso se esfregando com osso. É a artrose botando suas garras totalmente de fora.

    E, embora esse desgaste das articulações associado ao avançar da idade possa acometer qualquer junta pelo corpo, um novo levantamento chama atenção para o suplício nas mãos. De acordo com o Centro de Controles e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, 40% da população mundial tem ou terá osteoartrite o termo mais usado pelos médicos entre os dedos e o punho. É muita gente.

    Antes de mais nada, cabe diferenciar a artrose do que se chama de artrite. Esta palavra faz menção a uma inflamação na junta. “Ela pode ser resultado de infecções, traumas ou doenças autoimunes”, explica o reumatologista Ari Halpern, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A artrose, por sua vez, é uma degeneração que começa na cartilagem entre as juntas e os ossos, processo que dificulta a movimentação.

    Com a degradação desse amortecedor, a fricção aumenta a tal ponto que fica quase impossível mexer os dedos. Apesar de a osteoartrite estar ligada ao envelhecimento, seus sinais não demoram a aparecer. “Aos 40 anos, cerca de 10 a 20% das mulheres têm indícios de artrose nas mãos”, estima Halpern.

    Contudo, a idade não é o único fator em jogo. História familiar e trabalhos que demandam muito dos dedos, por exemplo, estão associados a uma manifestação mais precoce. Até mesmo o uso abusivo do celular pode abrir caminho ao problema. “A rizartrose, quando a doença se manifesta na base do polegar, está se tornando cada vez mais comum”, observa a médica Licia Mota, da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

    Ora, os polegares são os dedos mais empregados na hora de teclar o smartphone. Um manuseio sem limites pode, assim, comprometer essas estruturas e resultar em uma baita dor curiosamente, já foram publicados artigos científicos ligando o vício em aplicativos de mensagem à inflamação nas mãos.

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    Relação menos evidente, mas que ganha força entre os especialistas, é a da obesidade com a osteoartrite… nas mãos. Pois é, não bastasse sobrecarregar joelhos e tornozelos, um índice de massa corporal elevado aumenta o risco de desgaste nas cartilagens dos dedos, segundo um estudo norueguês com mais de 1800 pessoas.

    Mas o que uma coisa teria a ver com a outra? A médica fisiatra Pérola Plapler, do Hospital das Clínicas de São Paulo, atribui esse vínculo ao estado de inflamação criado pela gordura visceral, que se localiza na parte mais profunda do abdômen, entre os órgãos. “Ela produz substâncias inflamatórias extremamente nocivas à saúde e que podem danificar as articulações”, explica.

    A boa notícia é que a dupla clássica para combater o excesso de peso (e barriga) atividade física mais alimentação balanceada rende proteção extra contra a artrose. Uma investigação da Universidade de Surrey, na Inglaterra, constatou, ainda, que um estilo de vida sedentário e uma dieta desequilibrada levam a um aumento nos níveis de ácido lático. A abundância desse composto pelo organismo contribui para a inflamação das juntas, cenário propício à, adivinhe, artrose.

    Especialmente em relação aos dedos, punho e companhia, um conselho precioso é não pegar pesado. “A cada 50 minutos de trabalho, é recomendável descansar dez, principalmente se a atividade envolve o uso das mãos”, sugere a terapeuta ocupacional Maria Ioshimito, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Também é importante repousar antes de chegar à exaustão, o que evita o estresse e a dor nas articulações”, completa.

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    Esses cuidados, claro, valem tanto para prevenir como para tratar quem já tem o problema. Agora, se já existe o diagnóstico de osteoartrite, é provável que o médico trace algumas táticas terapêuticas de acordo com os sintomas e as limitações do paciente. “Não existe remédio capaz de evitar a progressão da doença. O que nós fazemos, geralmente, é tratar a dor com analgésicos e anti-inflamatórios”, esclarece a reumatologista Ana Luísa Calich, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

    Ela conta que algumas pessoas percebem melhora com o uso de colágeno, glucosamina e condroitina, substâncias que serviriam como um reforço para as articulações – ainda assim, faltam evidências robustas a favor delas. Como fármacos sozinhos não melhoram a mobilidade dos dedos, é desejável pedir o apoio de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.

    “Nosso objetivo é trabalhar a força muscular e a amplitude de movimento, o que pode ser feito por meio de exercícios”, ensina Rafael Barbosa, da Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-Ortopédica. Esses profissionais também são os responsáveis pela prescrição de órteses, utensílios que permitem proteger e auxiliar na execução dos movimentos. Como último recurso, e dependendo das estruturas comprometidas, pode-se recorrer à cirurgia. “Mas ela é pouco indicada por deixar a movimentação mais limitada depois”, contextualiza Ana Luísa.

    Como artrose não tem cura, vale ouvir o alerta do CDC e se precaver. “Exercite-se, perca peso, encurte o tempo no computador e no celular, converse com o médico sobre suplementos…”, aconselha Ana Luísa. Suas mãos não podem (nem querem) emperrar.

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    Exercícios contra artrose nos dedos

    Vale apertar a bolinha?

    Embora seja um recurso largamente usado para exercitar as mãos, nem sempre a bolinha de borracha é uma boa ideia – especialmente se a pessoa já tem artrose. “Ela não tem níveis de resistência e não trabalha de maneira específica os músculos da região”, esclarece o fisioterapeuta Rafael Barbosa. O mais recomendado, nesses casos, é recorrer a aparelhos indicados e supervisionados por um profissional, assim como órteses, caso seja necessário.

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