O sonho da maternidade é um desejo comum entre muitas mulheres. Atualmente, uma boa parcela delas deixa para concretizá-lo cada vez mais tarde – seja por questões profissionais, financeiras, emocionais e até mesmo para esperar pelo parceiro ideal. Nesse contexto, o congelamento de óvulos surge como um aliado.
Afinal, a fertilidade da mulher é finita. Para começar, nascemos com um número de óvulos definido para toda a sua vida fértil. E quando chegamos lá pelos 35 anos, ocorre uma perda em termos de quantidade e qualidade, o que dificulta a gestação.
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Por isso, costumamos dizer que o processo do congelamento de óvulos é uma nova revolução feminista. E ela se inicia quando a mulher decide o momento de ser mãe sem ser refém da idade biológica e sem se importar com julgamentos.
Apesar disso, ainda há muitas dúvidas sobre como é o procedimento.
Os primeiros passos
O tratamento começa com a avaliação das condições da paciente em todos os aspectos, tanto físicos como emocionais.
Com os exames e o diagnóstico em mãos, iniciamos a preparação com as injeções de hormônios fisiológicos, que dura, em média, 10 dias – fase que chamamos de estimulação ovariana.
Vale lembrar que o ovário disponibiliza uma quantidade mensal de óvulos para serem usados. Porém, ele só consegue amadurecer um por mês. Portanto, na fase da estimulação é essencial incentivar o crescimento de todos os que estão disponíveis para que possam ser guardados.
A etapa seguinte é da coleta e do congelamento dos óvulos, que ocorrem no mesmo dia.
É importante ressaltar que o procedimento de congelamento não afeta a reserva ovariana: apenas aproveitamos esses óvulos disponíveis e que seriam descartados pelo organismo.
Como especialistas em fertilidade e reprodução humana e assistida, recomendamos que todo esse processo seja feito até os 35 anos de idade. Assim que colhidos, os óvulos devem ser congelados imediatamente para que tenham sua integridade preservada.
Tem prazo para usar?
Não. Via de regra, o útero envelhece de uma maneira muito mais lenta e, por esse motivo, os óvulos ainda podem ser utilizados cerca de 10 a 15 anos depois de serem congelados.
Além disso, graças aos avanços tecnológicos na medicina, a etapa de fertilização é diferente de tempos atrás.
Antes, era normal tentar implantar mais embriões dentro do útero, já que os meios de cultura onde os colocávamos não eram tão modernos. Dessa forma, seria possível aumentar as chances de gravidez.
Agora, é recomendado que se coloque um por vez, para que se tenha uma gestação única, evitando complicações de saúde para as mães e os futuros bebês.
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Para aquelas que desejam realizar o congelamento de óvulos, indicamos buscar por uma equipe multidisciplinar de médicos especialistas na área, garantindo, assim, que o procedimento seja feito segundo regulamentação do Conselho Federal de Medicina.
Além disso, em alguns casos, sugerimos também um acompanhamento com um psicólogo para assegurar o bem-estar integral físico e mental durante o processo.
*Amanda Volpato e Melissa Cavagnoli são médicas ginecologistas, especialistas em fertilidade e reprodução humana e assistida e sócias da clínica Hope – Reprodução Humana