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Como andam os tratamentos experimentais contra a Covid-19

Remdesivir, plasma convalescente, anticorpos monoclonais... quais são os principais remédios em testes para atenuar os efeitos do coronavírus

Por Sara Tiner, escritora científica da Mayo Clinic Discovery’s Edge*
Atualizado em 20 out 2020, 16h25 - Publicado em 20 out 2020, 16h04

Encontrar tratamentos comprovadamente eficazes e seguros contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) é uma das maiores prioridades dos pesquisadores atualmente. E eles vêm encontrando sinais de esperança, tanto em remédios novos quanto em outros já aprovados para outras doenças. Vamos nos aprofundar em alguns:

Medicamentos antivirais

Os vírus não conseguem se replicar por conta própria. Para isso, eles precisam sequestrar uma célula hospedeira. A proposta dos antivirais é justamente travar esse processo.

Um exemplo é o remdesivir. O fármaco bloqueia a tradução do RNA que permite que o Sars-CoV-2 faça cópias de si mesmo. De acordo com dados publicados no The New England Journal of Medicine, o medicamento encurtou o tempo de recuperação em quatro dias entre os pacientes hospitalizados — isso em comparação com um placebo. Ele foi autorizado para uso experimental no tratamento de Covid-19 grave nos Estados Unidos.

No entanto, o efeito do remdesivir foi recentemente questionado em um artigo não revisado por pares do estudo SOLIDARITY, encabeçado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse relatório, entre 405 hospitais em 30 países, 2 750 adultos foram incluídos em estudos com o remdesivir. Nem essa droga, nem qualquer outra testada, mostrou uma redução definitiva na mortalidade, de acordo com a análise inicial.

Terapias imunomoduladoras

Em vez de focar no vírus, essas terapias atuam na resposta imunológica associada à infecção. Há opções que já existem para outras finalidades sendo testadas e medicamentos em desenvolvimento especialmente contra a Covid-19.

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Temos o exemplo dos esteroides, que acalmam o sistema imunológico. Normalmente, as pessoas usam esse grupo de remédios para amenizar doenças como artrite ou asma — ou como parte do tratamento de alguns cânceres ou s esclerose múltipla.

Os esteroides controlam a inflamação. Em um artigo publicado em 17 de julho de 2020 no New England Journal of Medicine, reportou-se que a dexametasona diminuiu a taxa de mortalidade de pacientes em ventilação ou que estavam recebendo oxigênio, conforme mensurado durante 28 dias.

Já outros imunomoduladores são anticorpos. Esses fragmentos de proteína têm várias funções, mas, basicamente, prendem-se a algo que o corpo precisa prestar atenção e sinalizam a necessidade de cuidados.

Por exemplo: quando um vírus invade uma célula, ele perfura sua membrana, assume o controle e faz cópias de si mesmo até a célula explodir, espalhando réplicas virais pelo corpo. Conforme se disseminam, esses agentes mal-intencionados acionam um “alerta vermelho” do sistema imunológico. Depois de uma série de eventos, células imunológicas começam a produzir anticorpos. Alguns deles sufocam o invasor, colando-o em uma massa imóvel e pegajosa. Outros se encaixam na membrana do vírus, impedindo-o de perfurar uma nova célula e de continuar o processo de replicação.

De acordo com um artigo na Nature, os anticorpos foram descobertos pela primeira vez no sangue de animais expostos à difteria ou à toxina do tétano há mais de 100 anos. Porém, era difícil isolar apenas um tipo de anticorpo e reproduzi-lo para contra-atacar alguma doença.

Mas, em 1975, os pesquisadores encontraram uma forma de produzir somente o anticorpo que queriam. Eles foram chamados anticorpos monoclonais.

No que diz respeito à Covid-19, os anticorpos monoclonais estão sendo analisados como um tratamento para pacientes com manifestação grave da doença. Pesquisadores vêm examinando os anticorpos de pacientes recuperados para identificar quais são mais eficazes para impedir que o vírus sequestre células ou para controlar a resposta imunológica. A partir daí, a ideia é criar uma droga específica.

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Além disso, os cientistas também estão investigando anticorpos monoclonais já utilizados contra outras enfermidades para determinar se algum seria útil no tratamento da Covid-19. O site americano ClinicalTrials.gov, que reúne estudos com tratamentos para diferentes problemas de saúde, lista cerca de uma dúzia de pesquisas com anticorpos monoclonais no contexto de infecção por coronavírus.

Um exemplo é o medicamento lenzilumabe. Ele bloqueia um alerta químico do sistema imunológico que leva à solicitação de mais células de defesa. O remédio é aprovado para o tratamento de asma, artrite reumatoide e leucemia. Testes estão sendo realizados para determinar se ele também atenua os danos causados pelo sistema imunológico durante a manifestação grave da Covid-19.

De acordo com o site Antibody Therapeutics Tracker, pelo menos 234 empresas em 26 países buscam terapias baseadas em anticorpos monoclonais para 48 alvos no Sars-CoV-2 ou no nosso sistema imunológico.

Plasma convalescente

Uma opção antiga para modular o sistema imunológico é usar os anticorpos criados pelas pessoas já que se recuperaram. Esses anticorpos são coletados do sangue e administrados em indivíduos com sintomas grave da Covid-19.

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Em abril de 2020, a Mayo Clinic foi selecionada pela FDA, a agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, para liderar um programa de acesso expandido para a administração de plasma convalescente em pacientes com Covid-19. O programa nacional dos Estados Unidos publicou dados sobre a segurança desse tipo de terapia e possíveis sinais de como ela poderia ajudar pacientes.

Com base nesses relatórios, o plasma convalescente atendeu aos padrões de Autorização para Uso Emergencial da FDA. A autorização significa que pacientes podem continuar recebendo plasma convalescente enquanto as pesquisas na Mayo e no mundo todo continuam.

Remédios senolíticos

Na Mayo Clinic, cientistas estudam um novo tipo de medicamento chamado de senolítico para o tratamento de suporte da Covid-19. Os senolíticos miram as células senescentes. Essas são células que o corpo encaminhou para serem desativadas, mas que se recusam a morrer. Também chamadas de células zumbis, elas foram associadas a diversas doenças do envelhecimento.

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Em um ensaio clínico, os pesquisadores estão investigando se a droga impede que pacientes com Covid-19 piorem. Isso é mensurado pela maior necessidade de suporte respiratório, pelo aumento de medidas gerais de fragilidade ou pela progressão da enfermidade de leve para grave.

Ao agregar um grande número de pacientes a esses esforços, iniciando estudos como os que estão em andamento na Mayo, os pesquisadores serão, com o tempo, capazes de separar o que funciona do que não funciona. E também compreender o que pode ser prejudicial.

*Sara Tiner é escritora científica e editora associada da Mayo Clinic Discovery’s Edge

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