Uma cartinha para o Papai Noel cuidar do seu coração
O Bom Velhinho recebeu dicas de dois médicos para se manter saudável e, assim, continuar fomentando o espírito natalino
Os prognósticos de saúde do Bom Velhinho não eram nada bons: Papai Noel, um idoso, obeso, sedentário e que só sai da Lapônia uma vez por ano. Admirador de comidas hipercalóricas comuns nas ceias de Natal e com indícios de apneia do sono, ele provavelmente tem colesterol alto e pressão arterial sem controle. O quadro alarmava a diretoria da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), preocupada com o Natal e seu personagem principal.
Foi quando surgiu a ideia de enviar uma cartinha a ele, mas com um pedido diferente. O presente solicitado era para garantir seu bem-estar e o futuro das festas de final de ano: estava na hora de Noel mudar seus hábitos para que seu coração, tão generoso, continuasse a bater forte e saudável.
A preocupação não era infundada: 62% dos homens e 67,4% das mulheres declaram ter hipertensão. Além disso 23,2% do sexo masculino e 36,9% do feminino afirmaram estar com colesterol alto, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O infarto agudo do miocárdio e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) constituem a principal causa de morte da população idosa: 34,2% e 35,2% dos óbitos masculinos e femininos, respectivamente.
Mas muitas doenças cardiovasculares podem ser prevenidas ou controladas com alimentação adequada. Por isso, as recomendações da SOCESP para o Bom Velhinho incluíam:
- Adotar uma dieta saudável e balanceada, com mais frutas, verduras, legumes e carnes magras
- Evitar carnes muito gordurosas
- Não consumir sal em excesso (que está por trás da hipertensão)
- Controlar o consumo de doce. Uma pessoa acima de 65 anos tem maior risco de desenvolver o diabetes: um a cada cinco idosos possui a doença
- Praticar exercícios leves e contínuos, como caminhadas diárias
- Visitar o seu cardiologista na Lapônia antes de embarcar no trenó
Preparo físico de Noel
Para estar sempre em perfeitas condições de assumir sua maratona natalina, Papai Noel foi orientado a se preparar o ano todo, com exercícios físicos regulares. As baixas temperaturas da região da Lapônia não são desculpa para o sedentarismo! O Noel pode optar por esportes indoor, como Pilates e bicicleta ergométrica.
E os dias de temperaturas mais agradável devem ser aproveitados com caminhadas ao ar livre, com direito à companhia das renas, para aproveitar o sol, imprescindível para a produção de vitamina D no corpo. Isso quando o sol aparece por aquelas bandas, é verdade.
Aliás, Mamãe Noel também foi alertada sobre a necessidade de sua inclusão no projeto de vida saudável. Ora, o risco de óbito por infarto é 50% maior entre mulheres do que em homens — uma em cada cinco sofrerá um infarto. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) assinalam as doenças cardiovasculares como responsáveis por um terço de todas as mortes de mulheres no mundo, o equivalente a mais de 23 mil por dia.
Estatísticas da SOCESP atestam que, em 60 anos, a proporção de mortes por doenças cardiovasculares no sexo feminino aumentou 37% no Brasil.
Mente sã
Apesar de o Papai Noel praticar o bem e ter seu nível de espiritualidade elevado, nossa diretoria fez questão de encaminhar a ele a última edição da Revista da SOCESP, cujo tema é Espiritualidade e cardiologia comportamental e social. Afinal, a fé, essa poderosa força mobilizadora para indivíduos e comunidades, está presente em 80% da população mundial.
O bom exemplo
No nosso conto de Natal, Papai Noel acatou exemplarmente as recomendações dos especialistas da SOCESP. Os resultados já estão aparecendo: o índice de massa corpórea baixou de 40 para 30. Ele passou no teste da lareira e não há mais hipertensão e nem sinal de diabetes.
Como o Natal já virou a esquina, Mamãe Noel está correndo com os ajustes na indumentária do marido. E ela garante que, mesmo mais magro, ele não perdeu seu charme — e ficou bem mais disposto…
Assim como ele, muitos brasileiros estão cada vez mais conscientes sobre os benefícios de mudanças em prol de uma vida saudável. Principalmente a partir da segunda metade do século 20, em grande parte dos países a expectativa de vida cresceu significativamente.
Em 1980, de cada 100 crianças brasileiras do sexo feminino, 30 podiam esperar completar o aniversário de 80 anos. Em 2013, o número passou para 55. Um dos fatores responsáveis por esse movimento foi a queda da mortalidade nas idades avançadas, resultado do controle de doenças que antes eram letais.
#ficouemcasa
2020 não foi um ano para muitas comemorações, é verdade. Por causa da pandemia do novo coronavírus e, principalmente por ser do grupo de risco, Noel – que já não é muito afeito a aparecer antes da hora – se manteve em isolamento social para não correr riscos de pegar Covid-19 e estragar o Natal de tanta gente que espera sua visita.
Ele avisa que sairá de casa devidamente paramentado, com máscara e litros de álcool gel no trenó, cumprindo todos os protocolos de segurança sanitária para que a única coisa contagiante para transmitir seja a alegria do Natal e a esperança de um ano novo de curas para o corpo e a alma.
PS – A brincadeira deste conto é uma forma de alerta saudável da SOCESP para toda a comunidade. E também nossa maneira de desejar a todos um feliz Natal e um ano novo que traga esperança de dias melhores!
*Ricardo Pavanello é cardiologista e diretor de Comunicação da SOCESP. Nabil Ghorayeb é especialista em Cardiologia e Medicina do Esporte e assessor científico da SOCESP