Novo livro traz o mindful eating para o dia a dia
Nutricionistas ensinam uma postura mais atenta e reflexiva diante da alimentação. Quem ganha é a saúde física e mental
Veja que paradoxo: vivemos cada vez mais conectados com o mundo pelo celular e outros dispositivos que nos dão passagem ao universo digital e, ao mesmo tempo, mais desligados das vontades e necessidades do nosso corpo, assim como das escolhas e prazeres à mesa. Com algumas exceções, parece que operamos na base do piloto automático, não? É em busca de uma reconexão com a gente mesmo que surgiu o mindfulness, termo em inglês traduzido como “atenção plena”. E é dessa escola, digamos assim, que derivou o mindful eating, a aplicação da atenção plena à alimentação.
Hoje, a própria ciência vem chancelando essa abordagem, calcada na reflexão e na descoberta de um caminho pessoal, para cultivar um cardápio mais equilibrado e alinhado à saúde. O mindful eating se opõe diretamente à prescrição de modelos prontos, como as dietas restritivas que se multiplicam por aí e são fadadas ao fracasso.
Também não elege alimentos mocinhos ou vilões. Pelo contrário, longe de proibir ou receitar, pretende aliar a autocompreensão dos nossos anseios psíquicos e fisiológicos a tradições familiares e culturais. Tá, mas como isso funciona na prática? A resposta — e a jornada para chegar lá — está no livro Mindful Eating – Comer com Atenção Plena, das nutricionistas Cynthia Antonaccio e Manoela Figueiredo, publicado pela SAÚDE, da Editora Abril. Embaixadoras da nutrição comportamental no Brasil e especializadas na área, ambas se valem de suas experiências pessoais, profissionais e das evidências científicas para ajudar o leitor a reconectar-se com a comida, o corpo e a saúde.
Será que você sabe dizer quando realmente está satisfeito após a refeição? Identifica os momentos em que come apenas para lidar com uma emoção? Quantas refeições por semana faz sentado numa mesa, de talheres em mãos, e sem olhar para o celular? E qual foi a última vez em que preparou (ou saboreou) um prato em família? Trafegando por esses questionamentos, Cynthia e Manoela mostram que, sim, às vezes é preciso rever a rotina e aprender a ouvir melhor o organismo e nossas origens.
Uma das sacadas da obra é propor, ao longo dos capítulos, pensatas e exercícios práticos para despertar, como as autoras dizem, o “comedor mindful” que existe em cada um de nós. Um passo a passo para contemplar e desfrutar um pequeno chocolate, por exemplo, já aguça nossa percepção para todos os sentidos envolvidos no simples ato de se alimentar. Mas as nutricionistas vão além e trazem orientações factíveis de como modificar o ambiente e o cotidiano a fim de inspirar uma postura mais atenta diante das refeições — e o pulo do gato não raro está nos detalhes.
Em vez de demonizar ou vangloriar ingredientes, Cynthia e Manoela nos convidam a travar contato com a comida, a cadeia de produção e a cozinha, sugerem que nos aventuremos no preparo de receitas (antigas ou inovadoras) e chamemos família e amigos para compartilhar desses momentos e, claro, das refeições em si. Nem as crianças ficam de fora — afinal, a conexão com uma alimentação equilibrada e gostosa começa cedo.
Ao combinar práticas contemplativas a um ferramental realista (com direito a diário da fome, plano de metas etc.), o mindful eating ganha adeptos como um caminho inteligente para redescobrir a atenção e o prazer na alimentação.
O livro está à venda nas melhores bancas, livrarias e lojas online do país.