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Uma vida com enxaqueca: “não suportava ouvir qualquer ruído”

Mulher com essa condição conta como sofreu até conseguir controlar essa doença, que vai muito além da dor de cabeça

Por Ingrid Marchioni Avilez, paciente com enxaqueca*
30 Maio 2024, 12h16

Meu nome é Ingrid Marchioni Avilez. Sou professora de Biologia e Ciências, e eu tenho enxaqueca desde os 11 anos de idade. 

Naquela época, eu estava na 5ª série. Toda vez que chegava a última aula de sexta-feira, o professor entrava na classe e eu sentia uma dor de cabeça que parecia surgir na região da testa – e que vinha acompanhada de mal-estar e náusea. 

Pouco se sabia sobre enxaqueca, mas a minha mãe sofria também com ela, e levantou essa suspeita diante dos meus sintomas. Ainda assim, em um primeiro momento ela me levou ao oftalmologista, acreditando que poderia ser problema de visão. 

Na consulta, descobrimos de fato o astigmatismo, que pode deixar a visão turva e, indiretamente, gerar dores de cabeça. Na época, o médico nem se concentrou muito nas minhas dores – provavelmente, deve ter achado que o uso dos óculos resolveria a questão. 

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Mas não resolveu.

+Leia também: Enxaqueca aumenta risco de pré-eclâmpsia na gravidez

Muitos anos se passaram e eu ainda tinha dores de cabeça episódicas, principalmente no período menstrual. Lembro de uma vez ter tido uma crise no primeiro dia do ano na qual cheguei a vomitar. 

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Aí, mais ou menos em 2015, comecei a ter dores de cabeça diárias. Eu tomava dipirona todos os dias, mas não resolvia. Eu só ouvia: é enxaqueca, não tem o que fazer. 

Em 2019, eu já não suportava barulhos, ao ponto de nem querer sair mais para ver os amigos. Tinha dores no pescoço diariamente e achava que era problema de travesseiro. 

Nesse mesmo ano, cheguei a viajar para o Rio de Janeiro com as minhas amigas, mas fiquei isolada, porque, além do cansaço, eu não suportava ouvir qualquer ruído. Foi aí que, em novembro de 2019, resolvi procurar um especialista em cefaleias. 

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Finalmente, aos 37 anos, fui diagnosticada com enxaqueca crônica e com cefaleia por uso excessivo de analgésicos. Para lidar com o quadro, o jeito foi fazer um tratamento multidisciplinar, incluindo nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, uso de toxina botulínica… 

Só que o tratamento começou a ficar caro. No primeiro ano, em 2020, cheguei a gastar cerca de 45 mil reais. Mesmo assim, ainda tinha cerca de 25 dias de dor de cabeça por mês. 

Em 2021, mudei de cefaliatra (o neurologista especialista em dores de cabeça) e iniciei o tratamento com topiramato. Nesse período, melhorei meu estilo de vida: busquei uma reeducação alimentar, iniciei atividade física moderada e procurei melhorar meu sono, uma vez que esses são os pilares para o tratamento da enxaqueca. E segui com a psicoterapia.

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Adendo: não adianta o paciente usar as medicações preventivas, como topiramato, anticorpos monoclonais ou até a toxina botulínica, se escapar dessas mudanças de estilo de vida

Hoje, com 41 anos, minha enxaqueca está controlada, sem medicação preventiva. No entanto, vale pontuar que, como tenho bruxismo e DTM (comorbidades que andam junto com a enxaqueca), às vezes sofro com cefaleia secundária. 

Minhas dores têm diminuído para dois ou três dias de dor por mês. O estresse do trabalho é um desafio grande para controlar tanto a enxaqueca como o bruxismo. Porém, a terapia cognitivo-comportamental dá uma mão nisso. 

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A pessoa com enxaqueca precisa ter educação sobre a doença. Isso é importante para o controle dos sintomas. Dormir bem, fazer atividade física, ter uma alimentação saudável, hidratar-se e não ficar mais de 3 horas sem comer são pilares do tratamento – e isso precisa ser conhecido. Também é importante que as pessoas saibam que:

  • Ter enxaqueca não é só ter dor de cabeça
  • Outros sintomas incapacitam tanto quanto a dor
  • É possível ter enxaqueca e outras cefaleias 

Enquanto as pessoas usarem analgésicos e cafeína em excesso, o controle da doença será difícil. Outro desafio é encontrar profissionais da saúde que entendam da enxaqueca, e do quanto ela pode ser incapacitante e complexa. 

A enxaqueca é uma doença de causa genética, cujo cérebro do paciente é extremamente estimulado por fatores externos, capturados pelos órgãos dos sentidos, e por fatores internos. É por isso que não suportamos cheiros, luz, barulhos, entre outros estímulos. Não é frescura, isso eu garanto.

*Ingrid Marchioni Avilez é bióloga, professora de Biologia e Ciências, e eu tem enxaqueca desde os 11 anos. 

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