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Como anda sua saúde mental? O psicólogo e psicanalista Francisco Nogueira, membro efetivo do Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e cocriador da consultoria Relações Simplificadas, reflete sobre as questões da mente humana para lidarmos melhor com os desafios do mundo de hoje
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Quatro dias de trabalho por semana: países colhem frutos da iniciativa

Brasil e África do Sul serão os primeiros países do Sul Global a experimentar esse novo modo de pensar

Por Francisco Nogueira
Atualizado em 23 ago 2023, 18h00 - Publicado em 23 ago 2023, 17h58
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Forma de olhar para a atividade laboral mudou bastante desde a industrialização (Ilustração: Julia Jabur/SAÚDE é Vital)
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O trabalho tem uma importância decisiva em nossas vidas.

Por um lado, boa parte de como definimos o gênio humano parte da nossa capacidade de trabalhar e de transformar a natureza. Por outro lado, a nossa relação com a atividade laboral não acontece naturalmente.

Sabemos que o trabalho se transforma com o passar do tempo e, neste processo, engendra alterações na forma como apreendemos o mundo e como definimos a nossa humanidade.

Quando pensamos no trabalho no ocidente, da Antiguidade até o Renascimento, passando pela Idade Média, precisamos lembrar que ele não era considerado uma atividade nobre, mas algo a ser relegado aos servos ou aos escravizados.

+ Leia também: Burnout e outros problemas mentais são os predadores modernos

Essa forma de olhar para a atividade laboral mudou bastante desde a industrialização. Exemplo disso foi o surgimento do ideal do gentleman.

Sujeito modelo de sua época, o gentleman era sempre zeloso com o cumprimento de seus direitos e deveres, nunca estava atrasado e era reconhecido pela excelência e perícia com que executava o seu trabalho. Era o operário padrão.

A ideia do gentleman nasceu a partir das novas necessidades produtivas das sociedades industriais modernas. E orientou o imaginário social de toda uma época na direção daquilo que era esperado das pessoas em relação ao trabalho naquele período histórico.

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Hoje, impulsionados pelas novas tecnologias e transformações históricas recentes, como a pandemia da Covid e o aumento do sofrimento mental, avançamos em direção a uma nova transformação no mundo do trabalho.

Que, esperamos, vai beneficiar a todos e melhorar a maneira como nos relacionamos com nós mesmos e com as nossas atividades laborais.

foto de mulher trabalhando com post-it na testa
Semana de quatro dias úteis já foi testada no Reino Unido, Estados Unidos e Canadá (Foto: Jessica Peterson/Getty Images)

Os benefícios da semana de quatro dias úteis

A proposta de uma semana de trabalho com apenas quatro dias úteis surge em um contexto de exaustão psíquica e estresse que vem se abatendo sobre um número cada vez maior de trabalhadores.

Para saber mais sobre o assunto, estive com Juliet Schor, a pesquisadora-chefe da 4 Day Work Week, grupo que está conduzindo uma série de estudos e coordenando projetos pilotos em empresas do mundo todo.

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Já foram feitos testes no Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, por exemplo. E os resultados são extremamente promissores.

Além dos benefícios para os trabalhadores, as empresas também estão ganhando com a adoção de uma semana de quatro dias de trabalho e três dias de descanso.

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Do lado dos trabalhadores, observamos melhoras na saúde física e mental, mais bem-estar e satisfação com o trabalho. Ao fim do experimento, as pessoas se sentem tão produtivas quanto nos melhores momentos de suas carreiras e muitos afirmam terem recuperado o engajamento e o sentimento de realização com suas atividades.

Eles também se sentem mais felizes, relatam mais sentimentos positivos e reconhecem que o melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal é benéfico para as suas relações.

As empresas aproveitam igualmente os benefícios de uma semana mais curta. O modelo aplicado é conhecido como 100-80-100, ou seja, 100% do salário, 80% do tempo trabalhado, mas com 100% da produtividade assegurada.

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+ Leia também: Mais de 15% dos brasileiros se sentem infelizes e deprimidos, diz pesquisa

O que os experimentos demonstraram é que, mesmo com uma jornada de trabalho reduzida, os novos combinados e mudanças organizacionais que surgem são capazes de assegurar o funcionamento integral das companhias, seja no modelo de cinco, seis ou até mesmo sete dias por semana.

Muitas empresas ganham com a redução não só dos custos operacionais, mas dos custos com a rotatividade de pessoal, uma vez que conseguem atrair e reter mais talentos. Essas são apenas algumas das vantagens apresentadas por Juliet Schor durante a entrevista.

E, pela primeira vez, o sul global faz parte deste estudo com a participação do Brasil e da África do Sul. A partir desse mês, empresas interessadas em participar já podem se inscrever no site da iniciativa.

Mudar é possível

O trabalho possui uma função determinante em nossas vidas. Pode levar ao adoecimento, mas também à sanidade.

Quando trabalhei com a empregabilidade de pessoas com transtornos mentais graves pude observar como a oportunidade profissional era capaz de transformar a vida daquelas pessoas e oferecer lugares mais saudáveis no mundo.

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Muitos apresentavam, depois de algum tempo exercendo uma profissão, melhoras mais significativas das suas condições de saúde mental do que muitas décadas de tratamento restritivo.

O que essas experiências mostram é que é possível transformarmos o próprio sistema produtivo para que ele se torne um aliado do aumento da qualidade de saúde mental e bem-estar psíquico das pessoas.

Confira abaixo a entrevista completa com Juliet Schor:

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