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Perda de urina não é normal em nenhuma idade

Hoje é o Dia Mundial de Combate à Incontinência Urinária. E um especialista desmistifica a importância de prestar atenção aos sintomas e procurar tratamento

Por Carlos Sacomani, urologista*
14 mar 2022, 10h47
incontinência urinária
Mulheres e homens estão sujeitos à incontinência urinária, especialmente com o avançar da idade. (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Nós, médicos e demais profissionais de saúde, definimos incontinência urinária como a perda involuntária de urina. Em outras palavras, é o escape de urina sem qualquer controle. A situação acomete de 25 a 40% das mulheres e até 15% dos homens.

O quadro está relacionado a problemas que envolvem a bexiga, a musculatura pélvica (que suporta órgãos como a própria bexiga, o útero, a próstata e a porção final do intestino), além dos músculos responsáveis pelo controle urinário (os esfíncteres).

É fundamental determinar o que está por trás da incontinência, investigação que deve ser feita junto a um urologista ou ginecologista. E, sim, a condição está diretamente relacionada à piora na qualidade de vida.

Cerca de 30% das pessoas incontinentes apresentam depressão ou ansiedade. Os pacientes relatam vergonha, mal-estar, descontrole emocional, insegurança e até sentimento de culpa.

Quanto maior a intensidade, maior é o transtorno social e psicológico. O indivíduo acaba se afastando dos outros, evita lugares públicos, pode ter dificuldades com as atividades profissionais e necessitar de fraldas ou absorventes.

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Existem, basicamente, dois tipos de incontinência urinária: a de esforço e a de urgência. Na primeira, ao fazer exercícios, tossir, espirrar e carregar pesos, ocorre involuntariamente a perda de urina.

Na segunda, o sujeito sente a vontade de urinar e precisa ir rapidamente ao banheiro; caso contrário, ocorre o escape.

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A incontinência urinária é mais comum com o avançar da idade. Estudos demonstram que, após os 80 anos, mais de 50% dos homens e mulheres relatam o problema em várias intensidades.

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Mas temos uma boa notícia: há muitos tratamentos disponíveis. Fisioterapia, medicações e cirurgias podem levar à cura ou a uma importante melhora do quadro.

No entanto, é preciso afastar o preconceito e o medo, procurar ajuda médica, ter a causa diagnosticada e a modalidade de tratamento definida.

Em alguns casos, a incontinência urinária pode ser secundária a cirurgias e radioterapia para tratar outras doenças. A intervenção cirúrgica para o câncer de próstata (prostatectomia) resulta na perda do controle da urina em 5% dos pacientes operados. Mesmo com o advento das modernas técnicas de cirurgia robótica, o risco existe.

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Ainda assim, de novo uma boa notícia, há tratamento! E a população precisa saber disso. Por isso a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-SP) e outras entidades fazem campanhas de conscientização.

Como médicos, nosso dever é questionar os pacientes, principalmente os mais idosos, a respeito da existência do sintoma.

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No Dia Mundial de Combate à Incontinência Urinária, o momento é propício para cobrarmos políticas públicas que auxiliem os cidadãos com o problema e estimulem pessoas que suspeitam da condição a buscar apoio na medicina.

Uma conversa franca ajuda no entendimento da causa e na indicação do tratamento. É preciso entender de vez que a incontinência urinária não é normal em nenhuma idade e impacta negativamente a qualidade de vida. Mas, felizmente, tem solução!

* Carlos Sacomani é urologista, doutor em ciências pela USP e diretor da Sociedade Brasileira de Urologia – São Paulo

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