Todo mundo entende quando uma criança quer a “mamá” ou o “papá” ou, então, quando viu um “au-au”. Mas nem sempre essa fala incipiente é tão óbvia. Cabe aos adultos interpretar os desejos, as queixas e as constatações dos mais novinhos sobre o mundo.
Para entender como conseguimos fazer isso, pesquisadores americanos usaram inteligência artificial para deduzir e interpretar recados infantis. O estudo foi publicado na Nature Human Behaviour.
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“Eles concluíram que, mesmo inconscientemente, temos muito conhecimento sobre a gramática da língua, o que nos permite inferir significados”, explica Larissa Berti, membro da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
“O contexto nos ajuda a filtrar as possibilidades, e a interação com a criança faz com que conheçamos seu repertório.”
Segundo a fonoaudióloga, esse contato é crucial para a aquisição e evolução da linguagem na infância e começa a ser construído ainda na gravidez.
Na ponta da língua
Os marcos no desenvolvimento da fala
Ainda na barriga
Conversar ou cantar para o bebê estimula habilidades linguísticas.
Primeiros meses
Nesse período, ele consegue distinguir a língua materna de outras.
Aos 6 meses
Balbucia sílabas incansavelmente. Um treino para o que vem aí.
Aos 10 meses
Pega o ritmo da língua. O balbucio ganha a “melodia” da nossa fala.
Com 1 ano
Diz as primeiras palavras, que equivalem a frases inteiras para ele.
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Com 1 ano e 6 meses
Forma frases com duas palavras — ou dois sinais, entre crianças surdas.
Entre 2 e 3 anos
Usa pronomes (eu, você, mim…) e começa a conjugar os verbos.
Aos 3 anos
As sentenças passam a ficar mais longas e complexas. Promissor!
Entre 4 e 5 anos
Com vocabulário de cerca de 1,9 mil palavras, já se faz quase tudo com a língua.
Atenção!
Vale lembrar que cada criança desenvolve habilidades linguísticas ao seu tempo. Os períodos citados são uma estimativa de quando essas competências são adquiridas. Consulte seu fonoaudiólogo de confiança para tirar dúvidas sobre quaisquer sinais de atraso na aquisição de fala.