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Gestor, aceitar a vulnerabilidade é essencial para cuidar de si e do outro

Com o aumento dos problemas mentais e emocionais ligados ao trabalho, psicólogo reflete sobre o papel da liderança e da empresa em meio às crises

Por Francisco Nogueira, psicólogo*
19 jul 2021, 10h06
foto de funcionário com uma pilha de pastas de trabalho à sua frente
Novas relações de trabalho e falta de controle na carga horária levam a crises de ansiedade, pânico e depressão. (Foto: GI/Getty Images)
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Chegam a nós relatos surpreendentes sobre o esgotamento psicológico de colaboradores nas empresas durante a pandemia da Covid-19. Segundo o Fórum Econômico Mundial, os prejuízos causados pela perda de produtividade com a falta de investimentos em saúde mental chegam a 2,5 trilhões de dólares por ano. E esse valor pode chegar a 6 trilhões em 2030!

A questão é urgente e já pressiona as lideranças. Como ajudar a equipe? Se você é líder, primeiro reveja seu (pré)conceito. A saúde emocional deve ser encarada com naturalidade, a exemplo das campanhas de prevenção de diabetes ou câncer de mama. Parte do nosso desconforto vem da ideia equivocada de que uma pessoa com depressão ou crise de pânico é fraca. É preciso superar essa barreira.

Segundo, reconheça o sofrimento. Primeiro em você, o que nem sempre é fácil para um líder. Como vai o seu nível de estresse? Seu sono está regular ou você acorda cansado? Estamos em meio a uma pandemia! É natural que as respostas não sejam todas positivas.

Terceiro, acolha. Ouça com atenção e não dê opiniões. Escutar é uma arte exigente. O cara do seu time sabe que você não é especialista em saúde mental, não carregue essa expectativa.

Vamos a algumas situações do dia a dia para exemplificar e entender melhor. Quando alguém começar a chorar na sua frente, ofereça água, lenço de papel e escute. Se você não souber o que dizer, diga que vai pensar e procurar a melhor saída. Não caia na armadilha do líder: achar que tem que ter resposta para tudo.

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Se acontecer uma crise de ansiedade, transmita a sensação de segurança. Ofereça cadeira, água, um telefonema para alguém ou a presença de algum colega de trabalho. Afaste com calma os curiosos e chame ajuda: um médico, uma enfermeira, um psicólogo. É comum o corpo apresentar sudorese ou taquicardia. Um profissional que elimine a ideia de riscos mais graves já ajuda a pessoa a se acalmar.

Também há situações de risco à própria integridade física, como em certos surtos psicóticos. O ideal é que já exista um plano definido para isso na empresa. Mas, de maneira geral, deve-se chamar o serviço de emergência. Se necessário, fazer a contenção física e aguardar a assistência em um lugar seguro. E, depois, também dar apoio às pessoas que presenciaram o momento.

No mais, sempre, sempre e sempre valorize as qualidades e as boas relações que o colaborador passando por isso tem com a equipe. Essa postura vai ajudá-lo a conectar-se novamente com o melhor de si mesmo.

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A verdade é que, finalmente, os efeitos psicológicos da pandemia estão trazendo às empresas a percepção de que a saúde mental de seus colaboradores interfere, claramente, no ambiente de trabalho e na produtividade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que cada dólar investido em saúde mental traz outros cinco de retorno para a companhia.

Fica claro que um programa de saúde mental é um programa de saúde institucional. Uma filosofia de prevenção, cuidado e transformação da organização do trabalho é o caminho para evitar que as pessoas sofram — e também possam desenvolver sua potência. É um jogo em que todos ganham.

* Francisco Nogueira é psicólogo e psicanalista, membro do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e sócio da consultoria Relações Simplificadas

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