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Avanços no monitoramento de doenças cardíacas no tratamento do câncer

Ciência evolui para descobrir maneiras de proteger o coração de quem sobreviveu a tumores ou está passando por terapias

Por Flávio Cure, cardiologista*
7 jul 2024, 08h00
doencas-cardiacas-cancer
Indivíduos que tratam câncer podem estar mais sujeitos a alguns problemas cardíacos (VEJA SAÚDE/Veja Saúde)
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Como a mortalidade por câncer tem diminuído graças ao avanço de novas terapias, as doenças cardiovasculares emergiram como uma preocupação pós-neoplasia.

Os sobreviventes dos tumores têm um risco de morte de 2 a 5 vezes maior devido a doenças cardiovasculares do que a população em geral, uma ameaça aos ganhos alcançados na sobrevivência ao câncer.

Em resposta às crescentes preocupações nesse sentido, o campo da cardio-oncologia evoluiu. Nele, especialistas tanto em oncologia como em medicina cardiovascular trabalham para melhorar a detecção, monitorização e tratamento de doenças cardíacas em cada fase dos cuidados ao câncer.

Essa área tem crescido rapidamente para atender à necessidade urgente de melhorar a saúde cardiovascular dos pacientes que passaram por quimioterapia ou radioterapia.

A quimioterapia ataca o tumor, mas também outros órgãos do corpo, como o coração, podendo causar hipertensão, arritmias e insuficiência cardíaca. Já a radioterapia no tórax no tratamento do câncer de mama, pulmão e linfoma pode causar danos ao músculo cardíaco.

Nem todos passarão por algo do tipo, mas alguns fatores aumentam esse risco. São eles: pessoas com doenças cardíacas pré-existentes, maiores de 65 anos e menores de 18 anos e mulheres após a menopausa. Outros fatores mutáveis também aumentam esse risco como o sedentarismo, o tabagismo e a obesidade.

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+  Leia também: Precisamos falar sobre o coração de quem se trata de um câncer

O monitoramento rigoroso para cardiotoxicidade durante a quimioterapia é crucial para o diagnóstico precoce e orientação terapêutica. Atualmente, o monitoramento baseia-se na realização de exames de imagens e na medição sequencial de biomarcadores como troponina e peptídeos natriuréticos.

No entanto, esses biomarcadores convencionais são indicadores não específicos. A exploração de novos biomarcadores mais específicos, com um claro vínculo com o mecanismo da cardiotoxicidade, promete mais especificidade e sensibilidade na detecção precoce da cardiotoxicidade induzida por antraciclinas, a droga mais frequente a causar problemas cardíacos e a mais utilizada e eficaz no tratamento do câncer de mama, leucemia e linfoma.

Neste cenário, os miRNAs (microRNAs), pequenas sequências de RNA de fita simples e não codificantes envolvidas na regulação epigenética, que atuam “traduzindo” mensagens do código genético às células, têm emergido como novos candidatos a biomarcadores.

Os miRNAs circulantes exibem resistência à degradação e alguns deles podem mostrar um vínculo patomecânico direto com a cardiotoxicidade.

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Os projetos são promissores, mas ainda estão em fase de validação clínica. Enquanto as novidades não chegam, manter contato não apenas com o oncologista, mas também com o cardiologista durante o tratamento do câncer é uma medida preventiva cada vez mais importante.

Flávio Cure é cardiologista clínico e especialista em cardio-oncologia, coordenador do Centro de Estudos do Hospital CopaStar, responsável pelo serviço de Cardio-oncologia da Rede D’Or e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia

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