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Você pode (ou melhor, deve) se preparar para um envelhecimento saudável. A geriatra Maisa Kairalla, da Universidade Federal de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, ensina como
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É urgente aprender a envelhecer melhor

O caminho envolve orientação e mudanças no estilo de vida mas também o apoio do Estado e o acolhimento das gerações mais novas

Por Maisa Kairalla
Atualizado em 17 ago 2021, 13h17 - Publicado em 30 jul 2021, 19h00
ilustração de idoso erguendo os braços
Suporte adequado à saúde, convívio social, mobilidade e respeito são alguns dos desafios do envelhecimento no Brasil. (Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital)
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O processo de envelhecimento não é nenhuma novidade à nossa espécie: é algo que sempre existiu e sempre existirá (ao menos, até o momento, é o que a ciência nos permite afirmar). Então, por que ainda temos tanta dificuldade não apenas em aceitá-lo como também em torná-lo uma experiência mais digna e prazerosa?

Se sabemos que envelhecer é uma condição intrínseca à humanidade, por que deixamos para nos preocupar com isso apenas quando a velhice já está batendo à porta? Esse questionamento torna-se ainda mais importante frente aos dados divulgados pela Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU), que apontam um envelhecimento global da população.

Em todo o mundo, as pessoas estão envelhecendo e, em especial, no Brasil, esse processo ocorre de forma ainda mais acelerada. Em 2018, uma pesquisa do IBGE concluiu que, a partir de 2039, haverá no país mais pessoas idosas do que crianças e que, em 2060, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos.

Envelhecemos a passos largos, ao mesmo tempo que não estamos completamente preparados para isso. Um estudo do Ministério da Saúde em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriu que sete em cada dez pessoas com mais de 50 anos têm alguma doença crônica no país. É importante destacar que isso, por si só, não é algo limitante, mas uma condição que exige suporte dos serviços de saúde, que estão sobrecarregados e não conseguem atender todo mundo com atenção, eficiência e rapidez.

A mobilidade urbana é outro desafio para a população idosa. Apesar da gratuidade no transporte coletivo e no transporte intermunicipal ser um direito garantido às pessoas maiores de 65 anos pelo Estatuto do Idoso, há regras específicas para usufruir do benefício e o idoso nem sempre recebe orientações suficientes. Isso sem falar na acessibilidade, que muitas vezes é precária, dificultando o uso dos transportes e a movimentação dos mais velhos.

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+ LEIA TAMBÉM: Envelhecer não é doença! É um direito

Há, também, a questão financeira. De acordo com um estudo divulgado em 2014 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 86,3% dos idosos recebem algum tipo de benefício no Brasil. Mas sabemos que o valor, muitas vezes, é aquém do necessário. Ainda assim, uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), feita em 2018, revelou que 43% das pessoas acima de 60 anos são as principais responsáveis pelo sustento da casa.

Isso nos traz a um outro ponto: o preconceito e a violência contra o idoso. Apesar de ser peça fundamental na sociedade, a população idosa segue enfrentando discriminação e diferentes formas de abuso, dentre elas a violência financeira, que consiste no desvio ou na apropriação de seus recursos econômicos.

Infelizmente, essa é uma realidade em muitos lares brasileiros e, não à toa, figuramos na posição número 56 (entre 96 nações analisadas) no ranking de melhores países para envelhecer. O levantamento, feito em 2015 pelo instituto HelpAge International, coloca o Brasil como um dos piores países da América Latina, ficando à frente apenas da Venezuela e do Paraguai.

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Além de políticas públicas e do combate ao ageismo, para melhorar esse cenário precisamos também aproveitar o bônus demográfico que vivemos atualmente. Ou seja, este é o momento em que o número de pessoas economicamente ativas (jovens e adultos) na pirâmide é superior ao de crianças (base) e idosos (topo), o que, em tese, tende a gerar mais riqueza e desenvolvimento ao país.

Mas não podemos esquecer de outro fator que impacta diretamente a qualidade do envelhecimento: o convívio social. Muitos idosos reclamam da solidão e, com a pandemia da Covid-19, se viram ainda mais afastados dos familiares e amigos. Esse é um cuidado que todos nós deveríamos ter com os idosos que nos cercam, lembrando de acolhê-los com a dignidade e o carinho que merecem.

Aprender a envelhecer melhor deveria ser a lição de casa de todo e qualquer brasileiro. Afinal, todos seremos idosos um dia. É nesse sentido que governos e sociedade devem, juntos, trabalhar. Curiosamente, em 15 de julho, celebra-se o Dia Mundial das Habilidades dos Jovens, enquanto no dia 26 de julho é comemorado o Dia dos Avós. Duas datas tão próximas e que dizem respeito a gerações diferentes, mas que, figurativamente, podem ilustrar um pouco o ciclo da vida. Devemos contar com a força e a energia da juventude, bem como o apoio do Estado, para gerar uma velhice confortável e sem solidão.

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