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Tira-dúvidas sobre repelentes

Conversamos com a diretora de uma fabricante dessa classe de produtos para acabar com algumas confusões a respeito

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 19 mar 2019, 17h11 - Publicado em 19 jan 2016, 15h30
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  • A ameaça da febre amarela e, claro, da dengue, do chikungunya e do zika vírus está provocando um corrida pelos repelentes. Segundo o Zoom, um site e aplicativo que compara preços de diferentes mercadorias, houve um aumento recente de 78% na busca por esses itens que afastam os insetos.

    E, claro, sempre pairam algumas perguntas na cabeça dos brasileiros quando o assunto é escolher o repelente certo e usá-lo adequadamente. Para ajudar nossos leitores, conversamos com Tatiana Ganem, diretora de marketing da SCJohnson, empresa responsável pela marca Off. Confira a entrevista.

    Como reconhecer um bom repelente no mercado?
    O primeiro ponto essencial é verificar se o produto é aprovado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Hoje se vê muita gente lançando mão de soluções caseiras e o próprio Ministério da Saúde se pronunciou apontando que essas alternativas não são reconhecidas como eficientes porque não passaram por testes.

    Os repelentes testados contam com três principais ativos reconhecidos pela Anvisa pelo seu papel de proteção: o DEET, a icaridina e o IR3535. O que costuma mudar de uma fórmula para outra também é a concentração dos ativos. Quanto mais o produto tiver, mais tempo ele tende a proteger. Existem fórmulas em aerossol com mais DEET, por exemplo, que resguardam a pessoa por até seis horas.

    Outras, com menor teor de DEET, como a linha para crianças, protegem por até duas horas. A propósito, muito se falou que o DEET não seria tão eficiente contra os mosquitos, mas os produtos com o ativo são testados em laboratórios independentes, uma exigência da própria Anvisa, e a conclusão é que a classe é, sim, eficaz.

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    Há diferença de eficácia entre repelentes em creme e em spray?
    Existem algumas diferenças em relação à composição dos produtos e à concentração dos ativos empregados, mas, se usados seguindo as instruções da embalagem, ambos oferecem a mesma proteção.

    Quais as recomendações para acertar na aplicação do produto?
    É importante usar o repelente em todas as áreas expostas do corpo. O mosquito é atraído pela nossa pele porque exalamos gás carbônico. Quando utilizamos um repelente estamos inibindo os receptores sensoriais do inseto, que perderá o estímulo para nos picar. Por isso, não basta só passar o produto nas pernas e deixar os braços descobertos. O cheiro exalado continuará a atrair os mosquitos.

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    Embora o Aedes aegypiti, por voar mais baixo, acabe, de fato, atacando mais as pernas, não devemos descuidar dos braços, mãos e até rosto. Aliás, as pessoas podem e devem usar o repelente no rosto. Só é preciso, claro, ter cuidado com os olhos e a boca. Não se aconselha, por exemplo, borrifar o spray no rosto. A orientação é passar o produto nas mãos e, a partir daí, espalhá-lo pela face e nas demais áreas expostas.

    A exemplo do protetor solar, muita gente esquece que o repelente também pede reaplicação. De quanto em quanto tempo é preciso repassar?
    Isso vai depender de alguns pontos. Cada fórmula traz na embalagem o tempo médio de duração e é fundamental respeitar esse período para que o produto seja eficiente. Se o indivíduo entrou na piscina ou no mar ou está transpirando muito, por exemplo, também é indicado reaplicar o repelente.

    E vale a pena passar o produto em cima da roupa?

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    Até é possível fazer isso, caso o local esteja infestado de mosquitos. Não é comum que o inseto consiga picar sobre a roupa, mas, dependendo das circunstâncias, não há problema em aplicar também sobre elas. Só não é recomendável fazer isso em tecidos sintéticos, porque ele pode danificar a peça.

    Existe algum risco em fazer uso contínuo de repelente?
    Se ele for usado de acordo com as instruções do rótulo, não. Há fórmulas que preveem utilização até três vezes ao dia, por exemplo. Se isso for seguido à risca, dá pra usar diariamente e não haverá problema algum. Nossos produtos são ainda testados dermatologicamente, o que não é mandatório pelas regras da Anvisa.

    As gestantes, população de alto risco por causa do zika vírus, precisam de cuidados extras?

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    Os cuidados são os mesmos que a população em geral deve seguir. O que muda é a necessidade de uso por causa da gravidade das consequências ligadas à picada do mosquito.

    E em crianças?
    Existem linhas específicas para elas e inclusive lançamos uma opção em spray que torna a aplicação mais prática. Elas podem ser utilizadas por crianças a partir dos 2 anos de idade, seguindo a recomendação da Anvisa. Há linhas para a família que também podem ser aplicadas em crianças a partir dos 2 anos. Existem, por sua vez, outras opções em aerossol que só devem ser usadas acima dos 12 anos. Isso por causa da maior concentração de ativos na fórmula.

    Como é o consumo de repelentes no Brasil?

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    Estamos continuamente monitorando o mercado e buscando educar a população brasileira sobre o uso dessa classe de produtos. Dados apontam que só 6,4% dos brasileiros usam repelente pelo menos uma vez ao ano. Na Argentina, para se ter ideia, esse número é 30%.

    Ainda não existe esse hábito na população. Mas isso está mudando porque as pessoas estão entendendo que a ameaça não é a picada em si e o inchaço que vem em seguida. As picadas podem trazer problemas graves de saúde pública. Hoje temos um portfólio amplo de produtos e continuaremos, a partir do laboratório de entomologia SCJohnson nos Estados Unidos, a pesquisar os insetos e novas fórmulas.

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