Promoção: Revista em casa a partir de 10,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

“Não sou uma mulher completa”: quando a infertilidade encontra a depressão

Mulheres com dificuldades para engravidar estão mais sujeitas a quadros depressivos. Médica explica a importância de acolher e tratar situações desse tipo

Por Paula Fettback, ginecologista especialista em fertilidade*
13 out 2021, 10h30
Relação entre depressão e fertilidade
Infertilidade e depressão podem ser contornadas com suporte e tratamento médico.  (Ilustração: Nik Neves/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Para nós, ginecologistas que trabalham com infertilidade, a frase que aparece no título deste artigo é muito dura, difícil de se ouvir de uma paciente. O que está por trás dela é uma mulher tentando engravidar sem sucesso pelos meios naturais. E sentindo uma profunda frustração com isso.

As razões para esse estado emocional podem ser as mais diversas: envolvem autocobrança, pressão de familiares ou da sociedade e, principalmente, uma legítima vontade de ser mãe. É crucial tocarmos nesse assunto, especialmente quando levamos em consideração que a infertilidade atinge 15% dos casais, independentemente de a causa estar no homem ou na mulher, mas é sobre ela que ainda recai o peso de aumentar a família.

Esse é um peso que inclusive pode abrir as portas para problemas psicológicos mais graves. Um estudo publicado no periódico médico Fertility and Sterility identificou que a prevalência de depressão tem um crescimento significativo em mulheres depois de dois a três anos do diagnóstico de infertilidade, em comparação com as que o possuem há menos de um ano ou mais de seis anos.

Observou-se também que, quando a causa da infertilidade está claramente estabelecida, há uma maior probabilidade de depressão do que em casos em que o diagnóstico não está fechado ou a investigação ainda não foi realmente iniciada.

Isso pode ter relação com o fato de que a mulher com o diagnóstico já tem a certeza da sua infertilidade, enquanto, nos demais casos, o quadro suscita dúvidas e a esperança da reversão. De fato, há o que chamamos de infertilidade idiopática, quando um casal jovem (mulheres até 35 anos) está há mais de um ano tentando engravidar e não foi encontrada causa para a não concretização de uma gestação por meios naturais.

Continua após a publicidade

É importante lembrar que a mulher tende a ser mais impactada por questões ligadas à saúde mental e isso tem a ver, em geral, com componentes sociais, como o acúmulo de funções (esposa, gestora do lar, trabalhadora). A pandemia deixou ainda mais evidente a necessidade de olharmos para o bem-estar delas: a Kaiser Family Foundation, uma ONG americana, identificou que 47% das mulheres entrevistadas sentiram o impacto psicológico do isolamento social com sintomas de ansiedade e depressão, contra 38% dos homens.

Diante das evidências, há dois pontos que precisam ser levados em consideração por famílias que estejam enfrentando essa batalha dupla contra um transtorno mental e a infertilidade. Em primeiro lugar, a depressão é uma doença que requer diagnóstico e tratamento.

LEIA TAMBÉM: Nova era no combate à depressão

Continua após a publicidade

Não é uma tristeza passageira, mas uma condição que prejudica a qualidade de vida e só pode ser reequilibrada com apoio de profissionais especializados, lançando mão de psicoterapia e, se necessário, medicamentos.

O segundo ponto é que esse final pode ser feliz do ponto de vista de uma gestação saudável. A medicina evoluiu muito e, hoje, a fertilização in vitro com óvulo ou espermatozoide doado é uma alternativa que deve estar no radar dos casais.

Ainda que não seja a escolha inicial de quem sonha em gerar o próprio filho, sempre há, também, a possibilidade de adoção. Afinal, um filho do coração, como dizem, será sempre um filho. A escolha do melhor caminho a ser seguido é individualizada e é preciso contar com a sensibilidade de familiares e colegas para descartar de vez cobranças e julgamentos.

Continua após a publicidade

Voltando à frase enunciada no título… A jornada de um casal em busca de aumentar a família já pode ser suficientemente complexa. Aos outros, cabe acolher e oferecer ajuda, sobretudo se houver suspeita de um quadro sério como a depressão.

* Paula Fettback é ginecologista, doutora em Obstetrícia e Ginecologia pela USP e especialista em infertilidade

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SEMANA DO CONSUMIDOR

Assine o Digital Completo por apenas R$ 5,99/mês

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.