Meu nome é Bárbara Moraes, tenho 31 anos, e superei a alopecia areata universal. Sim, depois de chegar a uma calvície quase completa, consegui meu cabelo de volta.
Tudo começou por volta de 2015, quando comecei a sentir os primeiros fios caírem de forma anormal. A queda foi aumentando, formando buracos com falhas na minha cabeça. Em um primeiro momento você acha que é uma fase, que é só esperar mais um pouco que eles vão voltar a crescer e tudo vai passar. Mas não foi assim. Com cada tufo de cabelo, se ia a minha esperança e a minha autoconfiança.
Comecei então a resgatar os fios que se desprendiam durante o banho, colocava todos na parede do box e os olhava. Quase uma despedida. Eram muitos, muitos fios, fora os que caiam durante o dia. Busquei um médico, e começamos as infinitas tentativas de tratamento.
Foram suplementações, medicamentos, muitas agulhadas. Mas a alopecia resistia e, quanto mais tempo passava, menos fios sobravam na cabeça.
A calvície para uma mulher tem um peso muito forte. Não é apenas uma questão de autoestima, aqueles cabelos eram também a minha feminilidade, a minha confiança, parte da minha personalidade e de como eu me via. A Babi estava indo embora com eles.
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Como a alopecia resistia, os tratamentos recomendados foram ficando mais agressivos. Agulhas e injeções, todas as semanas. Foram anos nessa rotina. Além do peso mental, também havia o peso financeiro. E quase nenhum resultado.
Aos poucos, fui me esquecendo. Marido, filha, trabalho, tudo foi passando na frente. Resolvi me reinventar e aceitar o cabelo raspado, essa seria minha nova identidade para conseguir lidar com a doença e continuar minha vida da maneira mais normal possível.
Foi então que, por meio do meu trabalho, encontrei a médica Luciana Passoni, que tratava apenas de cabelos e também estudava cientificamente essa área. Mesmo sem muita esperança restante, fui conhecê-la.
Novas portas se abriram para mim naquele dia. Ela me ensinou em detalhes o que eu tinha, a alopecia areata universal, e também me mostrou que, quando se trata de cabelo, todo o corpo tem que estar em sintonia.
Mudamos tudo juntas, rotina, hábitos e também o estilo de tratamento que leva em conjunto procedimentos específicos para mim, incluindo suplementação e medicamentos. Em um mês, quase metade do meu cabelo estava de volta. Eu quase aceitei que seria careca para sempre, mas hoje já recuperei quase todos os meus fios.
Esta médica não só cuidou do meu tratamento, mas também me lembrou que eu ainda estava aqui, que eu ainda tinha possibilidades. Depois de anos nessa jornada, foi a primeira vez que estive esperançosa.
O que fizemos, se chama recuperação folicular. No meu caso, a estratégia envolveu sessões mensais de uma técnica chamada radiofrequência microagulhada com laser fracionado não ablativo para estimular os folículos (onde nascem os fios) e fazer o que os médicos chamam de drug delivery.
Ou seja, um tratamento que entrega o medicamento diretamente onde ele age com mais eficiência. No meu caso, foram imunomoduladores, corticoides, medicamentos especializados e vitaminas para os fios. Além disso, também faço o uso de medicações para alopecia androgenética, que eu também já estava desenvolvendo, e de um inibidor da enzima janus quinase, que atua no sistema imune e ajuda a preservar o fio e controla a alopecia areata.
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É essencial entender que, na alopecia, o tratamento efetivo é individual. Cada corpo é um corpo, cada um responde de uma forma e tem seus resultados, então por que o tratamento seria o mesmo para todos?
Com cada um dos fios, a Babi renasceu. E foi um processo rápido, em três meses já não se via mais as falhas no couro cabeludo. Ainda tenho minha caminhada e é importante lembrar que a alopecia precisa de atenção e cuidados depois do tratamento também. Vamos fazer uma manutenção constante desses fios.
Mas isso é só um detalhe. Eu consegui. Eu recuperei meus cabelos e, com eles, toda uma parte de mim que estava adormecida.
*Bárbara Moraes, publicitária e portadora de alopecia areata