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Aparelhos para os dentes: qual, quando e como usar

Especialista esclarece as funções e os tipos de aparelhos e alerta para o uso sem indicação e acompanhamento profissional

Por Dr. Ricardo Horliana*
Atualizado em 25 out 2019, 10h31 - Publicado em 24 out 2017, 14h34
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  • Muito mais que corrigir a posição dos dentes para fins estéticos, os aparelhos ortodônticos podem ter a importante função de melhorar a mastigação, a fala, a qualidade da respiração, entre outras. Os primeiros dispositivos surgiram na França, em 1728, quando o médico Pierre Fouchard, considerado o pai da odontologia, produziu um aparelho em couro duro que era amarrado aos dentes, pressionando-os para que mudassem de posição.

    Quase três séculos depois, a odontologia possui uma área específica para essa finalidade, a ortodontia. Seu objetivo é prevenir, interceptar ou corrigir o mau posicionamento dos dentes e das estruturas ósseas da face, promovendo um equilíbrio dental e/ou facial.

    Mais importante do que a técnica ou aparelho utilizado está a figura do cirurgião-dentista e, com maior treinamento específico, o especialista em ortodontia. O ortodontista é quem, por meio do estudo do caso, determinará o tipo de aparelho mais indicado para promover o tratamento que resultará na melhoria estética e funcional.

    As cinco categorias de aparelho

    Preventivos: a finalidade aqui é evitar a chamada má-oclusão, a falta de encaixe perfeito entre as arcadas dentárias, que prejudica o desenvolvimento dos dentes. Para isso, trabalha-se na remoção de hábitos como chupar o dedo ou a colocação anormal da língua entre os dentes.

    Interceptativos: a intenção é interromper processos da má-oclusão, com o objetivo de evitar problemas mais acentuados e eliminar as causas do problema.

    Corretivos: nesse caso, a má-oclusão já está estabelecida e o propósito é tratá-la com o auxílio de aparelhos mais complexos.

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    Pré-protéticos: Tem como foco movimentar alguns dentes e assim possibilitar a confecção de próteses e implantes.

    Orto-cirúrgicos: problemas mais sérios de má-oclusão associados à alteração na base óssea são tratados nesta categoria, unindo a ortodontia aos procedimentos cirúrgicos nos ossos da face.

    Existem dois tipos de aparelhos a serem utilizados, o fixo e o removível, e a escolha depende do problema a ser corrigido. O mais comum é o aparelho fixo, que é constituído de bandas, fios e braquetes. Com ele, os dentes são “puxados” aos poucos para a direção correta e, como a retirada pelo paciente não é possível, os resultados são mais eficientes. No entanto, a não-remoção também resulta na necessidade de um maior cuidado com a higienização. Esses aparelhos podem ser feitos de metal, policarbonato, porcelana ou até safira.

    Nessa categoria ainda existe o aparelho lingual. Aqui os braquetes ficam na parte interna dos dentes, ou seja, em contato com a língua, fazendo com que os dentes os escondam. Além do fator estético, a indicação é feita para pessoas que praticam esportes de impacto, pois, em caso de pancadas, o trauma não cortará a boca.

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    Já no caso dos aparelhos removíveis, existem aqueles com finalidade preventiva/interceptativa, tendo seu uso em crianças de até 12 anos, quando a ideia é guiar os dentes e/ou ossos para a posição correta durante o crescimento facial. E também existem os aparelhos com finalidade de conter os resultados dos tratamentos em si, o que denominamos contenção ortodôntica.

    Outro modelo muito utilizado dentro da categoria dos aparelhos removíveis é o alinhador. Praticamente invisível e feito sob medida, é produzido com a ajuda de softwares e não possui fio ou suporte de metal. Esses aparelhos são feitos em séries e movimentam progressivamente os dentes a cada troca.

    Quem deve usar aparelhos

    Pessoas de todas as idades podem usar aparelhos ortodônticos, com algumas limitações. Uma dessas restrições, por exemplo, está na situação do tecido do osso de suporte, pois o dente está ligado ao tecido ósseo e gengival. Problemas nessa área, como a periodontite, podem afetar o uso. Porém, cada caso tem suas particularidades, que devem ser avaliadas por um profissional.

    Não existe uma idade mínima para que o tratamento seja iniciado. Recomenda-se que os pais procurem um ortodontista a partir do início da dentição decídua (isto é, dos dentes de leite).  A duração do tratamento dependerá da severidade do problema, da idade, da resposta do paciente e dos seus cuidados.

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    Cabe enfatizar que somente a avaliação de um profissional poderá dizer se há ou não necessidade de utilização. Ele solicitará exames auxiliares como a documentação ortodôntica (radiografias, fotografias e modelos), pois somente assim terá condições de realizar o diagnóstico correto e elaborar o plano terapêutico adequado.

    Os riscos do uso sem indicação do dentista

    Independentemente do tipo de aparelho a ser utilizado, todo o processo deve sempre ser feito e acompanhado por um cirurgião-dentista. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) inclusive trabalha com campanhas sobre o tema, principalmente depois que jovens começaram a colocar aparelho fixo somente por modismo, sem levar em conta os riscos.

    A colocação de aparelhos fixos sem necessidade gera graves problemas como a perda de dentes, repercussões ósseas, retração de gengiva, alergias e outros males que podem ser irreversíveis, comprometendo seriamente e, em muitos casos definitivamente, a saúde das pessoas.

    Além de alertar sobre os perigos do uso indiscriminado dos aparelhos, ressaltamos a necessidade da manutenção periódica do aparelho ortodôntico, por profissional habilitado e inscrito no Conselho Regional de Odontologia de seu estado. A indicação e o monitoramento pelo especialista garantirão a eficácia e a segurança do procedimento.

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    * Dr. Ricardo Horliana é cirurgião-dentista e presidente da Câmara Técnica de Ortodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

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