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As três dimensões da dor

Essa sensação desagradável não é definida só como o resultado de lesões. Especialista conta como nossas emoções e pensamentos influem nela

Por Mariana Schamas, cinesiologista*
Atualizado em 5 jan 2024, 10h13 - Publicado em 5 jan 2024, 09h51
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A dor vai além de lesões ou alterações no corpo (Foto: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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O assunto não é futurista. Vamos falar sobre uma pesquisa revolucionária feita em 1968. Isso mesmo, algo que aconteceu 55 anos atrás. Nessa época, dois pesquisadores da área da psicologia, Richard Melzack e Kenneth Kasey, nos mostraram o quanto nosso emocional está ligado à intensidade da dor que sentimos. 

A definição de dor crônica, aquela que perdura por mais de três a seis meses, segundo a IASP (International Association for The Study of Pain), é: “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada a uma lesão tecidual real ou potencial”. 

Ou seja, a sensação de dor é física e emocional. E ela pode ter uma lesão real ou não. É possível não apresentar alterações nos exames e mesmo assim sentir dor.

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Segundo Melzack e Kasey, o que o corpo sente a mente pensa – e vice-versa. Sendo assim, como a emoção e o pensamento interagem com a dor que sentimos no corpo? 

Achamos que a dor é algo linear, mas a vida é multidimensional. 

Um exemplo: eu bati o dedo e doeu. Mas se bati o dedo no dia em que estou focada em jogar tênis, esse dedo dolorido vai ficar em segundo plano. Eu sacudo a mão, esfrego o dedo e vou jogar.

Agora, se bato o dedo e estou mais sensível e desanimada, isso vira a tragédia do dia. A dor tira minha concentração, me impede de realizar as tarefas programadas e eu me sinto um lixo. 

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Tudo isso para dizer que a dor tem faces distintas, que podemos enquadrar em três dimensões:

1) Sensorial – discriminativa = Sensação

Esse é um clássico da experiência dolorosa: o estímulo vem e sentimos algo no corpo. Opa, o que será?

Logo processamos discriminando a localização, o tipo de sensação (arde, queima, fisga) e a sua intensidade.

Nessa primeira dimensão, eu sinto e categorizo a dor dentro de algo que já conheço ou comparo e aproximo com algo que já senti antes.

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2) Afetivo – motivacional = Emoção

Vamos considerar o afeto como a disposição de alguém por alguma coisa, seja positiva ou negativa. É a partir dos afetos que demonstramos emoções ou sentimentos.

Agora pergunto: será que toda dor envolve um afeto? Segundo a neurociência da dor, a resposta é sim.

Esse mesmo afeto pode estimular comportamentos protetivos e, principalmente, comportamentos de mudanças que contribuem para a melhora. Por exemplo, se piso em um objeto pontiagudo, o afeto negativo, a sensação de fisgada, me motiva a retirar o pé do prego e olhar com mais cautela para o chão.

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3) Cognitivo – valorativa = Pensamento

Para cada dor que sentimos, o processo de interpretação do que está acontecendo corre solto e, em fração de segundos, entra no nosso banco de dados armazenado no cérebro. É a memória da dor.

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Para vivenciar a dor de forma consciente, esse processamento cognitivo é imperativo. Aliás, a avaliação da dor depende fortemente da cognição, porque requer aprendizagem e recordação de experiências anteriores.

Nessa dimensão, vamos fazer um balanço do que já sentimos antes para interpretar o que estamos sentindo agora. Vários aspectos são levados em consideração nesse momento.

O cérebro faz um tipo de leitura geral, um escaneamento, para avaliar o quanto essa sensação é perigosa. O mais curioso é que essa interpretação pode ser consciente ou não.

+Leia também: Pesquisa retrata impactos socioemocionais em cuidadores

    Tudo junto

    Quando sentimos dor, ou lembramos dela, passamos por essas três dimensões. Às vezes uma mais do que a outra, e não necessariamente nessa ordem. Essas informações nos ajudam a entender por que é tão complexo o processo do alívio da dor e quanto essa sensação é individual.

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    A dor é, sem dúvida, uma experiência multidimensional envolvendo aspectos físicos, psicológicos, comportamentais, afetivos, cognitivos e sensoriais.

    *Mariana Schamas é cinesiologista, pós-graduada em dor, professora e criadora do Dolori app.

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