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Esse é o blog de Patricia Julianelli, jornalista especialista em nutrição, esporte e qualidade de vida, além de apaixonada por comida e corrida de rua. Ela é autora do livro "Boca Livre - Comida e Boa Forma com Prazer e sem Neura" e apresentadora do quadro "Saúde em Movimento", da rádio CBN
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Sobre honrar os nossos desejos

Se a vontade for de um chocolatinho, coma sem culpa e com consciência. Não se engane com versões “do bem” do doce preferido, caso elas estraguem seu prazer

Por Patricia Julianelli
Atualizado em 25 jan 2024, 11h56 - Publicado em 24 jan 2024, 11h43
brigadeiro
Gosta de brigadeiro? Então não tem para que abolir esse item da alimentação. (Foto: Felippe Lopes/Unsplash/Divulgação)
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Cookie bem chocolatudo e fácil de fazer“. Essa era a chamada no feed de uma nutricionista. Salivei e fui checar os ingredientes. Ovo, chocolate 70%, farinha de amêndoas, farinha de arroz, açúcar de coco, óleo de coco, extrato de baunilha e bicarbonato de sódio. O preparo era jogo rápido, mas só se eu fosse antes no mercado. E eu nem queria um cookie low carb, só queria um cookie bem chocolatudo e fácil de fazer…

Não precisava ser nutritivo, só gostoso mesmo. Outro dia caí no conto do mousse de chocolate delicioso e com apenas dois ingredientes. Fui ver e era abacate com chocolate em pó. Pode apostar: geralmente as receitas incríveis com apenas dois ingredientes são cilada. 

Vamos concordar que, às vezes, a gente só quer o gostoso mesmo. Pode ter açúcar, gordura, glúten, lactose. O pacote completo, se for o caso.

+Leia também: Adoçante ou açúcar: qual devo usar?

Devemos honrar os nossos desejos. Nem tudo que comemos precisa ser nutritivo. A base da alimentação deveria ser, mas não tudo. Precisa haver espaço para o “só gostoso”. 

É sem lactose? Sem glúten? Não, só gostoso mesmo. É sem açúcar? Não, só gostoso mesmo.

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Muito se fala em propósito de vida, que devemos buscar nossa missão por aqui. Pois eu acredito que cada alimento tem seu propósito. 

E o do brigadeiro, por exemplo, não é ser fit, diet, light ou low carb. Ele veio ao mundo para nos dar prazer. Para fazer a gente fechar os olhos enquanto saboreia.

Brigadeiro, pudim, quindim, chocottone recheado, ovo de Páscoa. Eles só existem para serem gostosos, escandalosamente gostosos. A gente tem outras trilhões de oportunidades para ser saudável.

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E é aí que está o pulo do gato: para que os “só gostosos” façam parte da nossa rotina – sem culpa, sem neura -, boa parte da alimentação deveria pertencer à categoria “gostoso e nutritivo”. Comida saborosa, cheirosa, apetitosa e repleta de nutrientes. E que privilegia alimentos frescos e integrais.  

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Olha só: nada contra as versões mais saudáveis de pratos ou doces tradicionais. Se elas forem realmente gostosas e fizerem você sorrir, tá valendo. Só precisamos ter consciência de que as versões mais nutritivas não são necessariamente menos calóricas.

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Aliás, são grandes as chances de um bolo delicioso com farinha integral, castanhas, uva passa e mel ser mais calórico que um bem simplesinho à base de farinha branca e açúcar refinado. Bolo é bolo. Ele veio para nos dar prazer e tem calorias consideráveis.

E vale um alerta em relação a itens como “espaguete de abobrinha”, “lasanha de berinjela” e “arroz de couve-flor”. São ótimas maneiras de variar o consumo de vegetais, dão uma emoção ao dia a dia. Mas não deveriam ser considerados alternativas aos clássicos, como se as versões originais fossem proibidas.

Espaguete, lasanha e arroz nos dão energia. Não há motivo algum para demonizá-los. Farelo de arroz não é e nunca será nada parecido com um arroz feito na hora, com alho e cebola refogadinhos.

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Honre seus desejos. Isso vale para a comida, o trabalho, as relações pessoais, os momentos de lazer. No final das contas, estamos todos aqui com a mesma missão: sermos felizes. E isso a gente dificilmente alcança com versões fit dos nossos desejos. 

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