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Tratamento não cirúrgico abre perspectivas para o câncer de tireoide

O manejo de nódulos na região costuma exigir a retirada da glândula e reposição hormonal pelo resto da vida, mas, em alguns casos, isso pode ser evitado

Por Antonio Rahal, radiologista*
25 jun 2024, 15h05

A tireoide é uma glândula que tem a forma parecida com a de uma borboleta. Com apenas 5 centímetros de diâmetro, fica na parte anterior do pescoço, e tem função gigante em nosso organismo.

Ela produz os hormônios que atuam na função de órgãos, como coração, cérebro, fígado e rins. Tais hormônios também interferem no desenvolvimento de crianças e adolescentes, nos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no ciclo vigília-sono, no humor e no controle emocional.

Por isso, a tireoide é chamada pelos especialistas de glândula do equilíbrio. Eu prefiro chamá-la de “borboleta do equilíbrio” em alusão a seu formato.

Doenças da tireoide são comuns. Cerca de 25% da população adulta brasileira terá alguma alteração na tireoide durante a vida. Entre elas, hipotireoidismo (baixa atividade da glândula), hipertireoidismo (alta atividade), inflamação (tireoidite) e presença de nódulos benignos ou malignos.

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+ Leia também: Tireoide em equilíbrio

Por isso, sempre falo: conheçam sua tireoide! Isso vale principalmente para as mulheres, que são mais afetadas por doenças nessa glândula. Assim, mesmo sem sintomas, recomendo uma avaliação por ultrassom de tireoide no momento dos exames anuais ginecológicos. Se estiver tudo bem, basta repetir o teste a cada três ou quatro anos.

A maioria dessas alterações, inclusive os nódulos, será benigna. Contudo, em alguns casos, pode haver o câncer de tireoide. Nessas situações, a detecção precoce faz diferença.

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Nódulos de até 1 cm têm praticamente 100% de chances de cura, desde que sejam do tipo menos agressivo, o carcinoma papilífero (90% dos casos). Existem tipos mais agressivos e raros, como os carcinomas medulares e anaplásicos.

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Ablação para a tireoide

A boa notícia é que evoluímos muito em um método minimamente invasivo de tratamento de nódulos da tireoide chamado termo-ablação, ou simplesmente ablação. Hoje, o Brasil é uma das referências mundiais nesse procedimento, ao lado de países como Coréia, Itália, China e Estados Unidos.

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Na ablação, introduzimos uma agulha chamada probe, que alcança o nódulo-alvo e aplica temperaturas em torno de 80ºC, com extrema precisão, sem dano para o restante da glândula. Com isso, é possível destruir a lesão, sem precisar de cirurgia, anestesia geral e internação.

Um tratamento de ablação ocorre em 45 minutos, quando feito por médicos experientes, e os pacientes, em geral, recebem alta em até duas horas, após já terem ingerido líquidos e sólidos.

Esse tratamento resolve a lesão sem remover a tireoide, e o tecido do nódulo tratado é absorvido pelo organismo.

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Dessa forma, evitamos que o paciente tenha que fazer reposição hormonal pelo resto da vida em 99% dos casos. As duas principais técnicas de ablação são radiofrequência e micro-ondas. Existem estudos sendo conduzidos com congelamento (crioablação), mas os grupos de referência ainda preferem as duas estratégias mais consolidadas.

+ Leia tambémNovo exame evitou 52% de cirurgias na tireoide, diz estudo

Inicialmente, a ablação era indicada para o tratamento de nódulos benignos, que traziam sintomas indesejáveis para o paciente — efeito estético, desconforto à deglutição, compressão da traqueia etc.

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Depois, as indicações foram ampliadas. Sempre de modo criterioso porque há casos em que a cirurgia é a melhor opção, por exemplo, em cânceres agressivos. Já no câncer de tireoide papilífero, em tumores com até 1 cm, a ablação pode ser uma alternativa. Em casos selecionados, a literatura médica mostra que a efetividade da ablação é equivalente à da cirurgia.

Outra aplicação da ablação é para os “nódulos quentes”, assim chamados por seu aspecto cor de fogo no exame de cintilografia. São nódulos em que o paciente pode ter sintomas de hipertireoidismo (palpitações, perda de peso e irritabilidade).

Antes da ablação, as alternativas de tratamento eram cirurgia e radioiodoterapia. Esta última destrói o nódulo com possível efeito sobre o tecido saudável da glândula, podendo levar os pacientes do hipertireoidismo para o hipotireoidismo, com necessidade de reposição hormonal.

Com a ablação, matamos o nódulo e preservamos a parte saudável da tireoide e a função hormonal se normaliza entre 45 ou 60 dias.

Portanto, há tratamentos cada vez melhores para problemas da tireoide. Mas é preciso conhecê-la. Sua “borboleta do equilíbrio” precisa de você, assim como você precisa dela!

*Antônio Rahal, Coordenador Científico de Radiologia Intervencionista da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR)

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