A medicina preventiva e integrativa tem ganhado espaço entre os brasileiros, que buscam um modelo de saúde capaz de propor um cuidado integral e de longo prazo. A ideia é olhar para o organismo como um todo, incluindo a nossa visão, e ter, como resultado, mais qualidade de vida.
Entre as diretrizes dessa abordagem, já amparadas por alguns estudos, estão mudanças na alimentação, prática regular de atividades físicas e, quando necessário, uso de suplementos.
A suplementação, amplamente disponível no mercado e de fácil acesso hoje, contempla produtos em forma de cápsulas, pílulas ou líquidos com vitaminas, minerais, ervas, probióticos e outras substâncias que ajudam a complementar o que é obtido pela alimentação.
Para a saúde da visão, estudos realizados pelo Instituto Nacional dos Olhos dos Estados Unidos revelam que o uso de suplementos contendo luteína, zinco, zeaxantina, óxido de cobre e vitaminas C e E ajudam a prevenir e auxiliar o tratamento de doenças oculares como catarata e degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
Segundo dados divulgados pela instituição, pessoas com DMRI moderado apresentaram retardo no desenvolvimento do problema graças ao acompanhamento especializado e ao consumo dos produtos vitamínicos.
E não para por aí. A luteína e a zeaxantina, em particular, demonstraram proteger os olhos dos efeitos da luz ultravioleta emitida pelo sol e da luz azul difundida pelas lâmpadas e aparelhos eletrônicos, que podem causar inflamação na córnea e produzir lesões no cristalino e na retina.
Com o avanço da ciência e da tecnologia nesse segmento, temos observado que o consumo complementar de zinco atua na imunidade, na síntese de proteínas, na cicatrização e na multiplicação celular, o que beneficia inclusive as células dos olhos.
Outro objeto de interesse recente na oftalmologia é o ômega-3. Trata-se de um tipo de gordura encontrado em peixes e algas marinhas e já investigado como coadjuvante no tratamento de olho seco e problemas na retina.
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Como oftalmologista, retinólogo e adepto de uma abordagem médica mais integral, acredito que podemos tirar proveito dessas substâncias para a visão, mas é fundamental que o paciente seja acompanhado por um profissional apto a avaliar cada caso e a propor aquilo que de fato vai ajudar naquele quadro.
Outro ponto importante: como recomenda a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), suplementos não substituem uma alimentação saudável nem devem ser utilizados de modo irrestrito.
Fora isso, incentivo o check-up oftalmológico periódico. Ao contrário do que muitos pensam, consultas e exames de rotina para a visão devem ser feitos pelo menos uma vez ao ano a fim de detectarmos e tratarmos doenças como catarata, glaucoma, retinopatia diabética, degeneração macular, tumores oculares etc.
Algumas doenças autoimunes sistêmicas e certos problemas neurológicos também podem se manifestar pelos olhos, causando vermelhidão, visão turva e alterações no campo visual. Suspeitando de algo, o oftalmo poderá encaminhar o paciente a outros especialistas. Mais uma prova de que podemos cuidar dos olhos pelo bem do corpo, e vice-versa.
* André Príncipe é oftalmologista, especialista em retina e vítreo pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela Universidade de Toronto, no Canadá, e adepto da medicina integrativa