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Cigarros eletrônicos não são inofensivos. Pelo contrário!

Especialista relata aumento na adesão aos vapes e nos casos de doenças pulmonares entre jovens usuários

Por Arthur Feltrin, pneumologista*
5 jan 2022, 10h36
foto de jovem fumando cigarro eletrônico
Número de jovens fumando cigarros eletrônicos tem crescido no Brasil e no mundo.  (Foto: Giorgio Trovato/ Unsplash/Divulgação)
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Sucesso entre os jovens e os adolescentes, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) são mais prejudiciais do que parecem. As versões com e sem nicotina, em mais de 1 500 sabores vaporizáveis, têm atraído aqueles que nunca experimentaram cigarros tradicionais, que também se tornam reféns da dependência e do desenvolvimento de doenças respiratórias.

Introduzidos inicialmente no mercado como uma alternativa supostamente mais segura para ajudar na redução do vício pelo tabagismo, os vapes, como são popularmente conhecidos, contêm propilenoglicol ou líquidos derivados de glicerina vegetal com nicotina, substâncias aromáticas, metais e outros produtos químicos. O cheiro pode ser mais agradável, mas o produto engana ao oferecer riscos à saúde.

O uso de dispositivos eletrônicos com aditivos tóxicos, como álcool benzílico, benzaldeído, vanilina, acroleína, diacetil e tetrahidrocanabinol (THC), está entre as principais causas do aumento de casos de injúria pulmonar (ou e-cigarette, or vaping product, use associated lung injury, EVALI, sigla do distúrbio em inglês). O fenômeno também vem ocorrendo no Brasil, sendo motivo de alerta recente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Tosse, dor torácica e dispneia, a dificuldade para respirar, estão entre os sintomas respiratórios provocados por essa condição. Fora isso, a doença já foi relacionada a dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, febre, calafrios e perda de peso.

+ Leia também: Cigarro eletrônico coloca o coração dos mais jovens em risco

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Não para por aí. Cigarros eletrônicos permitem que o usuário dê mais tragadas em um curto período e bem mais rápido do que com o cigarro convencional. A nicotina dos e-cigarros atinge o cérebro entre 7 e 19 segundos após uma tragada, liberando substâncias que levam a uma sensação de prazer momentâneo, mas que podem causar impactos em áreas do cérebro responsáveis por regular as memórias e as emoções. Além disso, suspeita-se que as toxinas presentes nos líquidos vaporizantes estejam ligadas a maior risco de câncer de pulmão, estômago e esôfago.

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Os problemas respiratórios que vêm sendo diagnosticados e vinculados aos vapes exigem acompanhamento médico e a imediata suspensão do cigarro eletrônio. Em alguns casos, é necessário suporte com oxigênio. Exames de sangue e imagem são importantes para avaliar a extensão dos danos.

Como médico pneumologista, recomendo aos pais e responsáveis que mantenham um diálogo aberto sobre o consumo de vapes, principalmente quando há dados alarmantes sobre os seus malefícios e o crescente número de usuários ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, os National Institutes of Health (NIH) reportaram que de 2017 para 2018 o número de adolescentes usando DEFs aumentou de 2,1 milhões para 3,6 milhões.

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Do mesmo modo, vale incentivar uma mudança no estilo de vida dos jovens, identificando situações mais propícias à vontade de fumar e alterando detalhes da rotina para evitar esses gatilhos. Por fim, ressalto que a comercialização, a importação e a propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil por meio de resolução da Anvisa. Sabemos que, ainda assim, as pessoas têm acesso a eles, o que reforça nosso papel de esclarecer seus riscos.

* Arthur Feltrin é pneumologista e especialista em medicina da longevidade 

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