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Já parou para pensar que seus dentes também envelhecem?

Dentista esclarece como os dentes se desenvolvem desde a infância e o que pode acontecer com eles com o avançar da idade

Por Célia Lulo, cirurgiã-dentista*
22 Maio 2022, 11h33
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  • A dentição é essencial ao bom funcionamento do organismo e, como outras estruturas do corpo, sofre a ação do envelhecimento. Ela é superimportante para a alimentação, a comunicação, a identidade e a vida em sociedade. É como um patrimônio histórico do corpo

    Nossas arcadas dentárias têm características interessantes e peculiares. Um exemplo disso é que os dentes resistem ao fogo, mas não aos ácidos produzidos por algumas bactérias presentes na boca. Elas provocam cáries a partir dos resíduos alimentares não removidos pela higienização.

    Existe uma conexão intrínseca entre o desenvolvimento humano integral e o processo de formação dos dentes. Um vínculo sistêmico no espaço e no tempo que relaciona suas funções internas com a natureza externa.

    A erupção dentária surge num padrão ritmado durante os três primeiros setênios de vida (período de sete em sete anos). Isso ocorre paralelamente à maturação neurológica, acompanhando o desenvolvimento neuropsicomotor, de modo que cada dente que irrompe corresponde a novas aptidões do indivíduo.

    + LEIA TAMBÉM: A nova geração de implantes dentários

    No bebê, os dentes a serem formados ainda estão dentro das arcadas e, a partir dos 6 meses de idade, começam a despontar. Os primeiros a eclodir são os incisivos centrais da arcada inferior, entre 6 e 10 meses. Depois, gradualmente, virão os outros numa sequência que culmina entre os 2 e 3 anos de vida. A arcada é preenchida, então, pelos chamados “dentes de leite”.

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    Entre os 5 e 7 anos, os dentes de leite começam a ser substituídos pelos permanentes, processo que geralmente termina entre os 12 e 14 anos de idade.

    Nessa troca, ocorre um processo natural em que as raízes dos dentes decíduos são reabsorvidas, perdem sua fixação, apresentam mobilidade e com o efeito da pressão exercida pelos dentes sucessores, que estão ali se formando, o dente temporário cai e cede espaço ao definitivo.

    É por isso que, desde as primeiras erupções dentárias, devemos ter atenção à higiene bucal e contar com o acompanhamento do cirurgião-dentista. Se o bebê desenvolve alguma doença bucal, como cáries, gengivites e pulpites (inflamação da polpa dentária), ela pode comprometer a região e interferir na formação ou na posição dos dentes permanentes se não for devidamente tratada.

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    Na transição da adolescência para a vida adulta, por volta de 17 a 21 anos, surgem os últimos dentes, que são os terceiros molares, mais conhecidos como dentes do siso, que completam a dentição, agora com 32 dentes.

    Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento dentário e sua relação com nossa identidade: genética, vida familiar, questões ambientais, hábitos alimentares, estado emocional, educação… E até mesmo a água e o ar que o indivíduo respira. Tudo isso resulta numa arcada dentária singular e numa biografia única.

    Como expliquei, a cada sete anos temos a conclusão de uma etapa importante envolvendo nossa dentição. Até os 7 anos, com os dentes decíduos; de 7 a 14, com a dentição mista; de 14 a 21, com a permanente.

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    Se imaginarmos que o brasileiro tem, de acordo com o IBGE, uma expectativa de vida média de 76 anos de idade, ele vai utilizar a dentição permanente por mais de 55 anos. E ela também está sujeita ao envelhecimento. Por mais que a boca esteja saudável, os dentes podem apresentar desgastes fisiológicos.

    Além da higiene adequada, diversos elementos pesam na saúde dos dentes, como a hidratação, o acesso ao sol, a nutrição balanceada e boas noites de sono. A má escovação aumenta o risco de cáries, gengivites e outras doenças. O cigarro e o excesso de café amarelam os dentes. O bruxismo pode onerar as articulações temporomandibulares e desencadear dores crônicas.

    Daí vem a importância de visitar periodicamente o dentista e atuar, junto a ele, na prevenção e no tratamento dessas situações. Sob essa perspectiva, envelhecer com dentes saudáveis é, sim, possível, desde que a gente dê a devida atenção a eles, conte com acompanhamento profissional e, se for o caso, repense o estilo de vida.

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    * Célia Lulo é cirurgiã-dentista, consultora, autora de livros como O Dente à Imagem do Homem, especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares e habilitada em Odontologia Antroposófica

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