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Luto e Covid-19: o que os gestores precisam saber?

Psicóloga ensina métodos para amparar colaboradores em um momento com tantas perdas e identificar quem precisa de ajuda

Por Ana Carolina Peuker, psicóloga e CEO da BeeTouch*
Atualizado em 19 Maio 2021, 13h28 - Publicado em 19 Maio 2021, 13h26

As mudanças trazidas pela pandemia de Covid-19 impactaram a saúde mental dos trabalhadores. A falta de convívio com os colegas, a necessidade de adequação para o ambiente virtual, as incertezas políticas, sociais e econômicas vividas, e muitas outras questões podem trazer prejuízos na saúde emocional da força produtiva.

Acima de tudo, a dor da morte tem assumido um inevitável protagonismo na vida de muitas pessoas, em virtude da crise sanitária e do colapso do sistema hospitalar no país. Seja a perda de familiares, de cônjuges, amigos e/ou de colegas de trabalho…. É importante que os gestores possam se mostrar atentos e sensíveis ao luto.

As pessoas precisam de tempo para processar notícias, eventos traumáticos e angustiantes, e podem precisar de ajuda nesse processo. Mortes, especialmente as repentinas e inesperadas, desafiam crenças básicas sobre a vida, o que pode levar ao desequilíbrio psicológico. As particularidades da Covid-19 potencializaram esse impacto. 

Como identificar as reações ao luto? 

Cada pessoa vive o luto de uma maneira, mas as reações que os psicólogos estão notando com maior frequência mais nesta pandemia são: 

  • Sentimentos de profunda tristeza, solidão e vazio; 
  • Choro repentino; 
  • Desespero com sonhos não realizados; 
  • Medo de ficar doente; 
  • Raiva; irritabilidade ou aborrecimento com os outros; 
  • Culpa por se sentir responsável pela morte ou por coisas que aconteceram no passado; 
  • Insônia ou sono excessivo 
  • Mudança nos comportamentos alimentares.

No trabalho, os colaboradores que passaram por este tipo de trauma podem ainda apresentar algumas reações nos meses seguintes, como cometer algumas falhas ou atrasar-se para entregas e compromissos. Outros sinais de alerta são dificuldade de concentração, esquecimentos, perda do foco, isolamento, falta de motivação, episódios de choro e queda da produtividade. 

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Diante deles, gestores precisam se mostrar disponíveis, mas respeitando a privacidade, a dor e a forma como a pessoa atravessará esse episódio em sua vida. 

Oferecendo suporte a um time enlutado 

Nos primeiros quinze dias após a morte, crie pequenas flexibilizações na rotina para que o trabalhador possa sentir-se amparado e compreendido pela empresa. 

O gestor deve também estar atento e comunicar o colaborador sobre leis existentes que possam ajudar nesse momento tão difícil. Além do suporte emocional, saber que a empresa está garantindo e executando seus direitos em meio a tantas fragilidades pode significar um grande alívio. 

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É muito importante ainda não esperar uma volta à normalidade tão breve assim, especialmente se a morte tiver sido de um dos membros do time. É esperado que a equipe precise de tempo para se recuperar e que, durante todo esse período, haja uma queda no desempenho individual e coletivo.

Se você, gestor, não sabe por onde começar, primeiro escute ativamente as necessidades do pessoal. Demonstre interesse em saber o tipo de suporte que fará com que eles se sintam mais acolhidos e seguros, e implemente o que for possível dentro do seu contexto. 

Esse pode ser o primeiro passo para implementar uma cultura de diálogo e segurança psicológica, onde todos se sentem à vontade para acionar ajuda quando necessário. O clima de acolhimento e solidariedade pode proteger, inclusive, de danos psicológicos adicionais que venham a afetar os colaboradores. 

Por fim, considere criar uma política de luto no ambiente corporativo, tendo em mente que, ao lidar com esse tipo de perda, os empregadores precisam ter os ‘3 Cs’ em mente:  Comunicação, Compaixão e Conexão. Estruturar as formas de apoio é fundamental para lidar com esse tema delicado e garantir que todos sejam tratados com igualdade e de forma humana.

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* Ana Carolina Peuker é psicóloga, CEO da Bee Touch e co-criadora da AVAX PSI, a plataforma pioneira de avaliações psicológicas do Brasil.  É mestre, doutora e pós-doutora pelo Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento (LPNeC), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

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