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Triatlo olímpico: qual o perigo de nadar em águas poluídas?

Níveis elevados de bactérias na água adiaram competições no rio Sena e podem até alterar a forma como esporte é disputado nas Olimpíadas de Paris

Por Maurício Brum
30 jul 2024, 11h13
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  • O que era para ser uma mostra de recuperação ambiental acabou virando uma das maiores dores de cabeça da organização dos Jogos Olímpicos de Paris 2024: as águas do rio Sena, que deveriam sediar a prova de natação do triatlo, seguem poluídas demais para receber os competidores.

    A competição vem sofrendo com adiamentos constantes devido aos riscos à saúde. Com os franceses às voltas para tentar viabilizar as provas no coração da capital do país, entenda melhor o que está acontecendo e por que esse problema preocupa tanto as autoridades.

    O que deu errado com as águas do Sena, em Paris?

    Devido aos riscos de segurança e à poluição, nadar no Sena é proibido há mais de um século. O governo parisiense e a organização dos Jogos decidiram transformar a descontaminação em uma das bandeiras da competição, que se promete sustentável. Para isso, investiram o equivalente a quase R$ 8 bilhões em medidas de saneamento e escoamento de águas pluviais.

    Mas os próprios franceses sempre foram céticos quanto à capacidade de cumprir a promessa. Às vésperas do início das Olimpíadas, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, chegou a nadar no rio, para “provar” que seria seguro.

    Só que, mesmo com todo o investimento, qualquer chuva traz mais dejetos para o Sena e faz os níveis de poluição subirem de novo — foi o que ocorreu justamente no dia da cerimônia de abertura.

    Em tese, com uma sequência de dias secos, o fluxo natural das águas levaria a poluição embora e faria o Sena voltar a níveis considerados “seguros”. Mas isso não ocorreu a tempo das disputas do triatlo.

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    Quais são os riscos de nadar em águas contaminadas?

    As principais doenças contraídas ao mergulhar em águas contaminadas provocam, sobretudo, sintomas gastrointestinais e cutâneos. É comum apresentar:

    O tipo específico de micróbio varia muito de acordo com o local do mundo e a situação específica que causou a contaminação. No Brasil, por exemplo, são recorrentes surtos de norovírus em alguns balneários, especialmente no verão.

    Em enchentes, quando há extravasamento de redes de esgoto, a leptospirose se torna um ponto de atenção. Tanto a ingestão acidental da água quanto o contato dela com feridas na pele podem provocar contaminação.

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    No caso de Paris, a maior preocupação das autoridades sanitárias é a bactéria Escherichia coli. Mais conhecida pelos sintomas gastrointestinais passageiros, em casos graves a E. coli também pode provocar quadros de infecção urinária, renal e até mesmo meningite. O tratamento é feito com antibióticos, conforme orientação médica.

    +Leia também: Supermicróbios: guerra na surdina

    E agora, o que acontece com o triatlo olímpico?

    Desde o início da Olimpíada, várias sessões de treinamento no Sena foram canceladas devido à poluição. A falta de balneabilidade do rio também levou ao adiamento da prova masculina do triatlo, originalmente marcada para o dia 30 de julho. A princípio, ela foi remanejada para o dia seguinte, mesma data em que estava prevista a disputa feminina.

    Mas não está descartada a possibilidade de o rio seguir sujo demais para receber o evento. Nesse caso, a organização dos Jogos deve seguir adiando a competição até 2 de agosto, considerada a data-limite, avaliando a segurança da água diariamente.

    Se, até lá, ainda não for possível nadar no Sena, o triatlo se torna um “duatlo”: os competidores apenas farão as etapas de ciclismo e corrida a pé, percorrendo mais quilômetros em solo para compensar a suspensão do nado. A continuidade da poluição também poderia prejudicar as disputas da maratona aquática, previstas para 8 e 9 de agosto.

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