Pelo menos seis em cada dez mulheres vão ter, em algum momento da vida, alguma infecção do trato urinário.
Esse “favoritismo” pelo sexo feminino se dá por uma questão anatômica: medindo de 3 a 4 centímetros, a uretra das mulheres é menor que a dos homens, ficando mais exposta a bactérias que costumam ficar na região do ânus, caso da E. coli, que pode se transportar do intestino para o canal por onde sai o xixi.
Os principais sintomas da infecção urinária são dor e/ou ardência ao urinar (principalmente no final da micção), aumento da frequência de idas ao banheiro e, em alguns casos, dor na região inferior do abdômen, o baixo ventre.
Em casos mais graves, a infecção também pode causar febre e dor na lombar, dois sinais de alerta importantes, pois podem indicar que as bactérias estão se disseminando pelo corpo.
Uma das complicações da infecção urinária é a pielonefrite, que ocorre quando as bactérias atingem os rins e ureteres. Nesse estágio, há um grande risco do quadro evoluir para uma infecção generalizada. Por isso não dá para bobear!
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Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é necessário fazer exame de urina para diagnosticar a infecção do trato urinário. Episódios únicos podem ser detectados apenas com exame clínico, enquanto a urocultura é utilizada em alguns casos, antes de iniciar a profilaxia e na investigação de quadros de repetição, por exemplo.
A chamada infecção urinária de repetição pode acometer cerca de 30% das mulheres com o problema. Essa classificação é dada quando há ocorrência de dois episódios (confirmados com exames de urocultura) dentro de seis meses ou três episódios em um único ano.
Existem alguns fatores de risco para a infecção urinária de repetição:
– Atividade sexual frequente ou recente
– Uso de espermicidas
– Antecedente de infecções na região
– Período pós-menopausa
– Uso recente de antibiótico
– Gravidez
– Cálculo renal e/ou malformação renal
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Em relação às atividades sexuais, o risco se dá porque a penetração facilita ainda mais o acesso das bactérias ao trato urinário. A melhor forma de se prevenir é ter o hábito de urinar logo após o sexo: a urina ajuda a limpar o canal, impedindo a “subida” de bactérias e outros resíduos que podem causar encrencas.
No caso das pessoas que estão passando pelo climatério ou chegaram à menopausa, a infecção urinária pode ser mais frequente pela alteração de anatomia devido à diminuição dos hormônios femininos. O quadro favorece o acúmulo de resíduos no trato urinário, facilitando a proliferação de bactérias. As mudanças hormonais desse período também podem afetar o equilíbrio da flora vaginal e a estrutura da uretra.
Alguns cuidados básicos ajudam a evitar tanto os episódios únicos de infecção urinária como os quadros de repetição. Destaco quatro deles:
– Beber bastante água no dia a dia
– Não segurar o xixi por muito tempo
– Não se submeter a duchas vaginais
– Ter uma higiene íntima adequada
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Nem sempre isso bastará, claro. Mas, felizmente, temos algumas opções terapêuticas para conter o problema quando ele ocorre com recorrência, com uma vacina administrada via oral, com cepas inativadas da bactéria E.coli, que tem se mostrado eficaz na redução dos episódios de infecção sem efeitos colaterais negativos.
Para quem está passando pela menopausa, a terapia hormonal vaginal ou mesmo tratamentos com laser íntimo são alternativas no combate à infecção urinária de repetição, principalmente pelo fato de reestruturar a vagina, a vulva e a uretra.
Já soluções como o consumo de suco ou cápsulas de cranberry e mesmo probióticos ainda carecem de evidência científica suficiente a respeito de sua eficácia. No caso da cranberry, por exemplo, a recomendação é usar como medida preventiva e de maneira complementar a outras táticas orientadas pelo médico.
Outro ponto importante no tratamento é o diagnóstico precoce. Diante das queixas clássicas, o profissional poderá analisar a situação e prescrever as medidas terapêuticas cabíveis, que incluem diversas opções de antibiótico, algumas delas eficazes em dose única e podendo ser usadas inclusive por gestantes.
Além disso, uma boa consulta rastreará as possíveis causas das infecções de repetição, permitindo traçar estratégias de prevenção mais eficientes.
* Gabrielle Gomes é ginecologista e especialista em uroginecologia da Oya Care, a primeira clínica virtual de saúde feminina no Brasil
Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Oya Care