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Ambientes que curam: a importância da arquitetura na nossa saúde

Os espaços em que vivemos devem ser cuidadosamente pensados para ajudar no nosso bem-estar e também na recuperação de pacientes

Por Rafaella Ferraz, arquiteta*
Atualizado em 17 jan 2022, 14h35 - Publicado em 16 jan 2022, 11h31
arquitetura hospitalar
Projetos arquitetônicos devem levar em conta o bem-estar, garantindo, por exemplo, boa ventilação e mais espaços verdes. (Foto: Chuttersnap/Unsplash/Divulgação)
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Em um momento como esse, de uma grave crise epidemiológica, a pergunta que não sai da mente de arquitetos e designers é: como podemos colaborar com a criação de espaços interiores mais saudáveis e seguros?

Afinal, é papel fundamental da arquitetura atender às demandas da sociedade e criar soluções em forma de espaços para o bem-estar geral.

Já especificamente na arquitetura hospitalar, o ambiente de qualidade é uma das principais ferramentas na promoção da saúde e prevenção de doenças, tendo papel fundamental na recuperação do paciente. Um ambiente de cura é o princípio base de todo projeto ligado à saúde.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ambiente construído é responsável por 19% dos fatores que afetam a saúde e o bem-estar.

Essa relação ficou ainda mais clara na pandemia do coronavírus, que evidenciou a necessidade de transformações profundas em vários aspectos do dia a dia.

E é importante lembrar que essa não é a primeira nem será a última crise sanitária mundial. Portanto, a maior atenção com os espaços será um tema presente por muito tempo, senão para sempre.

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Olhando para um futuro não tão distante, precisamos, então, pensar em como criar ambientes funcionais e confortáveis. Em resumo, devemos trabalhar sempre com a consciência de que nós, arquitetos, também somos responsáveis pela saúde de todos através da construção de edifícios saudáveis.

Essa preocupação vai desde o desenho de plantas baixas mais abertas, visando edifícios naturalmente ventilados, com circulação e purificação do ar, até à especificação cuidadosa de materiais que ajudam a mitigar a propagação de doenças.

A pandemia gerou um aumento no interesse em usar, por exemplo, materiais antimicrobianos (nos quais as bactérias não aderem), tornando mais abrangente sua aplicação em projetos de design de interiores – não necessariamente apenas em ambientes de saúde.

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Devido à maior preocupação com a higienização dos ambientes e a busca por minimizar os riscos de contágio entre pessoas que utilizam o mesmo espaço, aumentou ainda a preferência por superfícies lisas, materiais laváveis e assépticos.

Já o uso de estofados, carpetes e cortinas – famosos por acumularem pó e bactérias – foi repensado em projetos de interiores.

+ LEIA TAMBÉM: A arquitetura hospitalar sob a ótica de um paciente na UTI

Mais verde

O chamado design biofílico, um grande aliado em promover bem-estar, também tem ganhado destaque. Ele prevê incorporar espaços verdes nos projetos, algo que promove sentimentos positivos, culminando em uma resposta melhor dos pacientes ao tratamento. Ora, é da natureza humana querer estar conectado com o verde.

Pensando nisso, ainda vale alinhar aberturas estratégicas de vãos e posicionar janelas que possam ser abertas, possibilitando a reciclagem e a melhor qualidade do ar interno.

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A iluminação é outro fator que impacta diretamente no humor, atuando no equilíbrio psicológico do usuário ou paciente. A escolha por temperaturas mais quentes –com o auxílio da cor amarela – promove a humanização do ambiente, criando uma sensação de aconchego.

Atualmente, existem diversas luminárias que até ajudam a matar bactérias e purificam superfícies.

E a tecnologia de iluminação não para de avançar. Dá para dizer que se trata de uma ferramenta terapêutica indispensável. Um exemplo é o uso da luz ultravioleta incorporada a chuveiros e torneiras, que ajuda a melhorar o sistema imunológico.

+ LEIA TAMBÉM: Mais verde no escritório para reduzir o estresse 

Também veremos, logo mais, a tentativa de eliminar a maioria de superfícies de alto toque, isso que já é realidade em hospitais há décadas. Falo de soluções como: sensores de presença, torneiras e vasos sanitários com acionamento por sensor, além de iluminação e portas automatizadas.

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O que tiramos de aprendizado com essa experiência é a oportunidade de ver e sentir como a arquitetura, e o ambiente que nos cerca, influencia na qualidade de vida de todos.

E nós, arquitetos, somos indiretamente responsáveis pela saúde dos edifícios. Devemos pensar com maior cuidado em todos os aspectos projetuais, criando espaços mais humanos para uma melhor experiência do usuário.

Os ambientes precisam inspirar sentimentos bons e uma sensação de paz e relaxamento. Afinal, o que todos querem é se sentir em casa em qualquer lugar.

*Rafaella Ferraz é arquiteta especialista em ambientes para saúde, pós-graduanda em arquitetura hospitalar pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

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